sábado, 30 de abril de 2016

O feminismo ghiraldelliano





Agora, o filósofo Ghiraldelli, cismou de implicar com as feministas radicais e das manias “porcas” que esse tipo de feminismo trata o que elas acham ser a opressão com as mulheres. Eu concordo que esse tipo de feminismo é um feminismo fascista, um feminismo que mais afasta do que atrai as pessoas na causa, com atitudes porcas de pouca garantia de chamar atenção. Mas o filósofo ainda não descobriu o que ele tem como a banalização da filosofia, pois, mais banalização que trata a filosofia, nem o Olavo tem a maestria de fazer. Vamos lá refutar alguns pontos do texto “A dificuldade de serinteligente e ser filósofo”, que já pelo título, nos faz olhar muitas coisas além do que é.

Primeiro: o que é ser inteligente? Para dizer que as pessoas têm uma dificuldade de ser inteligente, se presume que o filósofo tenha isso bem claro dentro do que define como inteligência. Na verdade, inteligente é uma pessoa sagaz e que imprime uma certa sagacidade perante outra, pois, a natureza do ser humano é ser inteligente, mas existe o racional e o não racional, o que tem bastante informação e entende a informação. A dificuldade de ser inteligente é a dificuldade de ser sagaz, ter uma certa dificuldade de assimilar o que Aristóteles (que se presume ele saiba essa máxima aristotélica por ser um professor de filosofia), a uns dois mil e quinhentos anos, disse em sua Metafisica (ta metá ta physiká), que o homem tem por natureza o desejo de saber. Daí nesse ponto podemos dizer se a pessoa tem inteligência (sagacidade), ou apenas, funciona no automático como um “papagaio”. Ora, se temos dificuldade é porque algo nos impeça de sermos o que nos dificulta ser, mas ser inteligente é a natureza humana, ele já existe por ser inteligente, a inteligência nos fez homens por natureza construtores de nossa própria realidade. Só da pessoa trabalhar, só da pessoa saber (lembra de Aristóteles?), onde fica seu trabalho, só da pessoa ter uma família e ter uma certa estabilidade na vida (ter consciência moral de ir atrás dos seus objetivos), já fazem uma pessoa inteligente e sabe muito bem usar essa inteligência. Na minha visão, pelo menos, a inteligência é ser estabilizado na vida, sem ficar com “aventuras” desnecessárias, mas não acho que as outras pessoas que não são inteligentes por isso, e sim, são iludidas por uma liberdade que mais escraviza elas do que liberta elas. Como disse Sartre, somos presos nas nossas próprias escolhas, ou seja, somos condenados a sermos livres.

Nesse ponto nós podemos perguntar: o que é ser filósofo? Se você já tem um certo parâmetro de pessoa “inteligente”, então, você já estabeleceu o seu critério de ser ou não inteligente. Ora, nessa visão ao meu ver, “torta”, podemos estabelecer o parâmetro do que o sujeito tem como inteligente e filósofo. Vamos além de Aristóteles e além dos cartesianos que somos levados a inteligência, os animais têm a inteligência deles, o Pitoko (que é o cachorro do caro filósofo) tem a inteligência dele, como a esposa do filósofo tem a inteligência dela, como eu tenho a minha. Agora, o filósofo além de ser inteligente e ter o conhecimento, ele é amigo da sabedoria porque quer saber além daquele conhecimento. Para o filósofo não interessa só conhecer, o filósofo tem que perguntar o “porquê” daquilo e o “porquê” aquilo existe. A pergunta fica assim: o por que há dificuldade de ser inteligente? Por que as outras pessoas têm dificuldades e eu não tenho em ser inteligente? O fenômeno de já se incomodar que as outras pessoas não têm o seu critério de avaliação de inteligência, já mostra que não entendeu a filosofia e seu proposito essencial. Como ele não pode dar zero para o que ele acha que é a classe dele (o Facebook), fica escrevendo bobagem inúmeras dentro do seu próprio critério.

Assim o filósofo escreveu na primeira linha: “A dificuldade de ser inteligente é semelhante à dificuldade de ser filósofo. “. Então, espera aí, a dificuldade é ser inteligente, logo, também a ser filósofo que é uma outra parte da inteligência. Mas aí no centro da frase está o “semelhante” como o critério de ser inteligente e também em ser filósofo, que também não faz sentido. Por que? Para começar, como demonstrei, cada ser tem um parâmetro da própria natureza em ser ou não inteligente e alcançar a amizade da sabedoria (phylosophós) e assim, generalizar esse critério é, como ele mesmo diz, burrice. Num modo bem simples, ser burro não é ser desprovido de inteligência, mas empacar em uma ideia solida e como sigo a cartilha nietzschiana, não há verdades absolutas e nem fatos eternos. Mas refutar não é burrice e sim, sinal de maior sagacidade dentro do escopo filosófico. Dentro disso tudo, o filósofo Ghraldelli, tomou para si mesmo um critério de inteligência de concordar ou não com ele, se você concordar é inteligente, se não concordar, não é inteligente. A pergunta deveria ser: por que há semelhança em ser inteligente e ser filósofo? Então podemos dizer que Aristóteles estava errado e nem todos os homens são inteligentes? Ora, impérios se ergueram e caíram, invenções foram criadas, maravilhas foram descobertas e as pessoas hoje, usam redes sociais para se expressarem e o homem tem dificuldade em ser inteligente? Me parece contraditório, pelo menos, num primeiro momento. Sigamos.

Na sequência escreve o filósofo:  “Ser filósofo é compartilhar de uma tradição narrativa que busca fugir da história e do particular, mas ao mesmo tempo, quase que paradoxalmente, investigar caso a caso. Isso gera uma tensão. Ser inteligente é compreender a tensão e saber lidar com ela sem sufocá-la.”.

Ora, se o filósofo foge da história e do particular, como sendo algo o que acredita ser a sua dúvida, então, Tales fugiu do histórico mitológico grego de uma narrativa histórica e do seu particular para perguntar da onde tudo surgiu ou foi uma visão histórica explicativa mitológica junto com sua agonia de perguntar o “porquê”? O ponto dentro da filosofia é o “o que é isto” e não “o que é este” e o caro filósofo, sendo um professor universitário, deveria saber. Porque o “que é isto” demostrara uma universalidade da dúvida sendo que a dúvida é a essência da universalidade do critério, tem nada de caso a caso, mas tem de universalizar o “porquê” aquilo existe ou aquela situação acontece. Aí chegamos num outro ponto, nós geramos tensão (encontro de opostos), quando essa tensão possa existir entre esses opostos. Você dizer “sim” ou “não”, vai depender do que o filósofo tem como opinião, dai, gera refutação da tese do que o outro escreve ou diz e tem nada de tensão, você não está dizendo sim e ao mesmo tempo, não. Você diz que o filósofo está equivocado e o inteligente, sabe, que dentro de seus critérios de valores, existe aquilo que concorda e descorda. Por outro lado, se o filósofo sabe que existe essa tensão, por que bloqueia e apaga comentário que não são de concordância dentro das suas ideias? Por que não gosta de um debate franco e direto? Então, essa tensão, como ele mesmo disse, é sufocada.

Daí ele segue nas bobagens: “Como filósofo posso por no horizonte os parâmetros da melhor cidade. Como filósofo inteligente tenho, no entanto, de abandonar por um instante o modelo geral e saber, sem preconceito, analisar caso a caso. Ceder ao detalhe, viver a história – eis meu mandamento paradoxal. ”.

Primeiro: errou em não colocar o acento circunflexo do “pôr”, pois, nesse caso esse “pôr” é uma ação de colocar e quando é assim, tem acento circunflexo. Agora, o que tem a ver de colocar ou não parâmetro de melhor cidade e quê cidade se refere? Daí ele escreve que como filósofo inteligente (que na minha visão, ele já está dizendo que existem filósofos não muito inteligentes), tem de abandonar por um instante a visão do modelo geral e sem preconceito, analisar a situação caso a caso. Para começar não existe filósofo inteligente ou não, existe filósofo que tem uma visão e outro que tem uma outra visão, coisa que o filósofo Ghiradelli erra e feio, graças ao seu critério em ser ou não inteligente. Depois, a partir quando você vai analisar o feminismo, por exemplo, você analisa a partir de um modo geral o feminismo como tal. Quando essa analise chega no radical e o ponderado, aí não é caso a caso, é uma visão de dois pontos que se convergem, mas não sai do feminismo, sai da proposta geral do feminismo em si mesmo. Se a feminista defeca na Avenida Paulista ou coloca o crucifixo no “lóló” na frente da igreja é uma outra visão de feminismo, mas não deixa de vir de um modo geral do feminismo, que já disse no começo do texto, não concordo, mas é feminismo. Ainda escreve (vou colocar a frase para não restar duvida): “Ceder ao detalhe, viver a história – eis meu mandamento paradoxal. ”. Ceder é deixar os detalhes de lado e viver a história ao ponto de participar da própria história. Ora, se no outro parágrafo ele disse que um filósofo tem que “fugir da história”, como ele pode viver a história? É contraditório isso, pois, ou você foge de alguma coisa ou se vive essa mesma coisa.

Aí o filósofo segue: “O feminismo atual elege um determinado tipo de mulher, e a partir daí tudo que esse tipo faz é o que a feminista diz que é correto. A filosofia e a inteligência mandam fazer diferente. ”

Ué, o filósofo Ghiraldelli, não nos disse que devemos fugir da banalidade do que é banal e analisar além da história? Primeiro, não existe feminismo atual, o que existe é o feminismo radical e o verdadeiro feminismo que luta contra a violência da mulher, luta contra a desigualdade e a submissão até sexual das mulheres, isso é fascismo feminista. Eu diria que esse tipo de feminismo é o extremo-feminismo que joga no lixo toda a luta da mulher para tomar seu espaço, mas não existe um feminismo atual. E mais uma vez, o filósofo tenta impor o que é ser filósofo e o que é ser inteligente que só cabe dentro do critério do próprio Ghiraldelli. Prova disso é uma frase antes desse parágrafo: “Dou um exemplo a partir do pensamento torto do feminismo atual. ”. Sigamos.

Ele escreve ainda mais: “Posso analisar a gestão da Erundina na cidade de São Paulo e ver que, entre tantas coisas boas feitas naquele período, uma delas foi a gestão da Cultura pela Marilena Chauí e a gestão de Educação feira pelo Mário Sérgio Cortela. Posso analisar o trabalho da Erundina na Câmara e achar excelente, mas tenho, ao mesmo tempo, que vê-la tão equivocada quanto Marilena Chauí no dito de que o Impeachment de Dilma é golpe. Nessa hora, prefiro mil vezes outra mulher: Janaína Paschoal. ”

É risível um sujeito que se diz filósofo e se diz inteligente achar que está fazendo uma baita analise. O fato da Erundina ser contra ou não do impeachment, não invalida a sua conduta e não esconde da sua “cagada” que foi a sua gestão. Tinha tudo para implantar as vans para deficientes, não implantou ônibus adaptado, não implantou calçadas acessibilidade, não implantou uma política de escola acessível e se dizia aberta e lutando pelas melhorias. Se é para pegar caso a caso, pegamos caso a caso e não só uma parcela da gestão como a educação e cultura. Ora, para começar a analise eu sou bastante categórico com posturas daquilo que se escolhe ser, na minha humilde opinião, se um sujeito entra na universidade deve deixar fora todo senso comum que aprendeu antes. A Dra Janaina Paschoal, como uma professora e como uma jurista, tem um discurso muito senso comum e lhe falta estudar para realmente ter uma visão de comunismo, uma visão de Foro de São Paulo, pois, ler Olavo de Carvalho só não vale. Mas, por ela ter feito documento que abriu o processo contra uma presidente (presidenta não existe), aí sim, podemos ver que é uma grande jurista e merece credito. Ainda assim o filósofo Ghiraldelli erra, pois, essa discussão não tem nada a ver com feminismo, mas talvez, ética e moral. Quando a discussão parte para o sexismo, já é outra coisa.

Sigamos: “Que se atente para isso: Hannah Arendt é talvez a principal filósofo do século XX em termos de filosofia social e política e nunca escreveu nada sobre feminismo e gênero. ”

Primeiro: a Hannah Arendt não é filósofo, mas filosofa, porque tem que concordar com o gênero correspondido. Senão, segundo a nova resolução da quebra da “ditadura do gênero”, vamos começar a ser chamados de “filosofx” (lembrando que tenho diploma de filosofia, viu?). O fato dela ser uma pessoa acima dessas lutas de gênero, não faz dela não parecer preocupada com as minorias que são alienadas. Talvez, não sei, o filósofo Ghiraldelli (o inteligente) não conheça esse texto dela que mostra ela num modo majestoso, como somos escravos de si mesmo: “A suposição de que a identidade de uma pessoa transcende, em grandeza e importância, tudo o que ela possa fazer ou produzir é um elemento indispensável da dignidade humana. (...) Só os vulgares consentirão em atribuir a sua dignidade ao que fizeram; em virtude dessa condescendência serão «escravos e prisioneiros» das suas próprias faculdades e descobrirão, caso lhes reste algo mais que mera vaidade estulta, que ser escravo e prisioneiro de si mesmo é tão ou mais amargo e humilhante que ser escravo de outrem. ” (Hannah Arendt, in 'A Condição Humana). Se o filósofo e inteligente, ler a minha refutação, ele presta bastante atenção nisso.

Nos últimos parágrafos responderei em colchetes dentro dos próprios para refutar linha por linha.

“Posso, assim, analisar caso a caso a partir de dados concretos, que pesquisei, que vi de perto, que chequei não por informação da imprensa somente. ” [Segundo sua visão, um filósofo tem que fazer milhares de pesquisas. Ora, o filósofo deve ter um raciocínio mais do que rápido, pois olhou ela já tem texto novo] “Sou filósofo, tenho de ser inteligente, tenho de pagar o preço da análise e escapar do preconceito. ” [ Só que o filósofo tem um baita preconceito quando vai contra o que acha ser uma verdade absoluta] “Ao mesmo tempo, indo ao caso a caso, ainda assim posso manter no horizonte um modelo que busca escapar da história. Sei, no entanto, que também esse modelo irá mudar. ” [ Até agora não vi o filósofo analisar caso a caso, acho eu que o caso a caso dele só ele está vendo ] “O caso a caso o fará mudar. A história corromperá a filosofia para o seu bem. ” [ Filosofia nunca analisou nada caso a caso, pois, a única que tentou foi a cartesiana e olha que escorregou na natureza do próprio homem de ser um ser que pensa e um ser que sente].

“É difícil ensinar isso ao estudante dogmático, que busca se fixar em um ponto e seguir a manada, sem sua própria investigação, sem policiamento de seus preconceitos. ” [Essa frase prova que trata o Facebook como uma sala de aula, e vamos ser diretos, aluno assim não pesquisa nada e sim se enrosca dentro de alguma ideologia, ponto, o resto é papo furado] “Há pessoas que tendem à burrice naturalmente. ” [Inclusive, aquelas que bloqueiam e apagam comentários e não querem debater, pois, isso é a maior burrice] “Não são capazes de analisar a mulher Erundina e a mulher Janaína segundo atos, discursos e afetos, julgam-nas antes. ” [Desculpe, mas essa linha é risível, porque o filósofo não conseguiu nem analisar o caso da Milena Teixeira e a Marcela Temer e vem dizer que as pessoas não sabem analisar a Erundina e a Janaina] “E por mais que você ajude na análise do caso a caso, sempre haverá o estudante tendente à burrice que irá optar por um modelo fechado, um tipo. ”[ ué, o Ghiraldelli não disse que tem que ser filósofo e inteligente para analisar a questão? Pelo que eu sei, isso é um modelo fechado] “A burrice é uma cicatriz, ela fixa um só caminho de pensamento com a cicatriz fixa um gesto. ” [Não é a burrice que é igual uma cicatriz, mas o pensamento que sempre temos razão e somos o “suprassumo” do pensamento do nosso povo. ]

Depois disso ainda, quer achar que sabe filosofia?

Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo. 

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Como ser um idiota no Facebook









Primeiro lugar, para entender alguma coisa temos que saber o que os termos significam e de onde ele se originou.  Etimologicamente o termo idiota veio do termo grego clássico idios que quer dizer “pessoal, privado”, idiotes que era “individuo privado” que era uma pessoa que tinha uma vida comum, pois, enquanto o cidadão (politikon) se ocupava da vida pública, o indivíduo comum (idiotes), que eram pessoas que chamamos hoje de “ignorantes”, que eram, a maioria. Talvez, nesse sentido que Lenin (o líder da revolução russa), disse que existem idiotas uteis, porque existem sempre pessoas que tem um nível mental muito baixo que não pode distinguir o que querem que ela faça. Mas não é uma deficiência mental, mas uma deficiência educacional do nosso povo achar que não se precisa estudar para ser algo, mas o estudo não é para ser algo na vida, e sim, alguém que tenha opinião e não seja um “idiota útil” nas mãos dos querem deter o poder. Quanto mais ignorante você for, mais a favor do ESTADO você será e sempre vai achar que a sociedade é uma necessidade, pois, já se sabe que muitos que ali estão, estão por vender essa imagem de um poder “sacro santo” que a religião reforça essa imagem.

Ora, o que podemos ver no Facebook é os idiotas uteis atacando coisas completamente, sem motivo de serem atacados. Como na cuspida do ator que não poderia acontecer, mas que o outro provocou. A cuspida do deputado, mas o outro provocou e seu filho também cuspiu. Poderíamos perguntar: quem é o outro para determinar o que o outro é? Quem é o outro para julgar o outro pelo o que ele acredita e sente? Quem somos nós para determinar o outro os valores no qual acreditar? A visão de um idiota é sempre uma visão que ele se coloca em um dos lados que sempre, no final da história, o que julgou certo fará nós sempre se arrepender. Por que? Uma das melhores coisas da vida é ter alguma opinião sobre as coisas, mas ter opinião não é o bastante, tem que estudar para colaborar com essa opinião. Todos julgam governos comunistas, mas ninguém estudou ou sabem o que é governo comunista. Todos julgam o outro a ser fascista, mas a grande maioria nem sabem o que é fascismo, nazismo ou socialismo. Porque querem as coisas fáceis, querem que as pessoas digam e ele não terá o trabalho de pesquisar num Google ou ler um livro bom de história. Não adianta apoiar, tem que saber, tem que sempre pesquisar, senão, vai passar vergonha alheia.

Uns dos grandes problemas do nosso país é que somos milhões de papagaios repetindo o que as outras pessoas disseram, ninguém em sua maioria, gosta de pesquisar a fundo. Ser idiota também é uma questão de se fechar dentro de uma só ideologia, numa só religião e nem sempre, vamos olhar a religião num modo mais essencial ou até mesmo, a ideologia. Não há motivo nenhum em acreditar que um sujeito que é a favor do regime militar é um liberal, porque se confunde liberalismo com conservadorismo, mas o sujeito é casado pela terceira vez, então, nem conservador é. Essas coisas só podem ser analisadas graças a noção histórica que verificamos com livros de história, neutros, que podem mostrar uma imagem daquilo que realmente foi. Ideologias políticas não podem ser confundidas com idealismo político, pois, aquilo que se faz na pratica não é o que se coloca em um projeto. Por exemplo, a filosofia de Marx é um exemplo clássico, porque mesmo que os seus apoiadores dizerem que nunca foi realmente, posta em pratica, sua base foi colocada no regime soviético da URSS e na Alemanha nazista, que era, para se ter igualdade teria que se matar 1% da população. O liberalismo de Locke foi apropriado pelos burgueses e sofreu uma grande mutação, onde não importava a liberdade do homem ser o que é, mas a liberdade do homem em ter a liberdade para ter o que quiser e perder a essência em ser o que se é. A liberdade é uma utopia enquanto pensamento político, pois a democracia nos remete a aceitar o que a maioria decide, a ditadura acaba sendo pior, pois, se aceita uma decisão de um só. A pergunta deveria ser: eu sou livre sendo um idiota ou um cidadão? Um idiota é sempre um ser medíocre, um cidadão é um ser que enxerga sempre o que a maioria precisa, então, se falarmos em igualdade estamos falando em liberdade, mas não é a liberdade de fazer o que quiser, pois o “quiser” pode conter elementos de um mundo que acredita que uma Ferrari é mais importante do que um beijo de uma pessoa amada.

Se irmos muito mais a fundo e na essência da questão, o cristianismo não deveria ser considerado conservador, pois, Jesus rompeu e questionou muitas coisas dentro do judaísmo e por isso, foi crucificado. A questão vai além disso: por que temos livros do judaísmo dentro do livro sagrado do cristianismo? Por que temos que adorar dois deuses se um é um deus intolerante e o outro passivo? O intolerante permite Moises matar trezentos hebreus – naquele tempo não se chamavam judeus – por causa do bezerro de ouro, já desobedecendo o primeiro mandamento, não matarás. Por outro lado, o passivo deixa Jesus ser crucificado e humilhado diante ao poderio do templo, dentro do poderio do império romano, pois, ali naquele momento, era a Glorificação dele diante de mortes inúmeras dentro do evangelho. Prefiro acreditar que o Eterno não interfere dentro das leis universais, porque como uma inteligência que constrói algo, não respeita as leis que fazem esse algo funcionarem? Se tudo se conservasse como está não haveria mudanças necessárias para a evolução, não haveríamos de ter saído das cavernas, ainda num modo ético, estaríamos matando crianças com deficiência, mataríamos os mais velhos por causa das doenças que atrapalhariam a família, faríamos sacrifícios a Deus ou aos deuses. O conservadorismo não se sustenta na ideologia política, não se sustenta na física, não se sustenta em qualquer área que você colocar, muito menos, no cristianismo. Não era Jesus que gostava de festas e numa delas, transformou agua em vinho? Não era Jesus que era cercado por mulheres e nomeou Maria de Magdala, como sua discípula? Não foi Jesus que disse que não éramos para não se preocupar com o dia do amanhã, porque o dia de amanhã responderá por ele mesmo? Isso não era uma postura de mudança de comportamento ou não? Dar a Cesar o que é de Cesar, a Deus o que é de Deus, não é um convite ao desapego? Dizer que o cristianismo é conservador é uma ofensa até mesmo a imagem de Jesus que nos ensinou tantas coisas para mudarmos, mas ainda em essência, dependemos de patifes para nos guiar até Deus.

Se não se sabe o que acredita, não sabe o que segue, e muito menos, o que sente, como se pode se julgar o que o outro pode ser? Cada ser humano, pelo menos na resolução dos direitos humanos universal, tem o direito de ser o que é e não ser julgado por isso. Mas também quando partimos para a agressão sempre o outro está certo, porque o nosso povo esquece que o outro provocou, o outro xingou, o outro agrediu de forma gratuita e sem a menor educação. Para nosso povo o outro que agrediu primeiro é sempre a vítima porque sempre há um motivo ideológico para isso, ou motivos religiosos, motivos de cunho pessoal ou exclusivista, não no coletivo. Seria bom olharmos ao todo, mas infelizmente, é ainda uma utopia e cada vez, sejamos mais idiotas.


Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Vamos conversar sobre o século XXI




Uma vez me perguntaram o que eu sei do amor e o meu silêncio reinou, mas mesmo assim, não me tirou a vontade de uma resposta a essa questão. Duas coisas me deram vontade de escrever esse texto, amo e liberdade. Amor tem a ver com o que sentimos no outro ser, tem em vários tamanhos e a grosso modo, tem maneiras muito distintas de amor. Que me desculpem os defensores de animais, mas não amo na mesma intensidade os meus peixinhos e as minhas plantinhas aos meus sobrinhos. Nem mesmo, do mesmo modo pessoas próximas as pessoas mais longes (mãe nós amamos por todo sempre, mesmo após a morte), porque o ser humano tem a capacidade de ter o afeto e esse afeto tem a ver com o que simpatizamos ou não as pessoas. O amor é uma coisa que fica, mas se não vier com uma certa moral, o amor se torna algo muito escravagista. Mas o afeto e o gostar um do outro, fazem do sentimento um sentimento de atrai quem amamos, quem sentimos gosto e ter gosto é o gostoso de estar. Aí chegamos aonde quero chegar: será que o amor liberta ou prende o ser humano?

A liberdade é um estado, o ser humano tem que se sentir um ser liberto que fez a sua escolha, ou seja, a liberdade também é uma escolha. Como disse Sartre – que aliás, é uma citação muito famosa e conhecida – somos presos por aquilo que escolhemos, portanto, somos condenados a sermos livres. Como assim somos condenados a sermos livres? As escolhas que fazemos são atos dentro do que temos de moral (nem vem com essa de “carne fraca”), porque são valores que damos a esse ato que nada mais é, do que a consciência construindo um caminho naquilo que é gostoso, naquilo que nos causa prazer. O amor nada tem a ver com a moral, porque o amor é quente, o amor queima, nos faz fazer coisas inconsequentes, já a moral nos dará a consciência de sempre respeitar o afeto do outro. Nessa linha eu diria que o amor tem um certo meio de encontrar a liberdade, pois a liberdade não é fazer tudo que queremos dentro da vontade, mas a consciência do entendimento daquilo que se tem vontade e suas consequências, no ponto de perder ou não alguém ou alguma coisa. Descobrimos que não é um meio de informação que vai melhorar nossa vida, não é uma imagem que vai fazer nós nos sentimos importantes, não vai ser mil pessoas que vai nos trazer a sensação de sermos amados, não é uma mulher bela, recata e do lar que vai fazer se sentir um homem importante. Pessoalmente, não gostaria de ter uma “Sandy” a tira colo no meu lado dizendo que meu filho “fez coco nas fraldas”, ou que ponha aquele sorrisinho que fazemos sempre que assistíamos os filmes da Lessie (que achava uma chatice). O problema do artigo da Veja sobre a senhora Temer não a questão de ela ser mais nova ou que ela seja recada ou do lar, mas toda a estética do artigo que parecia, r-e-a-l-m-e-n-t-e, feito nos anos cinquenta da mulher modelo para ser uma primeira dama.

Chegamos aonde quero chegar porque isso tem a ver com a moral, pois nossa educação não existe moral, existe moralismo. Moralismo é um termo religioso que designa uma moral universal, uma verdade absoluta dentro de uma ideia de uma realidade absoluta. Embora o moralismo vem de moral, moral não pode ser confundida com moralismo, pois moralismo é uma restrição da individualidade do ser humano em ser com uma personalidade própria. Já a moral é o modo que é o costume referido, como esses costumes podem fazer diferença dentro dos nossos valores. Na verdade, a moral é um conjunto de regras dentro de uma certa educação e dentro das regras dessa educação, pois etimologicamente, a moral vem do latim “mos” ou do plural “mores”, que quer dizer “relativo aos costumes”. Costumes esses aprendido dentro das regras dessa mesma educação, das regras de um bom convívio social, e a essência de “mos” que é a ética que veio do grego clássico, “ethos” e o adjetivo “ethika” que quer dizer “modo de ser” ou “caráter”. Então podemos dizer que o ser humano dentro da sociedade é moral, pois dentro de uma sociedade existe o costume, aquilo que em essência devemos assegurar para sermos pessoas felizes e contentes. Mas podemos dizer que dentro do que a Veja mostrou da senhora Temer fez de as mulheres não ficarem felizes e contentes, deixando claro que existiram esse descontentamento entre mulheres da direita e esquerda, então, podemos constatar que essa atitude não foi moral, mas uma atitude moralista. Porque tentaram jogar uma realidade absoluta, que a mulher tem que ser bela, recatada e do lar para ser igual a senhora Temer. Mas a pergunta fica assim: será que realmente é uma realidade de fato? Será que essa imagem conservadora é uma imagem verdadeira? A grosso modo, seria como vender um limão dizendo que todos os limões não são iguais aquele limão, mas que aquele limão não tem nada de especial e é igual qualquer limão. Ora, o moralismo tem essa natureza, jogar uma verdade absoluta naquilo que existe cada um uma essência e seus próprio valores.

O problema não são as feministas (como disse certos professores de filosofia), que aliás, não são feministas e sim, um bando de mulheres mimadas que acham que vão mudar o mundo colocando crucifixo na bunda. Mas o verdadeiro movimento feminista que quer realmente a igualdade das mulheres, a legitimidade de a mulher poder escolher ser e fazer o que tem vontade. Não foram elas que chiaram, foram os novos tempos que não cabe mais fazer uma mulher ser o que ela não é, ser o que está no manual de como ser mulher, como ser mãe, como ser do lar, ser casada e ser recatada, ser bela, mas acima de tudo, ser uma humana que tem todo o direito de ser ela mesmo.


Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O Direito da Expressão





Como eu sou um cara liberal, mais precisamente anarco-libertário, defendo o direito de expressão das pessoas e isso é primordial mesmo numa democracia. Se defendo a liberdade, não tem o porquê não defender a liberdade de todos expressarem o que quiserem e dar para nós, como ponto de opinião, uma visão dos valores que eles defendem. Se um camarada defende Che Guevara, Fidel Castro, até mesmo Stalin, outro não pode exaltar Brilhante Ustra? Quem leu a obra de Rothbard, Esquerda e Direita, sabe que a ala conservadora se apropriou do liberalismo, mas o liberalismo nunca foi conservador. Não sei se repararam, o ser humano tem um medo muito irracional diante do que é mudança, dos direitos que cada um tem, junto com os deveres que cada um constrói dentro de uma sociedade. Mas há mudanças inevitáveis, há mudanças que acontecem quando se clareiam as ideias e pensamentos. Se não fosse assim, o ser humano não sairia das cavernas, as religiões não passariam para pensamentos filosóficos e junto desses pensamentos filosóficos, se construíssem a ciência. As pessoas como eu eram mortas, a América não seria descoberta, as tecnologias não se avançariam e o universo não aconteceria e toda a descoberta é fruto de uma mudança e a liberdade para acontecer.

Acontece que o ser humano ao mesmo tempo ele anseia por uma mudança, o ser humano sempre temera o passado que lhe fez sofrer e esse sofrimento, volte. Sempre aparecerá os extremos (seja a direita ou a esquerda) para alertar sobre medos que não são dessa época, mas poderão voltar graças aparecimento de focos (segundo suas visões). Ora, se devemos ser tolerantes com os ditadores que fizeram a revoluções ditaduras sangrentas, devemos ser tolerantes com pessoas que defendem torturadores como heróis, por que não? Qual a diferença, por exemplo, de um Brilhante Ustra com um Che Guevara? Qual a diferença de um Adolf Hitler e um Joseph Stalin? Todos estavam na condição de poder, todos estavam na condição do mais forte, todos eram os subjugados querendo subjugar em certezas que não são verdadeiras. Mas mesmo assim, defender ideias, não é implantar ideias que não sejam para melhorar e evoluir a sociedade como um todo, já vimos isso antes. O Bolsonaro só é mais um entre muitos, que são extremistas, que são a favor não da conversa, mas uns mandam e os outros obedecem. Devo confessar que por um longo período eu pensei assim, mas percebi que assim eu não conquistaria nada, não conquistaria nem mesmo, o conhecimento necessário para o conhecimento.

Por outro lado, tem outro extremismo que exaltam a esquerda sangrenta, a esquerda que quer destruir o ser humano que não concorda com ela. O extremismo que Stalin matou milhões de fome porque simplesmente, queria diminuir a população da URSS, então, o Brilhante Ustra acaba sendo um moleque que fez traquinagem perto de um Stalin, um Hitler, um Mussolini, um Fidel Castro que Che Guevara matava os opositores ao céu aberto com a seguinte pergunta: “você é contra ou a favor? ”, com uma arma na mão. Isso não é uma tortura? Veja, não se pode matar nenhum ser humano em hipótese nenhuma, mas é legitimo manifestar sua opinião e como os libertários dizem (quem realmente, leu obras libertarias), opinião não fere o PNA (Pacto de Não Agressão). A grosso modo ficaria assim, você me chamar de “aleijado” não me fere (nem moralmente, pode acreditar), mas se você me der um tapa isso sim me fere e me dá o direito de defesa. O Bolsonaro dizer que o coronel Brilhante Ustra, mesmo eu sendo contra o militarismo, de ilustre não feriu ninguém e quem se sentiu ferido deveria rever, porque o Bolsonaro é filho militar, foi educado dentro do militarismo, não leu coisas políticas, não sabe ser político, então, se enforca sozinho. Tem como guru o Olavo de Carvalho que mora nos EUA e não está aqui, se designa filósofo, mas ainda acredita que a Terra é chata, que não existe petróleo e ainda, que todo cara de esquerda é comunista. Pior ainda, acha que existe ainda nações comunistas. Vocês ainda levam a sério o Bolsonaro? Tem apoio de pastores que não sabem nem escrever, não sabem nem versículo, não sabe nem dar opinião política sem escorregar. Mesmo assim, num ESTADO democrático de direito, ele tem todo o direito de expressar e se for contra lei, pagar pela lei que infligiu, mas que é legitimo dizer o que quiser.

Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo. 

domingo, 17 de abril de 2016

Somos normais ou não?








Uma amiga postou indignada dizendo que a mãe dela tinha postado uma reportagem que fazia jus a pergunta clássica dentro até, do nosso segmento de pessoas com deficiência que é: “Namorar pessoas com deficiência é normal? “, que uma ONG vai e pega e faz uma campanha mequetrefe com casais mostrando que se casaram mesmo um dos tenha deficiência (não, não há erro, é “um dos” mesmo). Ora, eu estive hoje de manhã pensando o que iria escrever e estava lendo Aristóteles, mais precisamente, Metafisica, e me ocorreu uma questão pertinente nisso tudo. Diante da pergunta você poderia fazer uma outra pergunta: “Um cavalo pode copula com uma égua? ”. Você pode responder: “Sim, pode porque a égua é a fêmea do cavalo”, pois bem, se a égua é a fêmea do cavalo e pode copular com o cavalo porque são da mesma espécie (só a título de exemplo, porque implica com muito mais coisa), por que cargas d´agua, uma pessoa não pode namorar uma pessoa com deficiência que é uma pessoa também? Pessoa é um indivíduo da raça humana que faz parte da espécie hominídeos que é, segundo pesquisas, um tronco evolutivo dos símios que se originaram os primatas. Então, conclusões biológicas a parte, se somos pessoas que temos as mesmas características de um hominídeo e só temos uma limitação física e em alguns casos, sensorial, somos humanos e como humanos podemos nos relacionar com humanos, não temos filhos de outra espécie (mesmo alguns tratarem cachorro e gato como filho), não temos genes diferentes do demais (mesmo as síndromes, não fazem desses outro ser com genes diferente).

Continuando no exemplo biológico, como fizeram com animais nas pesquisas sobre homossexualidade, experimenta colocar um cachorrinho em uma cadeira de rodas (projetada para cachorrinho), e uma fêmea no cio para ver o que acontece. Mesmo que não há um ato sexual, mesmo que não há meios da copula, o instinto estará lá e como um instinto é modo de ser, ele é com ou não deficiência. O humano ainda tem um atributo a mais que é a consciência, sabe que as pessoas são iguais, as pessoas são únicas, que as pessoas são na essência da mesma espécie e semelhança. Uma pessoa com deficiência não pode ser vista diferente, mesmo que dizem que é um instinto de preservação, mas como disse, temos a consciência e construirmos meios para adaptação, do melhoramento da vida de pessoas com limitação e essa limitação, hoje, não pode ser vista como algo que limita sua vida. Quando se faz a pergunta: “namorar uma pessoa com deficiência é normal? “, é uma coisa estranha, porque esse “normal” acaba sendo uma aberração dentro de um contexto que até podemos fazer a pergunta: “o que é normal? “. Tudo que é “normal” tem, por natureza, ser uma norma, uma atitude regular dentro um contexto e nem sempre esse contexto deveria ter normalidades, pois estamos nos deparando com sentimentos, com emoções, com o gosto de estar ao lado de alguém.
 
Esse discurso de normalidade vem sendo mostrado e denunciado dentro da linha filosófica de Foucault que não via, dentro da normalidade, algo até normal. Não ser normal uma pessoa ter um afeto por outra só por causa de uma cadeira de rodas ou outro aparelho? Como assim que isso não faz uma normalidade? Ser normal é namorar pessoas que estão contra lei, mas não é normal namorar uma pessoa com deficiência? Tem certos debates dentro do segmento de PCDs que devemos repensar, porque vamos patinar, vamos usar termos errados, vamos fazer julgamentos desnecessários e não vamos chegar em lugar nenhum. Qual a diferença entre pessoa com deficiência e deficiente? Qual a diferença de um aluno com uma cadeira de rodas ou de muletas? Por que ter interprete de libras se podemos desenvolver técnicas para as pessoas surdas escreverem e se comunicarem assim? Por que não se debate se a lei de cotas abrange mais ou menos usuários de cadeira de rodas? Porque eu já li em revistas especializadas que uma pessoa surda disse que há muita oferta para usuários de cadeira de rodas, que não é verdade, pois há muito mais oferta para pessoas que andam, do que pessoas que usam cadeira de rodas. Mas não, querem esse debate raso e pobre de namoro, de erotização da inclusão, das praias acessíveis, dos parques acessíveis sendo que, não temos como chegar, não temos como pagar, não temos como ter uma saúde verdadeira nem para fazer um erotismo com o companheiro. Para começar não temos direito nem, só para dar uma apimentada, ver nossa história de luta, porque o governo não quer abrir o Museu da Inclusão de final de semana. Como então, eu tenho o direito de ter vida, se a vida que a maioria tem é essa? Faz igual os Espartanos e tudo fica tranquilo.
 
Para bom entendedor, meia palavra basta!


Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo. 

sábado, 16 de abril de 2016

P.S: Amauri Cadeirante, só que não!








Aristóteles – que viveu trezentos anos antes de Cristo – dizia que cada ser tinha uma essência que ele chamou de substancia e essa substancia, dependia de um fato decisivo dentro de cada ser humano. Ora, se o homem é branco, não era a essência do homem ser branco e sim, um acidente, ou seja, a essência do homem é ser virtuoso, mas a essência do homem não é ser branco. Hoje, com todo o avanço da ciência (episteme) e todo aparato filosófico que se produziu diante do tema, nos fez enxergar que o ser é o ser enquanto estiver na sua individualidade enquanto único no universo. Isso é uma questão de linguagem e psicologia que nos diz que somos indivíduos que somos únicos, mas isso não quer dizer que não temos uma natureza sócio coletiva humana.

Quando tomamos uma decisão coletiva não é uma decisão que acabara com nossa individualidade e sim, preservar o que somos para fortalecimento de uma moral mais solida. A natureza de um cavalo, por exemplo, não é ser branco e sim, ser forte, trotar bem, mas não ser branco que é uma característica adjetiva de dar uma qualidade. Ser branco nesse caso não é uma natureza essencial do cavalo, mas um acidente (uma característica herdada entre milhões possíveis), que levou o cavalo ter a cor branca como poderia ser marrom de repente. De repente, até poderíamos dizer “o cavalo branco de Napoleão” seja uma figura singular, mas é singular graças ao Napoleão e não ao seu cavalo que se chamava Bucéfalo (em homenagem a Alexandre, o grande), que dará a característica única, de ser Bucéfalo e não outro cavalo. Eu ser Amauri Nolasco Sanches Junior é uma característica minha e fará com que as pessoas saibam quem eu sou e que características aparento, pois só o nome me faz um ser humano único e que se chama Amauri Nolasco Sanches Junior e não outro “Amauri”. O Nolasco Sanches Junior, fara ter uma característica além do que mero codinome, pois o codinome dará uma identidade coletiva e não única. O que vimos dentro do segmento é algo preocupante, quando o indivíduo deixa de ser individuo por causa da “modinha” de caracterizar um sobrenome, para colocar um adjetivo e aí que o bicho pega, pois, nossa sociedade está começando a colocar adjetivos dentro de substantivos e isso é perigoso. Seria o mesmo que eu colocar no meu perfil do Facebook “Amauri deficiente” ou “Amauri Cadeirante” caracterizando uma mistura naquilo que era única e característica em meu nome. O que é a caracterização do ser que largou de ser para caracterizar um coletivo que as vezes, muitas vezes, não é como indivíduo que pensa, que tem sua essência.

A grosso modo, deixamos de ser um ente que pensa, sente, gosta de tal música, gosta da Mariazinha e tem sua opinião, para pertencer ao senso comum que draga o ser individual para ser um ser comum. O nosso nome é um substantivo próprio, singular e como sendo próprio, se tiramos ele e pusermos um adjetivo, vamos ser apenas algo comum que todo mundo é como uma “massa”. O termo “cadeirante” (inventado para simplificar o usuário de cadeira de rodas), é um termo ainda pior, é um termo demonstrativo e que é errado, porque acaba sendo um termo coloca uma condição em uma pessoa que não é usuária de cadeira de rodas, ela estar usando uma cadeira de rodas. A natureza do indivíduo não e ser “cadeirante”, mas ele estará usando uma cadeira de rodas que é preciso para locomover. O carro não está no motorista, o trator não está no operador, um computador não estará num programador, uma cadeira não é uma pessoa que usa. Eu não sou o texto, pois o texto se deu corpo graças as minhas ideias e assim vai o pensamento. Se disserem “Fulano Cadeirante”, “Mariazinha Ceguinha”, “Juquinha Bengala”, estamos acabando com nossa identidade e assumindo uma identidade muito mais universal que muito de repente, não cabe muito no contexto da base dessa discussão.

Parece que deram uma identidade dentro da deficiência que eu fico abismado, como pessoas ficam dizendo assim: “Me adiciona que eu sou deficiente”. Ora, primeiro que enchem tanto o meu saco por causa dessa terminologia que esquecem de usa-la, porque se não posso escrever “deficiente” e sim “pessoa com deficiência”, muito menos tenho que colocar “Amauri cadeirante”. Mais do que isso, nós devemos adicionar o cara só porque ele é uma pessoa com deficiência, que para mim, pouco me importa e pouco faço destaque. O conhecido “e daí? ”, que deveríamos usar mais e não acreditar nessas balelas sem fim.


Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo 

quinta-feira, 14 de abril de 2016

ANALFABETO FUNCIONAL E O PASTOR











Quando eu digo que o problema do Brasil é a educação, poderíamos ampliar o debate toda a América latina, mas não cabe nesse aqui, estou dizendo uma coisa séria e que deveria ser enxergada muito mais a fundo. Há um print do twitter do pastor Marco Feliciano que circula dentro da internet que ele escreve “6) O auto índice de analfabetos funcionais, o colapso da saúde, o emburrecimento escolar e a idiotização das mídias sociais...”, que já prova o índice que há de analfabeto quando um deputado e pastor escreve “auto” no lugar de “alto”. Em primeiro lugar, não existem “auto índice” porque não é um instante índice de analfabeto e sim, um “alto índice” que quer dizer um caso de elevação do índice de analfabeto dentro do pais. Inclusive, o nobre deputado e pastor, errou em um erro primário de português, onde deveria zelar e procurar mais esse tipo de gramatica dentro do que ele faz e fazia. Aliás, eu sempre achei a Bíblia (não vou entrar no mérito do conteúdo), o livro mais culto e deveria ser lido na escola não como um livro religioso, mas uma boa doze de um português muito bom e culto, que vai dar a base perfeita a uma boa escrita.

Depois o nobre deputado comete outro erro, o “alto” índice de analfabeto funcional poderia ser inserido dentro do emburrecimento escolar, porque ele é ensinado dentro da escola. Não se ensina mais as crianças lerem Machado de Assis, por exemplo, do jeito que se deve ler e sim, rescrever Machado de Assis para o dia de hoje acomodando a criança a não entender aquilo que é a nossa língua portuguesa e fica igual o nosso deputado pastor e milhares de pastores por aí, que não sabem ler a bíblia como se deve ler, interpretar como se deve interpretar e fica essa “lambança” de confundi alhos com bugalhos. Ora, o problema das redes sociais não são as pessoas que serem “analfabetos funcionais” e sim, as pessoas quererem sempre dar opinião daquilo que não estudaram, daquilo que só sabem porque ouviram o outro (o que Kant vai colocar como tutor moral), dizer que é certo e vai te trazer milhões de coisas que na essência, não passam de ilusão.

Por outro lado, é muito estranho o pastor dizer isso porque ele coloca até a função de pastor como prova disso, quando diz aos jovens da igreja dele que tal livro é do “demônio”, que tal programa é do “demônio”, que não se pode ouvir ou ler coisas diferentes. Analfabeto funcional se faz, também, não só por uma escola que não ensina (que ele, como deputado, deveria de zelar por uma educação de qualidade), mas por uma igreja que ao invés de religar as pessoas ao divino (to therion), ficam dizendo e propagando o “demônio”. Depois, analfabeto funcional, é uma colocação muito mais posta por intelectuais que não sabem que eles próprios são analfabeto funcionais. Um analfabeto funcional é aquele que ler e não consegue entender, ou seja, entende dentro do analfabetismo que está inserido. Só numa educação verdadeira, sem ideologização, sem religiosidade e fazer as crianças entenderem o que é realidade – pois eram isso que os romanos faziam quando usavam o termo “educare”, o entendimento da realidade e dos costumes (mos/more), que por sua vez veio do grego “paideia” – construiremos cidadão melhores e mais aptos de discuti a política, de discuti as religiões e escolher melhor sua vida e o caminho que queira seguir. Mas antes disso, se tem que dar melhor alfabetização, melhor ensino em matérias básicas (como matemática e português), das a crianças noções críticas e sociais (filosofia e sociologia), daí construiremos cidadãos que saibam o que estão fazendo, saibam o que estão votando, saibam a religião que estão seguindo e saibam quem são. Por que sabemos quem somos? Sabemos quem seguimos ou quem é quem apoiamos? Não, não sabemos.

Estudar gramática parece uma coisa de escrever e falar direito, mas não é bem assim, pois você ler e entender a parte léxica (os significados das palavras) é o mais importante do que dar o seu significado, porque fica uma coisa vazia, pobre.  Para começar a essência da própria palavra gramática está a essência do ensino, pois gramática vem do grego clássico “gramatikon” que quer dizer alfabetizado, escrever, escrita, e você sabendo os símbolos da escrita e o significado das palavras, fica muito mais fácil entender a realidade e isso já é uma discussão da fenomenologia e uma discussão dos filósofos contemporâneos que colocam que só há um entendimento, quando irmos dentro do significado léxico de cada termo. Mas quando fazemos um exercício de memorização dentro do modo da escrita, sempre estamos fazendo o modo de escrever e decorar e memorizar o formato de cada palavra. Não é à toa, que a professora dos primeiros anos de escola te faz aprender o “u” com associação de “uva”, pois há uma ressonância que faz lembrar o “u” com a “uva”. Como outras associações, porque somos animais que associamos as coisas que estão inseridos a nossa realidade, porque assim, somos o que dissemos. Será mesmo que Wittgenstein está certo, que nossa realidade é cabe na nossa gramática? Por que sabemos que uma maçã é vermelha e que essa fruta, é específica, a maçã?

Um exemplo claro é como se comportamos conosco mesmo, quem somos, porque ouvimos tal música, ou, seguimos tal religião. Eu, por exemplo, gosto muito de metal e das variações do heavy metal – como gosto de outras variações dentro do rock – que são muitas, não há uma só variação dentro do heavy metal. Mas eu li toda a história do heavy metal para entender o porquê surgiu o estilo musical, aprendi um pouco inglês para entender das letras, estudei um pouco as notas musicais para entender as sonoridades das bandas, pois assim, você entende aquele mundo que escolheu para seguir. O mesmo aconteceu na parte religiosa, eu li muita coisa dentro da religião e simpatizo muito com o espiritismo e budismo (verdadeiros), porque estudei a sua história, entendi toda a doutrina dentro das duas que me atraem. Até mesmo a religião que o pastor deputado professa, eu li bastante, porque minha noiva segue essa religião e eu me interessei em saber o que eles pregam, ensinam, e posso garantir, não é nem um terço o que o senhor diz junto com o pastor Malafaia. As pessoas disseram que errava muito na escrita e como escritor e agora, filósofo, isso é inadmissível e tenho que melhorar minha escrita. Comecei a estudar a gramática, comecei a prestar atenção na escrita, comecei a olhar onde está a virgula. É o mínimo que uma pessoa pode fazer, mesmo o porquê, somos escritores, somos pensadores e todos vão nos ler e aprender conosco.

A essência da realidade e de uma moral pura e genuína não é achar que sabe alguma coisa, mas aceitar que não sabe e nessa mesma aceitação que não sabe tudo, nós aprendemos, pois, aprender é reter o conhecimento em algo, entender as coisas. Quando Jesus o Cristo, disse que a verdade nos libertaria, ele quis dizer que a verdadeira realidade se abre quando entendemos ela e entender ela (a realidade), é entender os termos que conhecemos para designar essa realidade que é puro fruto da nossa linguagem. Os vários mitos gregos, romanos, germânicos, nórdicos, celtas e etc, estão ai para provar como a realidade é feita do valor que damos aquele termo. Então, quando o senhor pastor disser sobre os “altos índices de analfabetos funcionais”, deveríamos entender o quanto a sua própria religião os fizeram também e revisar sua gramática.,


Amauri Nolasco Sanches Jr, 40, escritor e filósofo. 


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