Por Amauri Nolasco Sanches
Junior
O mundo moderno ou pós-moderno, ficou muito mais fácil você achar
informação e é muito mais fácil dizer o que se pensa. As coisas ficaram muito
mais fáceis de se conseguir graças à internet e as políticas liberais que tanto
os “esquerdistas” reclamam de desumanizar o ser humano, sendo que se não fosse
essa liberdade e essa facilidade da informação, ele não saberia nem o que
poderia ser uma esquerda. Claro, que o sistema liberal – pelo menos aqui no Brasil
que tudo é distorcido – tem falhas enormes que sabemos muito bem de onde vieram
que muitos liberais e anacocapitalistas denunciaram, os conservadores se
apropriaram da política liberal. Então, o liberalismo só ficou na esfera econômica
e na esfera do livre mercado, não na ordem moral. Daí que vem a crítica da
esquerda, enquanto na ordem econômica somos livres de comprar e até, abrir
nossa própria empresa, no campo moral devemos ser iguaizinhos o que era na era
medieval, pagamos nossos impostos e devemos nos “prostrar” ao soberano. E não é
bem assim.
Infelizmente, os conservadores – que sim fizeram a revolução
francesa – não entenderam a política liberal como uma liberdade para uma coisa
e não liberdade para outras. Isso vieram dos protestantes, uma ordem moral
irrestrita que não pode ser abalada, porem podemos sim enriquecer e ter uma
economia que nos favoreça num livre mercado. As igrejas evangélicas deixam isso
muito claro, pois, além de pregar que seus fiéis, devem ter uma vida mais digna
e até montar seu próprio negócio e ganhar seu dinheiro, porque a riqueza não é
pecado. Sabemos muito bem o porquê desse interesse todo pelo bem-estar dos
fiéis, porque sem meios de prover seu ganho substancial, não haveria meio de
dar o tão falado dizimo e só, nada mais como nada menos. Não estão totalmente
errados, porém, como diria Maquiavel, os meios justificam os fins; ou seja, não
interessa que você tenha ilusões sobre enriquecimento, você tem o dever moral
de melhorar de vida. Só que povo usa roupas descentes, usa carro descente,
viaja para todo o lugar, mas mora numa casa de aluguel. Assim, se ensina os
meios, mas não ensina os fins.
Nesse paradoxo – ideias contrarias num mesmo pensamento ou
frase – se pode ver que há um pensamento único (liberalismo) e se fragmenta em
dois (liberdade+conservadorismo), e que também confundem as coisas. Ou se tem
liberdade e se pode escolher o seu ponto moral, ou se conserva a base social
que sempre tivermos, os dois não pode coexistirem. Não se pode colocar o liberalismo
(liberdade de escolha) em uma outra filosofia que conserva a moral vigente. Muitos
podem até me chamar de radical, mas tradicional eu só gosto de pizza, o resto
gosto de pensar livremente e respeitar a liberdade do outro. Nesse meio todo
aparecem as ideologias velhas ou novos heróis que nada são do que as velhas frustrações,
as velhas maneiras de se ver o mundo, a carência ideológica é imensa hoje em
dia. Então nos apegamos a ideias fáceis, ideias magicas de um ponto não magico
de se pensar e de agir. O jovem então procura e acha caras que nem são filósofos
e nem são picaretas, são intelectuais engajados dentro do que acham importante
e se apegam a esses sujeitos, como se fossem “deuses” ou coisa parecida.
É o que acontece com o Olavo de Carvalho que não é um filósofo
(pelo menos, não na etimologia da palavra), é apenas um intelectual engajado
naquilo que ele acha importante, mas não é em hipótese nenhuma, um filósofo. Não
pela sua religiosidade, pois o possível autor o nome “philosophós” que foi Pitágoras,
era um místico religioso. Talvez, quando Pitágoras disse ser um filósofo (eímai
philosophós), ele diz que era um amigo da sabedoria e sabia que não era a própria
sabedoria e então, não era um sábio enquanto tal. Mas aí que mora a questão,
pois, você achar que é nem sempre é uma questão de não ser, até é uma questão do
ser enquanto ser. O Olavo de Carvalho ser ou não um ídolo, não é nem culpa
dele, mas há uma natureza cultural nossa (por razões históricas), em que sempre
estamos buscando uma ideologia ou um ser que nos livre da suposta escravidão que
nos encontramos. Mas cadê essa escravidão que não vimos? Somos acorrentados de
alguma forma?
Não há nenhuma lógica, querer atribuir a nossa vontade a
vontade do outro enquanto tal. Porque a vontade é muito subjetivista, embora,
eu achar o Olavo muito mais um intelectual do que um filósofo, muito longe de
uma visão subjetivista e está muito mais, na esfera da objetividade das próprias
ideias dele de certezas e não de dúvidas. Como ele ser católico, como ele
defender a filosofia cristã por completo – no sentido da teologia católica e
toda a sua patrística e escolástica – essa anti-humanização em defender princípios
completamente, em decorrência de teorias da conspiração e tudo mais. Qual família
em sã consciência, iria querer dominar o mundo? A questão vai muito além do que
o liberalismo, vai além do conservadorismo, vai mais além de tudo isso, vai até
o ser enquanto ser (ontologia).
Talvez as utopias políticas
não tenham muito sucesso, porque sempre os seus idealizadores pensam em um modo
social e econômico, mas existe o indivíduo e sua vontade. A questão dos ídolos
e a questão da vontade como um fenômeno consciente ontológico é existencialista
– sou mais da ordem de Kierkegaard, Nietzsche, Heidegger e até um pouco de Sartre
– onde o ser existe para criar uma essência que vai culminar em um ser completo
e evoluirá a sua alma. E não serão leis morais, não serão as religiões, não serão
as ideologias políticas que farão o homem melhor, mas a dignidade humana de
fazer sempre o que se quer, ter a liberdade de escolha em todos os sentidos. Então,
temos que antes de tudo, perceber a nossa existência e ter o esclarecimento necessário
para termos uma sociedade melhor. Porém, sabemos que o modelo utópico de mundo não
deu certo, o humano tem que enxergar além disso tudo. Então, o que fazer? Eis uma
das muitas perguntas que nunca serão respondidas.