quinta-feira, 8 de setembro de 2016

As Paralimpíadas e a mídia: assistencialismo a vista

 



“”se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas...””
Sun Tzu

Quando escrevi sobre a atitude da Vogue – uma revista que por mim é fútil e não acrescenta nada – em ao invés de chamar atletas com deficiência (acho o paratleta algo excludente), chamou dois atores globais para fazerem fotos “photoshopadas” sem um braço (no caso da Cleo Pires) ou sem a perna (no caso do Paulo Vilhena); já mostra uma atitude de extrema exclusão social. Além de extremo erro achar necessário colocar os dois como padrinhos da Paralimpíadas.

Depois escrevi outro texto sobre a Paralimpíadas, pois escrevo no portal Blasting News, Paralimpíadas: movimentos e organizações criticamas entidades que querem a tocha (quem quiser ler o texto, o nome está liinkado no próprio nome), vi que o problema que a mídia tem é o que a nossa sociedade mais tem, o assistencialismo. Prova que isso ainda acontece é que a tocha, pelo menos aqui em São Paulo, teve que passar na frente das entidades assistencialistas. Por que necessariamente, a tocha teria que ir em entidades que fazem apenas o trabalho clinico?  Não é nenhuma novidade, pelo menos para quem acompanha meus blogs, a AACD, por exemplo, faz muito mal o seu trabalho. Eu acho que a AACD não teria nem o merecimento de carregar a sua bandeira dentro da passagem da tocha, porque todo mundo sabe – só quem fecha os olhos são os bajuladores que querem sempre alguma “vantagem” – a visão da entidade que as pessoas com deficiência deveriam ficar trancafiadas em entidades beneficentes e não sair na rua. Não me convenceu eles trocarem de nome, não me convenceu eles trocarem a posição. Minha noiva e muitos tiveram um tratamento de “porco” porque eram pobres, seus pais eram simples, e estão cada vez piorando.

Então, não me venham achar que a talzinha tem que estar dentro da Paralimpíadas do Rio-16, que vocês não me convencem. Mesmo o porquê, por razões de causa própria, eu tive várias experiências muito desagradáveis dentro da AACD. Como aos 6 ou 7 anos o dentista querer me amarrar por causa do meu choro de medo (que claro, minha mãe não deixou), o motorista que me enchia o saco ao me levar na escola porque era fora de mão, exploraram meu serviço em uma oficina abrigada de trabalho na unidade da Moóca além de, a gente não poder nem conversar. Fora que aos 12 anos de idade fui desligado, fora que fizeram minha cirurgia errada e me encheram de cicatrizes (para depois me deligarem de seus serviços que meu pai pagou todos). Essa entidade assistencialista tem mesmo o direito de estar numa passagem da tocha paralimpíca?

Umas das lições que a minha falecida mãe dizia – que seu espirito esteja em um momento evolutivo bom – nunca faça a “cagada” de ter o Junior (no caso eu) de opositor, porque vocês se arrependem. Mas as pessoas ainda não entenderam ou não querem entender, custam muito achar que são os maiorais, mas não passam de pequenos seres que vão passar e ninguém nem vai ouvi falar deles. Vai acontecer com atores globais, vai acontecer com secretários da pasta da deficiência, vai acontecer com a prefeitura do Sr Haddad, vai acontecer com os diretores da AACD. Mas o assistencialismo sempre fica e sempre vai ficar enraizado dentro da nossa cultura tupiniquim e sempre a mídia não vai passar as Paralimpíadas, sempre o esporte com pessoas com deficiência vai ser notícia pequena lá no fundinho dos jornais. A inclusão que temos no Brasil é uma inclusão de “sanitário”, onde você faz o que tem que fazer, lava as mãos e depois sai.

Na verdade, a única certeza que me fez essa passagem da tocha paralimpíca é de não reeleger o sr prefeito, não reeleger por causa de ideologização da política, mas a incompetência inoperante nos assuntos da pessoa com deficiência. Primeiro, fez do Conselho Municipal das Pessoas com deficiência palco de propaganda política (não fez um terço do que prometeu, aliás. Só tirou a visita residencial e a entrega de remédio em casa), colocou um gerente e um superintendente no serviço ATENDE que não dialoga com seus usuários, não sabem fazer seus serviços direito e estranhamente, no dia de F1 ou dia de Teleton, não podemos usar a parte de eventos. No dia 4 de setembro foi um desses dias. Colocou uma secretaria medica (obstetra, vê só), colocou o primeiro vice-secretário ligado ao partido (PT), depois colocou o filho do Roberto Carlos. Quando era Ministro da Educação cedeu à pressão das entidades assistencialistas e não acabou com as classes especiais, não somou, não fez nada pelas pessoas com deficiência (não só ele, claro). Por que raios eu tenho que reeleger um prefeito que colocou a questão da deficiência no patamar de último plano? Além que, seus partidários adoram fazer assistencialismo ao invés de exigir o cumprimento da lei de cotas.

Até quando vamos querer uma inclusão de Sanitário?


Leiam mais textos meus sobre: 

Transhumanismo: os avanços tecnológicos que podem ajudar as pessoas com deficiência

Emprego: empresa não querem contratar deficientes

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