Estou no meu território (no meu blog) e então, me sinto mais
a vontade de abordar o que penso. Mas primeiro, tenho que pedir para darem uma
curtida no meu post do vídeo do Blog do Cadeirante aqui em baixo para eu ganhar
a almofada anti-escara para doar a minha noiva. Quem puder, eu agradeço, pois,
é apenas uma curtida:
'Amour': o amor também existe na velhice
Uma coisa positiva está havendo nas Paralimpíadas Rio-16, as
pessoas estão vendo a transcendência da deficiência pelo esporte. Se mostra que
as pessoas com deficiência não são inúteis assim – mesmo o porquê, as pessoas
COM deficiência superaram a marca de medalhas que os atletas SEM deficiência
não ganharam – e que há muito mais do que isso. Como disse no meu artigo “Paralimpíadas:vitórias deixam 43 medalhas e supera marca olímpica”, lá no Blasting News, que
isto está no livro A Arte da Guerra que diz se conhecemos a si mesmos e conhecemos
nosso oponente, não precisamos temer nenhuma batalha. Se conhecemos a si mesmo
e não conhecemos o nosso oponente, a cada vitória teremos também uma derrota.
Mas se nós não conhecemos nem nosso oponente e nem a nós mesmos, perderemos
todas as batalhas. As Paralimpíadas provam que o general filósofo que viveu 500
anos antes de Cristo, Sun Tzu, tinha razão a essa declaração, quando você sabe
da sua força e a força do seu oponente, não perderá nenhuma das batalhas.
Athlos era as pessoas que competiam por um prêmio que
derivou o termo em latim, athleta, que virou atleta que usamos até hoje. Não
acho, sinceramente, que podemos chamar esses atletas de paratletas, porque dará
um ar de “superação”. Não, eles não superaram nada. Apenas sabem o limite do
seu oponente porque sabem como agem, sua força não estar em superar o outro e
sim, canalizar a sua força na forma de ser mais organizada. Ou seja, conhecem a
si e ao seu oponente e não tem medo de perder, porque entre a vitória e a
derrota, existem diferenças de canalização da força.
A definição é o conatus de Espinosa que cresce a partir
daquilo que queremos e eles querem ganhar, ir muito além do que possamos
querer. Lembro que quando eu comecei a escrever no Blasting News minhas
matérias eram recusadas, mas eu comecei a ler noticia, estudar redação e até
mesmo, estudar pontuação e entendi que eu estou dando a notícia, eu tenho que
conduzir a leitura. Mas esse querer muito é que motivou sempre a estudar e
engajar dentro de coisas importantes na minha vida. Talvez, essa motivação que
fez nossos atletas a acharem um ponto forte dentro da sua vontade de crescer e
progredir. Então, eles não superaram, mas eles transcenderam as suas
deficiências.
O termo deficiência vem do latim “deficiens”, do verbo “deficere”
que quer dizer “desertar, revoltar-se, falhar”. Do sufixo “de” o significado “fora”,
mais “facere” que quer dizer “fazer, realizar”, então, podemos dizer que deficiência
seria falhar ou realizar fora daquilo que se pode fazer. Os ternos ficam
estranhos quando você verifica sua origem, como o termo pessoa com deficiência,
que ficaria “o indivíduo que falha” ou “personagem que se revolta”. Não ficaria
muito mais “pejorativo”? Mas a transcendência acontece quando alguém vai além da
deficiência (falhar), pois, transcender vem do latim “transcedere” que quer
dizer “subir sobre, cruzar por cima” de “TRANS” (através), mais “SCANDERE”
(subir, trepar). Ou seja, transcender a deficiência é estar acima das falhas,
estar no rumo das severidades de uma limitação corporal.
O nadador Daniel Dias, por exemplo, faz da sua deficiência algo
que pode ser uma impulsão para cada vez mais melhorar seu rendimento. Seu braço
e os seus “cotocos” – não há problema nenhum nesse termo – são usados sempre
porque houve uma adaptação, eles impulsionam ele a sempre nadar rápido com
muito treino, claro. Mas é uma transcendência da deficiência e acima de tudo, a
disposição do conatus (vontade além de superar a morte), de sempre querer
melhorar, querer sempre achar melhores maneiras de se fazer isso. Por outro
lado, sabemos que há uma equivalência (igualdade) das deficiências e um pode
imaginar o rendimento do outro, daí se ter uma ideia o quanto o outro é ou não no
rendimento. Isso é conhecer a si e ao oponente. Conhecer sua história, conhecer
a sua limitação, conhecer o outro como um ser com as mesmas limitações. Então, não
há o que temer, pois, tudo que conhecemos não tememos, mas tudo que não tememos,
não conhecemos.
Portanto, esse número de medalhas é o número de transcendências
da deficiência, da única certeza que temos, que nós existimos.
Transhumanismo: os avanços tecnológicos que podem ajudar as pessoas com deficiência
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