quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Athlos: a transcendência da deficiência.



Paralimpíadas (crédito: Google)





Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Estou no meu território (no meu blog) e então, me sinto mais a vontade de abordar o que penso. Mas primeiro, tenho que pedir para darem uma curtida no meu post do vídeo do Blog do Cadeirante aqui em baixo para eu ganhar a almofada anti-escara para doar a minha noiva. Quem puder, eu agradeço, pois, é apenas uma curtida:

 


Uma coisa positiva está havendo nas Paralimpíadas Rio-16, as pessoas estão vendo a transcendência da deficiência pelo esporte. Se mostra que as pessoas com deficiência não são inúteis assim – mesmo o porquê, as pessoas COM deficiência superaram a marca de medalhas que os atletas SEM deficiência não ganharam – e que há muito mais do que isso. Como disse no meu artigo “Paralimpíadas:vitórias deixam 43 medalhas e supera marca olímpica”, lá no Blasting News, que isto está no livro A Arte da Guerra que diz se conhecemos a si mesmos e conhecemos nosso oponente, não precisamos temer nenhuma batalha. Se conhecemos a si mesmo e não conhecemos o nosso oponente, a cada vitória teremos também uma derrota. Mas se nós não conhecemos nem nosso oponente e nem a nós mesmos, perderemos todas as batalhas. As Paralimpíadas provam que o general filósofo que viveu 500 anos antes de Cristo, Sun Tzu, tinha razão a essa declaração, quando você sabe da sua força e a força do seu oponente, não perderá nenhuma das batalhas.

Athlos era as pessoas que competiam por um prêmio que derivou o termo em latim, athleta, que virou atleta que usamos até hoje. Não acho, sinceramente, que podemos chamar esses atletas de paratletas, porque dará um ar de “superação”. Não, eles não superaram nada. Apenas sabem o limite do seu oponente porque sabem como agem, sua força não estar em superar o outro e sim, canalizar a sua força na forma de ser mais organizada. Ou seja, conhecem a si e ao seu oponente e não tem medo de perder, porque entre a vitória e a derrota, existem diferenças de canalização da força.

A definição é o conatus de Espinosa que cresce a partir daquilo que queremos e eles querem ganhar, ir muito além do que possamos querer. Lembro que quando eu comecei a escrever no Blasting News minhas matérias eram recusadas, mas eu comecei a ler noticia, estudar redação e até mesmo, estudar pontuação e entendi que eu estou dando a notícia, eu tenho que conduzir a leitura. Mas esse querer muito é que motivou sempre a estudar e engajar dentro de coisas importantes na minha vida. Talvez, essa motivação que fez nossos atletas a acharem um ponto forte dentro da sua vontade de crescer e progredir. Então, eles não superaram, mas eles transcenderam as suas deficiências.

O termo deficiência vem do latim “deficiens”, do verbo “deficere” que quer dizer “desertar, revoltar-se, falhar”. Do sufixo “de” o significado “fora”, mais “facere” que quer dizer “fazer, realizar”, então, podemos dizer que deficiência seria falhar ou realizar fora daquilo que se pode fazer. Os ternos ficam estranhos quando você verifica sua origem, como o termo pessoa com deficiência, que ficaria “o indivíduo que falha” ou “personagem que se revolta”. Não ficaria muito mais “pejorativo”? Mas a transcendência acontece quando alguém vai além da deficiência (falhar), pois, transcender vem do latim “transcedere” que quer dizer “subir sobre, cruzar por cima” de “TRANS” (através), mais “SCANDERE” (subir, trepar). Ou seja, transcender a deficiência é estar acima das falhas, estar no rumo das severidades de uma limitação corporal.

O nadador Daniel Dias, por exemplo, faz da sua deficiência algo que pode ser uma impulsão para cada vez mais melhorar seu rendimento. Seu braço e os seus “cotocos” – não há problema nenhum nesse termo – são usados sempre porque houve uma adaptação, eles impulsionam ele a sempre nadar rápido com muito treino, claro. Mas é uma transcendência da deficiência e acima de tudo, a disposição do conatus (vontade além de superar a morte), de sempre querer melhorar, querer sempre achar melhores maneiras de se fazer isso. Por outro lado, sabemos que há uma equivalência (igualdade) das deficiências e um pode imaginar o rendimento do outro, daí se ter uma ideia o quanto o outro é ou não no rendimento. Isso é conhecer a si e ao oponente. Conhecer sua história, conhecer a sua limitação, conhecer o outro como um ser com as mesmas limitações. Então, não há o que temer, pois, tudo que conhecemos não tememos, mas tudo que não tememos, não conhecemos.

Portanto, esse número de medalhas é o número de transcendências da deficiência, da única certeza que temos, que nós existimos.

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