quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O Direito de não querer “mimimi”



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Uma das coisas que me faz ser um humano com deficiência é ser consciente, perceber as outras pessoas e outros segmentos da intelectualidade coerente. Uma das coisas que mais me irritam é as pessoas fazerem das suas opiniões, algo ideologicamente definido. Dois caras que eu gosto muito de ler e de ver falar é o historiador Leandro Karnal e o filósofo Luiz Felipe Pondé, que aliás, ambos também são professores universitários. Karnal é da UNICAMP e o Pondé é da PUC-SP.

Mas algo me incomoda quando o segmento de pessoas com deficiência se preocupa demais com um tema e no outro não, gerando aquela coisa do tipo “eles são bobinhos”. Por exemplo, a Lei de Cotas não funciona (muitas pessoas com deficiência não são contratadas mesmo formadas), pessoas agridem pessoas com deficiência por apenas querer fazer um passeio no Shopping, vagas de estacionamento não são respeitadas e alguns intelectuais com deficiência estão preocupados com que o Karnal disse. Sim, estamos indo na contramão do avanço da inclusão de verdade e determinando, quase a “porrada” a achar no direito de obrigar o outro os termos usados.

Quando eu digo que eu prefiro ser chamado de “deficiente”, mas ser respeitado é a pura verdade. Isso veio da minha mãe, a dona Itália, que sempre dizia que não queria que nenhum filho pedisse “benção” porque, para ela, era secundário; primeiro vem o respeito com a mãe e com o pai (aí se não respeitássemos eles), depois as convenções sociais que ela sempre enfatizava como hipócritas. Então, por que não chamar alguém que tem nanismo de anão? Por que não chamar uma pessoa que tem autismo de autista? Por que não chamar uma pessoa que tem deficiência de deficiente? Eu, sinceramente, tenho serias críticas aos termos usados, porque não só usar um termo alternativo, tem que ter um estudo etimológico quanto a palavra usada.

Outro exemplo é qualificação, pois, qualificar é aquilo que dará qualidade de algo, portanto, eu não tenho a qualidade de nem ser TI, nem de ser publicitário e nem de ser filósofo e sim, estou formado nestas matérias. Ser formado não é o mesmo de ser qualificado e ponto. Mas, culturalmente, somos sempre chamados a copiar os outros países e muito mal copiado, por sinal. E como já disse milhares de vezes no meu Facebook, não adianta sermos chamados nos termos bonitinhos como PESSOA COM DEFICIÊNCIA e sermos desrespeitados nas outras coisas, é desnecessária esse tipo de discussão. Isso é briga de colegial de amiguinho que botou o apelido no outro amiguinho e o amiguinhos deram risadas, não estamos mais no colegial. Somos adultos e a discussão tem que ter um amadurecimento, sem ideologia, sem partido, sem nada, ler e escrever pelado.


Portando, o artigo “Karnal considera ‘mimimi’ demandas dequem só quer representação” do colega jornalista, Jairo Marques, é um artigo que me dá sono (igual os livros do Saramago), porque me dá preguiça. Ele erra em achar que é uma opinião imparcial, pois não é, porque como disse acima, há outros assuntos muito mais relevantes do que eu me preocupar com falas de “professores pops”. 



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