Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Uma das coisas que me faz ser um humano com deficiência é
ser consciente, perceber as outras pessoas e outros segmentos da
intelectualidade coerente. Uma das coisas que mais me irritam é as pessoas
fazerem das suas opiniões, algo ideologicamente definido. Dois caras que eu
gosto muito de ler e de ver falar é o historiador Leandro Karnal e o filósofo Luiz
Felipe Pondé, que aliás, ambos também são professores universitários. Karnal é
da UNICAMP e o Pondé é da PUC-SP.
Mas algo me incomoda quando o segmento de pessoas com deficiência
se preocupa demais com um tema e no outro não, gerando aquela coisa do tipo “eles
são bobinhos”. Por exemplo, a Lei de Cotas não funciona (muitas pessoas com deficiência
não são contratadas mesmo formadas), pessoas agridem pessoas com deficiência por
apenas querer fazer um passeio no Shopping, vagas de estacionamento não são respeitadas
e alguns intelectuais com deficiência estão preocupados com que o Karnal disse.
Sim, estamos indo na contramão do avanço da inclusão de verdade e determinando,
quase a “porrada” a achar no direito de obrigar o outro os termos usados.
Quando eu digo que eu prefiro ser chamado de “deficiente”,
mas ser respeitado é a pura verdade. Isso veio da minha mãe, a dona Itália, que
sempre dizia que não queria que nenhum filho pedisse “benção” porque, para ela,
era secundário; primeiro vem o respeito com a mãe e com o pai (aí se não respeitássemos
eles), depois as convenções sociais que ela sempre enfatizava como hipócritas. Então,
por que não chamar alguém que tem nanismo de anão? Por que não chamar uma
pessoa que tem autismo de autista? Por que não chamar uma pessoa que tem deficiência
de deficiente? Eu, sinceramente, tenho serias críticas aos termos usados,
porque não só usar um termo alternativo, tem que ter um estudo etimológico quanto
a palavra usada.
Outro exemplo é qualificação, pois, qualificar é aquilo que dará
qualidade de algo, portanto, eu não tenho a qualidade de nem ser TI, nem de ser
publicitário e nem de ser filósofo e sim, estou formado nestas matérias. Ser formado
não é o mesmo de ser qualificado e ponto. Mas, culturalmente, somos sempre
chamados a copiar os outros países e muito mal copiado, por sinal. E como já disse
milhares de vezes no meu Facebook, não adianta sermos chamados nos termos
bonitinhos como PESSOA COM DEFICIÊNCIA e sermos desrespeitados nas outras
coisas, é desnecessária esse tipo de discussão. Isso é briga de colegial de amiguinho
que botou o apelido no outro amiguinho e o amiguinhos deram risadas, não estamos
mais no colegial. Somos adultos e a discussão tem que ter um amadurecimento,
sem ideologia, sem partido, sem nada, ler e escrever pelado.
Portando, o artigo “Karnal considera ‘mimimi’ demandas dequem só quer representação” do colega jornalista, Jairo Marques, é um artigo
que me dá sono (igual os livros do Saramago), porque me dá preguiça. Ele erra
em achar que é uma opinião imparcial, pois não é, porque como disse acima, há outros
assuntos muito mais relevantes do que eu me preocupar com falas de “professores
pops”.
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