domingo, 16 de outubro de 2016

O puxa-saquismo e a má-educação









Por Amauri Nolasco Sanches Junior

O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) dizia que o homem é um animal que precisa ser educado e ele tem razão, não há em todo planeta Terra, animal que precisa passar alguma cultura ao demais. Só que a pós-modernidade fez que essa educação decaísse por conta de vários fatores: um desses fatores foi decisivo para o capitalismo e as instituições financeiras (claro que não sou a favor de uma sociedade comunista, pois mudaríamos a mosca e não a sopa), o consumo e os feriados de consumo. Outro fator é a falsa liberdade que temos dentro do capitalismo, pois não temos, somos iludidos com a liberdade de uma escolha e não é isso que vimos.  Com o forte consumismo e a ideia falsa de liberdade se criou o ser humano com sentimentos líquidos e apenas, idiotas uteis.

Eu já expliquei o que seria esse “idiota” que veio do grego “idiotike” que seriam um não cidadão. Mas eu dou razão para Kant, somos animais que deveríamos ser educados e não somos, pois, a educação que Kant se referia e eu me refiro sempre parte não na escola, mas na sua própria casa. Tanto os romanos, quanto os gregos, não achavam importante uma educação que não fosse boa para o ESTADO e sempre preferiria, educar cidadãos. Mas essa essência se perdeu ou o Brasil nunca teve, afinal, a primeira universidade brasileira só foi fundada por aqui por causa da vinda do rei de Portugal. Sempre criamos os meninos para serem varões, potros reprodutores e as meninas, sinhazinhas que deveriam apenas serem submissas. Hoje a coisa ficou pior, não é só o homem ficou mal-educado e puxa-saco, os gêneros equivalem em graus e em igualdade.

A má-educação impera no meio social pós-moderno e não estou exagerando. Só comprovar numa ida no Shopping em finais de semana e feriado, o povo quase nos atropela e não presta atenção de nada. Pegam brinquedos e quase derrubam o resto, ficam achando ser mais do que são e sempre acham que os outros tem a obrigação e eles não. Eu desconfio sempre dos justos e dos bonzinhos, principalmente de instituições, porque sempre acho que naquele ato de bondade há um interesse por trás. Eu desconfio das pessoas que sempre sorriem no Facebook, que sempre estão em iates e tomando champanhe no Instagram. Sempre vejo um ar de tristeza num sorriso forçado num ato de tentar pegar qualquer atenção (que seria uma migalha), sempre acho que aquela taça, na verdade, é uma sidra e não um champanhe. Quem vai dizer que não?

Não podemos confundir ter educação com ter conhecimento, pois ser educado e saber se comportar diante da realidade onde se vive. Não parar na vaga de pessoas com deficiência e idosos, é um ato de educação e não de conhecimento, porque concordando ou não, aquela vaga não é sua. Deixar um idoso, uma pessoa com deficiência ou uma mulher com bebê no carrinho, no colo ou gravida, por exemplo, é um ato de educação e ter educação é ter respeito com o outro. Respeitar é enxergar a realidade onde se vive, ter educação é saber que o outro tem o mesmo direito de ter desejos, vontades e sentimentos do que você mesmo e isso nenhum diploma de qualquer coisa vai te dar. Isso só pode ser ensinado pelo pai e pela mãe, são essências de sermos seres humanos e não, animais que achamos que tudo se resume no seu próprio umbigo. Os nazistas eram pessoas de conhecimentos diversos, tinha uma erudição espetacular, mas eram cruéis e não respeitavam o outro no direito de também viver, eram assassinos mal-educados.

O termo latino que originou educação é educare, que queria dizer “formar”, “mostrar a realidade” assim como, mostrar como um cidadão romano tinha que ser. Mas isso nem sempre era destinado ao “magister” (sim, por isso existe o magistério), que ensinava aquilo que era para ensinar a um cidadão verdadeiro romano e sim, o “pater”, ou seja, o pai da família. Aliás, quem não tinha dinheiro para um “magister” era assim que era educado. Era preparado para a realidade do mundo, ter respeito pela comunidade. Claro, que existia soberania aquilo que o “pater” resolvia, mas o ESTADO se precavia diante de “abusos”. Então, de onde veio essa ideia que o ESTADO deveria educar seu filho ao invés de você mesmo? Do iluminismo de Rousseau, que ao invés de dizer que o pai deveria ensinar o filho a ter respeito pelo outro, o ESTADO fica incumbido disso. Mas não é para menos, Rousseau era um fracasso como pai e a época que ele viveu, filhos eram como “cachorrinhos”, ou seja, morreu um pode se arranjar mais dois.

O “puxa-saco” – como é chamado o bajulador – é uma outra maneira de má-educação e é uma característica muito forte dentro da nossa cultura, sempre achar que bajulando se ganhara algo em troca. O “jeitinho” brasileiro sempre foi e sempre será uma maneira de burlar o direito do outro, sempre enraizado dentro da nossa cultura. As pessoas dão sempre algo para alguém quando querem ou terão algo em troca, sempre nesse nível, como se isso resolvesse o mundo todo. Contrata filho de funcionários (e são contra despotismo na política), dão coisas destinadas as crianças para os adultos funcionários, dão para uns e não para todos, param em vagas destinadas a deficientes e idosos, acham que os shopping centers são só deles e assim, fazemos uma sociedade de puxa-saco e mal-educados.


Políticos não vieram de Marte e tiveram a mesma educação, empregam parentes, acham que seus benefícios são mais importantes do que do outro, bajulam quem precisa ser bajulado, acham que são injustiçados. Não é diferente da camada baixa da “pirâmide”, onde acham o mesmo, e é evidente, todo o problema do Brasil é somente cultural. Esse amor ao ESTADO nos faz sempre acreditar que existira heróis, anjos de luz ou algo do tipo, para nos salvar e para fazer o que temos que fazer. Não se terceiriza a educação do filho, se educa, se transmite o que é necessário para se criar sempre, cidadãos de verdade. O resto é só conversa fiada. 


Se você ainda não sabe o porquê eu não apoio o Teleton, leia o meu Livro: Clube das Rodas de Aço.

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