Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
O filósofo Immanuel Kant (1724-1804) dizia que o homem é um
animal que precisa ser educado e ele tem razão, não há em todo planeta Terra,
animal que precisa passar alguma cultura ao demais. Só que a pós-modernidade
fez que essa educação decaísse por conta de vários fatores: um desses fatores
foi decisivo para o capitalismo e as instituições financeiras (claro que não
sou a favor de uma sociedade comunista, pois mudaríamos a mosca e não a sopa),
o consumo e os feriados de consumo. Outro fator é a falsa liberdade que temos
dentro do capitalismo, pois não temos, somos iludidos com a liberdade de uma
escolha e não é isso que vimos. Com o
forte consumismo e a ideia falsa de liberdade se criou o ser humano com
sentimentos líquidos e apenas, idiotas uteis.
Eu já expliquei o que seria esse “idiota” que veio do grego
“idiotike” que seriam um não cidadão. Mas eu dou razão para Kant, somos animais
que deveríamos ser educados e não somos, pois, a educação que Kant se referia e
eu me refiro sempre parte não na escola, mas na sua própria casa. Tanto os
romanos, quanto os gregos, não achavam importante uma educação que não fosse
boa para o ESTADO e sempre preferiria, educar cidadãos. Mas essa essência se
perdeu ou o Brasil nunca teve, afinal, a primeira universidade brasileira só
foi fundada por aqui por causa da vinda do rei de Portugal. Sempre criamos os
meninos para serem varões, potros reprodutores e as meninas, sinhazinhas que
deveriam apenas serem submissas. Hoje a coisa ficou pior, não é só o homem
ficou mal-educado e puxa-saco, os gêneros equivalem em graus e em igualdade.
A má-educação impera no meio social pós-moderno e não estou
exagerando. Só comprovar numa ida no Shopping em finais de semana e feriado, o
povo quase nos atropela e não presta atenção de nada. Pegam brinquedos e quase
derrubam o resto, ficam achando ser mais do que são e sempre acham que os
outros tem a obrigação e eles não. Eu desconfio sempre dos justos e dos
bonzinhos, principalmente de instituições, porque sempre acho que naquele ato
de bondade há um interesse por trás. Eu desconfio das pessoas que sempre
sorriem no Facebook, que sempre estão em iates e tomando champanhe no
Instagram. Sempre vejo um ar de tristeza num sorriso forçado num ato de tentar
pegar qualquer atenção (que seria uma migalha), sempre acho que aquela taça, na
verdade, é uma sidra e não um champanhe. Quem vai dizer que não?
Não podemos confundir ter educação com ter conhecimento,
pois ser educado e saber se comportar diante da realidade onde se vive. Não
parar na vaga de pessoas com deficiência e idosos, é um ato de educação e não
de conhecimento, porque concordando ou não, aquela vaga não é sua. Deixar um
idoso, uma pessoa com deficiência ou uma mulher com bebê no carrinho, no colo
ou gravida, por exemplo, é um ato de educação e ter educação é ter respeito com
o outro. Respeitar é enxergar a realidade onde se vive, ter educação é saber
que o outro tem o mesmo direito de ter desejos, vontades e sentimentos do que
você mesmo e isso nenhum diploma de qualquer coisa vai te dar. Isso só pode ser
ensinado pelo pai e pela mãe, são essências de sermos seres humanos e não,
animais que achamos que tudo se resume no seu próprio umbigo. Os nazistas eram
pessoas de conhecimentos diversos, tinha uma erudição espetacular, mas eram
cruéis e não respeitavam o outro no direito de também viver, eram assassinos
mal-educados.
O termo latino que originou educação é educare, que queria dizer “formar”, “mostrar a realidade” assim
como, mostrar como um cidadão romano tinha que ser. Mas isso nem sempre era
destinado ao “magister” (sim, por isso existe o magistério), que ensinava
aquilo que era para ensinar a um cidadão verdadeiro romano e sim, o “pater”, ou
seja, o pai da família. Aliás, quem não tinha dinheiro para um “magister” era
assim que era educado. Era preparado para a realidade do mundo, ter respeito
pela comunidade. Claro, que existia soberania aquilo que o “pater” resolvia,
mas o ESTADO se precavia diante de “abusos”. Então, de onde veio essa ideia que
o ESTADO deveria educar seu filho ao invés de você mesmo? Do iluminismo de Rousseau,
que ao invés de dizer que o pai deveria ensinar o filho a ter respeito pelo
outro, o ESTADO fica incumbido disso. Mas não é para menos, Rousseau era um
fracasso como pai e a época que ele viveu, filhos eram como “cachorrinhos”, ou
seja, morreu um pode se arranjar mais dois.
O “puxa-saco” – como é chamado o bajulador – é uma outra
maneira de má-educação e é uma característica muito forte dentro da nossa
cultura, sempre achar que bajulando se ganhara algo em troca. O “jeitinho”
brasileiro sempre foi e sempre será uma maneira de burlar o direito do outro,
sempre enraizado dentro da nossa cultura. As pessoas dão sempre algo para alguém
quando querem ou terão algo em troca, sempre nesse nível, como se isso
resolvesse o mundo todo. Contrata filho de funcionários (e são contra despotismo
na política), dão coisas destinadas as crianças para os adultos funcionários, dão
para uns e não para todos, param em vagas destinadas a deficientes e idosos, acham
que os shopping centers são só deles e assim, fazemos uma sociedade de
puxa-saco e mal-educados.
Políticos não vieram de Marte e tiveram a mesma educação,
empregam parentes, acham que seus benefícios são mais importantes do que do
outro, bajulam quem precisa ser bajulado, acham que são injustiçados. Não é
diferente da camada baixa da “pirâmide”, onde acham o mesmo, e é evidente, todo
o problema do Brasil é somente cultural. Esse amor ao ESTADO nos faz sempre
acreditar que existira heróis, anjos de luz ou algo do tipo, para nos salvar e
para fazer o que temos que fazer. Não se terceiriza a educação do filho, se
educa, se transmite o que é necessário para se criar sempre, cidadãos de
verdade. O resto é só conversa fiada.
Se você ainda não sabe o porquê eu não apoio o Teleton, leia o meu Livro: Clube das Rodas de Aço.
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