domingo, 31 de dezembro de 2017

Ainda estão lendo Gregório Devivier?






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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Não sei o porquê, mas ainda estão lendo o Gregório Devivier e ainda, gastando a massa cefálica com ele. Eu dei muita risada com alguns vídeos do canal Porta dos Fundos, mas, é só. Devivier é comediante. O texto que ele coloca Jesus como um grande militante comunista, foi uma ironia e se não foi, não me surpreende. Hoje, o pessoal acha que ser comediante é dizer qualquer asneira e fazer rir, não é bem assim. Não quero me ater ao texto do Devivier – que para mim é um grande besteirol – mas, vou dar a minha visão sobre Jesus e sua missão. Pois, eu penso além das religiões.

Jesus de Nazaré foi um espirito de auto grau de evolução que trouxe ensinamentos para o povo da região da Judeia, Galileia, e as regiões aonde ele viveu. No mesmo modo, Sidarta Gautama, o Buda, trouxe milhares de ensinamentos dentro do povo hindu para a ascensão espiritual e uma evolução muito mais efetiva. A questão, é seus ensinamentos, romperam o tempo e as fronteiras porque foram sementes plantadas para uma evolução espiritual. Tanto, que nem a aparência desses homens, sabemos como eram. Porque sua mensagem era uma mensagem universal, não tinha um teor político, não tinha um teor religioso, não tinha um teor de coisas do mundo material (você aprende com algumas leituras e ouvindo alguns mestres, que o materialismo e o espiritualismo, depende da vibração do átomo em si). Vamos fazer um exemplo, imagine um copo com água que colocamos uma pedra de gelo, a pedra de gelo está numa vibração mais tensa, por causa do resfriamento da água. Então, esse gelo faz transbordar o copo e a água derrama fora, porque há uma solides dentro do copo que não cabe o gelo e a água liquida. Lembrando sempre, que os dois são do mesmo material (gelo e a água). Mas, ao decorrer do tempo, com a temperatura da água e os átomos do gelo vibrando cada vez mais, o gelo muda de forma e se mistura com a água. Os ensinamentos espirituais são a água, os conceitos materialistas, são o gelo solidificado. Com o tempo, vão se misturando cada vez mais.

Acontece que puseram muitas coisas além do que Jesus ensinou dando uma visão europeia – até mesmo a sua imagem – assim, muitas coisas da teologia católica não fazem nenhum sentido. O que interessa nos ensinamentos se Jesus casou ou não? O que interessa nos ensinamentos de Jesus se ele foi ou não Deus? O que interessa se Jesus teve ou não filhos? Eu sempre ponho Maria Madalena (ou Magdala), como uma discípula de Jesus, porque ele queria romper algumas tradições que não faziam sentido nenhum. Se foram ou não casados, também, não faz a menor diferença. A mensagem de Jesus é uma mensagem que pode ser lida e seguida, assim como de Buda, assim como de Maomé ou de qualquer outro. A questão é entender a sua essência.

Jesus queria que as pessoas entendessem aqueles ensinamentos, afinal, o seu reino não era desse mundo. Porém, quem estava no caminho não precisava entender, mas os que não estavam, precisavam. As prostitutas e bandidos, eram as pessoas que se iludiram com as promessas materiais de riquezas. A prostituição é a venda do próprio corpo por dinheiro, o roubo é você pegar aquilo que não é seu, para satisfazer seu próprio ego. Os dois é uma questão egóica. Só que no caso da prostituta, ela sabe que só é usada, mas algumas, põem na cabeça que são desejadas. O ego tem dois níveis, o ilusório (que tem a ver com o orgulho de se colocar sem ser de verdade), e o verdadeiro (que é uma questão ontológica, ou seja, o ser enquanto ser). O ego verdadeiro é tudo aquilo que você é verdadeiramente, vamos lembrar, que Jesus diz para Pôncio Pilatos, que a verdade liberta. Mas que verdade? A verdade do ser, que se solidifica no espirito. O ego verdadeiro é o entendimento disso. Tudo que é material volta para o universo, nada é eterno enquanto coisa, mas, o ser é eterno enquanto a nossa própria essência. Claro, que se somos humanos e vivemos no mundo, ficamos a mercê da sobrevivência. Jesus não disse para sermos pobres, mas disse para nos desapegar ao ponto de brigar com o outro por causa daquela coisa. O ladrão só é ladrão por causa da ilusão que aquilo vão trazer benefício – até à custa da vida do outro. O corrupto vai roubar o dinheiro público, porque está iludido com a vaidade e de pensar que aquilo que ele roubou, lhe trará uma felicidade. A felicidade não é com bens materiais, mas, com o gosto daquilo que se faz na vida.

Eu gosto de escrever e a minha escrita pode me levar ao bem material, porém, é uma coisa que me dará prazer e, talvez, trará ajuda ao outro. Ajudar o outro não é só dar o pão, mas entender o caminho para buscar esse pão, isso nada tem a ver com classes. Isso tem a ver com autossuficiência. Isso mesmo. Você depender de outras pessoas para comer um pão não é muito bom, porque você terá que comer um pão que a pessoa lhe trará e não aquele que você gosta. Quando você tem a escolha entre ficar onde estar e melhorar aquilo que te fara uma pessoa evoluída – acordar do Matrix – você sentirá o fluxo muito melhor da sua felicidade. A questão é que a felicidade não é tomar champanhe numa piscina – isso é prazer – mas, felicidade é comer bolacha escrevendo um texto e sabendo que este texto, pode ajudar algumas pessoas, a enxergarem o que não querem enxergar. Talvez, as religiões são sombras, as religiões são parte de um condicionamento muito mais amplo que o ESTADO tem que fazer para manter o controle. Jesus, Buda, os profetas, os santos, os avatares (mandatários do Criador), os filósofos e até mesmo, aqueles que mudaram a cara da ciência, são aqueles que viram além das sombras e estão além da “caverna”.

Jesus estava dizendo que o caminho para ficar no Matrix é bem largo, é muito mais cômodo, porém, o caminho para ficar na Matrix é muito mais, estreito. Causa dor. Os “olhos” que estão acostumados com a ilusão, a escuridão do “véu de Maya”, as sombras fabricadas pelos objetos carregados pelos outros humanos (discurso do poder?), as questões moralistas irrelevantes. Jesus não está preocupado com roupas, Jesus não estava preocupado com questões intimas, ele estava preocupado com algo muito maior que isto tudo. 

sábado, 30 de dezembro de 2017

Por que professores de filosofia devem ser de esquerda?




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Pode não parecer, mas sou formado em filosofia. Porém, mesmo acreditando no progresso e que as mudanças são necessárias para a evolução da espécie humana, não tenho nenhuma ideologia. Porque, sempre pensei e tive a convicção que um bom filósofo era aquele que via as coisas sem tomar nenhum partido, que não tivesse nenhuma religião (eu sou partidário de ter uma espiritualidade sim), para analisar todas de modo não contaminar a sua análise. O caso de ser de direita (conservador) e ser de esquerda (progressista), também faz parte da minha convicção do que eu penso. Acho que não há lado no Brasil, porque sempre houve, muito mais, interesses em jogo. Então, as oligarquias que regem o Brasil e séculos – não vou ser idiota de não vê essas oligarquias – usam as ideologias para dominar e manipular a massa, conforme os interesses do momento. Um professor de filosofia deveria – usando um pouco Kant – ter o dever moral de enxergar que a esquerda e a direita, na verdade, só é um “boot” para reprogramar o sistema.

Um sistema não pode ter dois lados, pois, é um conjunto de elementos independentes de modo para formar um TODO organizado. Vindo do grego “σύστημα” (systēma), quer dizer “combinar”, “ajustar”, “formar um conjunto”. As ideologias se combinam dentro do conjunto de tudo e do TODO, portanto, não existe uma esquerda que é contra, uma direita que é a favor, mas todos são o mesmo sistema que corrompe e levam a maioria a miséria material e a miséria espiritual. Assim, quem realmente, aprendeu filosofia, sabe muito bem, que para ser “amigo da sabedoria” devemos sempre olhar num modo transcendente das ideologias e religiões predominantes em uma cultura.

No blog Analise Agora num texto do professor de filosofia, Cicero Barros, “A MÁSCARA DA ELITE RAIVOSA CAIU E APARECEU A FACE DA CORRUPÇÃO.”, mostra o quanto é perigoso uma análise ideológica da política brasileira. Aliás, o professor Cicero já começa errado com o nome do blog, pois, dentro da filosofia se diz crítica e não analise, que tem um tom, muito mais limitado. Uma crítica é uma análise muito mais profunda dentro de um assunto e dentro dos vários assuntos que o autor, gostaria de tratar nele. Na descrição está:
 “Este blog tem como meta promover debates a partir dos principais temas alvos o homem, o conhecimento e o meio ambiente. E todos os tópicos transversais e pertinentes como educação, política, economia, lazer, saúde, cultura do Brasil e do mundo. Compartilhar e interagir com amigos nas redes sociais, as produções deste canal de comunicação. ”

Quando se diz “promover o debate”, se diz promover algo muito mais profundo do que você escrever “elite raivosa”, porque você acaba já dês do começo do texto, dando um ar que defende um lado ideológico. O que seria uma “elite raivosa”? Todos nós sabemos, que em todos os países do mundo, em todos os momentos da história humana, teve aqueles que tinham alguma coisa e aqueles que não tinham, nada. Acontece que o ressentimento do ser humano contemporâneo é que se sentiu enganado da promessa que os regimes democráticos, além de não ter colaborado com a grande promessa da igualdade entre as classes, ainda, aumentou o “abismo” que separou os mais pobres com os mais ricos. Não acredito na meritocracia, porém, não acredito em nenhum regime que tenta nivelar essa igualdade para a linha da miséria humana, após o regime stalinista. Mas, vamos ser justos com a filosofia socialista, Marx nunca disse sobre ficar pobre ou disse sobre socialismo ou comunismo, e sim, Engels. Acontece que a questão socialista não é tão simples assim, não caberia num texto só.

A elite não é raivosa pelo simples fato, que ela tem seus mecanismos de manipulação, até mesmo, acreditar que temos liberdade de escolher alguma coisa. Por outro lado, a elite nunca foi raivosa, porque teve uma escolaridade bem superior e sabe controlar seu próprio sentimento, sua própria raiva, sua frieza fazem deles exploradores. Portanto, seria muita ingenuidade acreditar que a elite poderia estar raivosa por causa de um regime populista que mais ajudou bancos e instituições financeiras e isso estará em qualquer jornal da época.

Entre muitas coisas que estão no texto, já me desanima o autor ficar dizendo chavões populares que nada tem de filosóficos. Chavões como “mídia golpista” me dão, na verdade, uma preguiça imensa em analisar esse tipo de coisa. Claro que as mídias vão ser manipuladas pelo governo, seja ele qual for, porque no Brasil as redes de televisão e rádio são por concessão, ou seja, se o governo achar por bem não liberar para tal rede de televisão, ele pode tirar ou boicotar.  Simples. A questão é que o governo petista abusou desse poder achando que suas resoluções populistas, eram coisas que não podiam ser criticadas, que o caso do mensalão, não podia ser mostrado. Muitos jornalistas foram mandados embora, com um simples telefonema. Se, realmente, a mídia conspirou contra o governo petista, não foi à toa não. Por outro lado, e muita ingenuidade política, achar que as mídias junto com o povo fazem alguma coisa, pois, na minha visão, não tem poder nenhum. Os franceses quebraram toda Paris. Os argentinos quase iniciaram uma guerra civil por causa da previdência. Os brasileiros acham que um “patinho” na frente do sindicato dos industriais – onde mesmo no mundo tem um sindicato dos industriais? – ou um pão com mortadela, bandeiras vermelhas ou piadinhas sem graça, vão realmente intimidar os políticos? Como disse, o sistema é um só, os políticos usam a massa para melhor manipular e fazerem o que querem, mas, quem fazem são eles.

Mas, é claro, que existe uma elite e essa elite ainda detém as capitanias hereditárias pelo simples fato, de ter acordo para melhor governarem. O Nordeste nunca passou a crise da seca, não se tem um plano de industrializar lá, por causa do interesse que há ainda na pobreza. Os dois governos petistas não acabaram com o coronelismo, o petismo não foi capaz de dar ao povo necessitado algo de verdade. Tirar o povo da miséria não é dar cento e alguma coisa de bolsa-família, porque você tem que estruturar a cidade, você tem de dar uma vida digna a essas pessoas. O que adianta dar dinheiro? O que adianta ter dinheiro, mas não ter infraestrutura? E não me venham com esse papo que a “direita golpista” fez a mesma coisa, porque se o petismo foi eleito com a promessa de mudança – no qual não se teve nem com as pessoas com deficiência, pois, até a fiscalização da lei de cotas das empresas foram paralisadas – então, deveriam moralmente, fazer diferente ou até melhor do que a “direita golpista”. O que fizeram melhor da “direita golpista”, foi corromper todo mundo sem distinção de ideologia política.

Essa é a vantagem de não ter nenhuma ideologia política, para poder analisar sem nenhuma prisão conceitual, sem nenhum chavão direitista e esquerdista.

Outra coisa é esse “golpe” que tanto os esquerdistas dizem, sem fundamento, que o ultimo governo petista teria sofrido. Para ter um “golpe de estado” tem que ser a força, militarmente, ataque entre outras coisas. Não foi assim. Mas se dizer que teve uma “traição”, aí eu posso até concorda, muito embora, eu concorde, que quem se aliou aos adversários políticos foi o próprio PT. Eles achavam que todo mundo iria ficar aliados a eles por toda a eternidade? Nem os deuses gregos, eram assim. A política tem a ver com o poder e o poder tem a ver com o interesse, esse mesmo interesse, tem a ver com o momento. Tudo é interligado e faz parte da restruturação do sistema. O sistema brasileiro gosta bastante de alimentar a pobreza, a ignorância e a criminalidade para o povo não cobrar do governo, isso nada tem a ver com direita e esquerda. Qual governante gosta de ser questionado? Qual governante que gosta de pessoas que sabem de muitas coisas e querem seu poder ter limitações? Toda crise é tirada dinheiro da educação, porque será? No petismo, não foi diferente.

Assim, dizer que esse governo é “ilegítimo” é forçar demais a “sardinha para sua brasa”. Primeiro, que o PT fez aliança com o PMDB para alcançar o poder, portanto, se elegeu a Dilma Rousseff, também elegeu Michel Temer. Não adianta achar que vai me convencer, que não sabiam das maquinações e as corrupções dentro do governo, porque, é impossível. Depois, sabemos muito bem, que a “direita golpista” faz isso a anos e não foram pegos, mas sabemos e quisermos mudar, pois, se quisermos algo igual, teriam elegido qualquer outro da “elite raivosa”. Essa mesma “elite raivosa”, apoiou a esquerda quando teve a sua maior chance de mudar o Brasil, tirar o povo realmente da miséria e não apenas dar um misero dinheiro a esse povo. A questão é ter uma resolução muito mais definitiva, muito mais afirmativa e muito mais responsável. Sem usar dinheiro público para pagar financiamento de campanha, sem tirar de onde não deve, para tampar rombos que eles mesmos fizeram. Sindicalismo. Você pega uma Kombi emprestada para uma outra função, depois devolve a mesma Kombi para sua função habitual. Só que o governo federal não tem uma Kombi, tem milhões de reais investidos em empresas estatais e fazer isso com esses milhões, requer uma manobra sindicalista muito maior. Ou seja, impossível.

Tem outra coisa, o vice-presidente do ex-presidente Lula é da “elite raivosa”, a mesma elite que os petistas acusam de ter dado o “golpe” a um governo que “pensava” nos pobres. Será? Será mesmo que foi a mídia que mostrou ou a população viu que nada mudou? As mudanças não vieram. As melhorias também não. O governo petista de São Paulo, foi um desastre – não apoio tudo do governo atual do prefeito eleito – porque deixou a cidade completamente, a deriva e gastando muito. O ex-prefeito queria transformar a capital paulista numa cidade europeia, impossível. Sem educação, sem preparo, sem policiamento, sem gerentes competentes, não deu certo. A socialdemocracia não funciona sem educação. A educação não é a escolaridade, a escolaridade é ética, a educação é moral. Portanto, a moral se aprende no berço, a ética se aprende fora dele.

Outra expressão do texto que o professor Cicero Barros escreveu, é a expressão “direita nazifascista” por conter fatos históricos sobre o tema. Uma pessoa que tem uma certa ignorância histórica sobre o tema, ainda podemos até entender, porque essa pessoa não teve uma educação adequada. Mas, um professor de filosofia, que sabe que por mais que esses políticos não tenham ética, estão longe de serem “nazifascistas”, é imperdoável. Eu sei que existem os defensores e até acho louvável, que alguém acredite em algo e defenda esse algo, com bastante fé. Porém, não podemos fazer uma crítica filosófica como se tivesse tendo uma conversa de bar. Impossível um sistema ter dois lados, impossível um sistema ser um TODO se é dividido em dois. Todo “ismo” tem a mesma essência.

Como disse vários autores – Huxley escreveu no prefacio do Admirável mundo novo na segunda edição em 1946 – os novos totalitarismos não são feitos por ditadores, com militarismo, com prisões, torturas e mortes, mas executivos que fazem só os que as corporações querem e desejam para o controle. O populismo é uma ditadura. Mas é uma ditadura numa maneira mais eficiência, o totalitarismo psicológico que faz com que a massa, faça o que querem os detentores do poder. Mas cuidado. Se tem o populismo de esquerda, também tem o populismo de direita, os conservadores também popularizaram o discurso esquerdista para melhor persuadir a massa a fazer o que querem. O professor de “filosofia” que escreve esse texto, esquece que não foi só a “direita raivosa” que fez a corrupção, a “esquerda santa” também corrompeu a grande maioria do poder. Houve o mensalão. Houve corrupção das empresas estatais. Houve acordo com vários governos de esquerda. Houve várias coisas que a direita já fazia, mas foi uma atitude ao extremo com a esquerda.


Portanto, a questão da corrupção do Brasil é uma questão cultural. Como disse acima, a ética é um aprendizado escolar, mas a moral é um aprendizado que se aprende no colo da mãe. Então, se joga um papel de bala na rua, você não tem moral. Se você não devolve um troco errado, você não tem moral. Se você fala mal do outro e só vê defeitos e não se coloca no lugar do outro, você não tem moral. Se nós mudarmos nossa própria atitude, as novas gerações vão aprender e aprendendo, vão agir conforme o que aprenderam. 

Deputada Maria do Rosário é roubada em Porto Alegre

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

É machismo ou um grito contra a igualdade de gostos?








Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Em grupo de Facebook, uma colega postou um meme – figuras que imitam fatos reais – que dizia: “Num mundo cheio de Anittas, sejam mais uma Kate Middleton”. Vamos esclarecer algumas coisas aqui que não estão, muito bem, esclarecidas. A Catharine Middleton é a duquesa de Cambridge e esposa do príncipe William, que é, a nobreza britânica. E a Anitta, como todos sabem, é a cantora que se diz de funk, mas faz um “frete” com o pop que as maiorias das cantoras, cantam. A questão não é musical, é comportamental. Enquanto Lady Middleton anda com roupas elegantes, aparece com os filhos sempre com sutileza, Anitta aparece com roupas bem mais provocativas. Mas a frase acima tem várias interpretações que não podem faltar.

  Mesmo que em alguns casos a frase é acusada de machismo – existe sim mulheres machistas – que tenho que descordar. O começo da frase começa com “num mundo cheio de Anittas”, como se todas quisessem ser iguais a Anitta, serem mulheres independentes, seres mulheres bonitas, serem mulheres que rompem as amarras de uma dominação masculina e encontram uma outra proposta. A questão vai muito além do machismo, vai até o medo que essas mulheres geram aos homens e eles, terem que se desdobrar para agradar as mulheres. A tempos atrás, o homem era o grande dominador e as mulheres eram “obrigadas” a aceitar isso, e quem rompia tudo isso, ou arranjava um outro igual (a diferença era mínima), ou era chamada de “puta” naturalmente, por aquelas que não tinham coragem. A questão é freudiana, porque tudo que criticamos, será sempre aquilo que não temos coragem de fazer. Aquelas mulheres e até essas que concordam com esta frase, não tem coragem de romperem com o “martírio” de um marido chato.

Outra questão “num mundo cheio de Anittas”, é a questão de todo mundo querer ser um personagem dentro da mídia. Eu quero ser “panicat”, eu quero ser igual o que está na moda. Quanto mais na nossa cultura que as pessoas tendem a fazer o que os outros fazem, tendem a fazer o que a maioria faz. O moralismo “tupiniquim” sempre tende a ficar repetindo o que os religiosos falam a séculos, porque, bem ou mal, somos herdeiros da religião católica romana. Ponto. O espiritismo é católico. O protestantismo é católico. O budismo é católico. Enfim, até o conservadorismo é católico e nada tem a ver com a essência do conservadorismo que é, sem dúvida, muito mais cético (eu diria, estoico), do que, propriamente, uma ideologia religiosa. Por outro lado, ser moralista não é ser conservador. O moralismo é uma doutrina ou um comportamento filosófico ou, até mesmo, religioso, que elege a moral como um valor universal, em detrimento a outros valores culturais. A frase sobre a Anitta e a duquesa Middleton, é muito mais moralista do que machista.

Por que? Porque a outra questão do moralismo é considerar inconsistente a moral considerada, com o sentimento moral, por se basear em preceitos (norma contém uma forma abstrata, ou seja, a descrição do fazer ou não fazer, e toma um comando em reação à conduta omissiva ou ofensa à conduta esperada), tradicionais irrefletidos (que não se reflete) ou por ignorar a particularidade e a complexidade da situação julgada. Ou seja, essa frase ignora a complexidade da questão, pois, ninguém poderia julgar ninguém por uma roupa, ou por ser apenas, ser diferente daquilo que todo mundo espera. Por outro lado, é uma questão de cultura. Em lugares tropicais, as pessoas tendem a serem muito mais propensas a serem sensuais e ponto, o resto é conversa moralista. E também existe outra coisa, a mistura que deixa o corpo da mulher brasileira muito mais definido. Então, não vejo diferenças morais entre a Lady Middleton e a Anitta, e sim, diferenças culturais. Os britânicos são mais conservadores por causa do seu clima, porém, não quer dizer que sua moral seja superior ou maior do que a nossa. Como disse em um outro texto, o conservadorismo não é uma doutrina de religiosos paranoicos e sim, uma doutrina cética que nada tem a ver com o modus operante das religiões.


Mas, porém, o verdadeiro religioso (no modo espiritual) é o cara cético que gosta do modo racional. Claro, que as pessoas creem em muitas coisas que não tem muito a ver, mas, as pessoas se enganam com suas crenças porque querem ser mais e ter razão. As coisas são muito mais complexas. As histórias são muito mais subjetivas e as verdades não são absolutas. 

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

O povo não é preconceituoso, é chato mesmo!


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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Uma das coisas que gosto da filosofia é o ceticismo que ela traz consigo. Desde muito jovem, nunca acreditei muito nas coisas que os outros me diziam. Claro. Eu era bem mais místico que sou hoje, porque aprendi também, que o verdadeiro místico, é aquele que tem um certo ceticismo. O religioso, o verdadeiro, tem um certo ceticismo. A questão é: devemos acreditar mesmo em tudo que nos dizem? Claro que não. Existem muitos blogs e muitos sites que dizem mentiras e muitas pessoas, que podem ser fakes (perfis falsos), manipulam a notícia e manipulam a opinião das pessoas. Falando sério, o nosso povo, é facilmente, manipulável. Nossa baixa escolaridade – não de frequência escolar, mas de qualidade escolar – permite tal coisa.

Vamos esclarecer uma coisa, o conservadorismo verdadeiro não vem de paranoia religiosa, ele vem do ceticismo e mais precisamente, o ceticismo de David Hume. Não tem nada a ver com pastor e seu pastoreio, tem a ver com as mudanças muito radicais, porque um verdadeiro conservador, tem um certo distanciamento a revoluções. Aprendi isso com o filósofo Luiz Felipe Pondé num vídeo interessante sobre o tema.  A questão é que estão confundindo um pouco as coisas e os preconceituosos – não os mesmos que os paranoicos da esquerda apontam – começam a mostrar a cara. Ser conservador requer estudo histórico, ser conservador é ter a certeza daquilo que você acredita e segue. Não ser fiscal de “c*” alheiro. Isso é gente chata. Aliás, gente chata, por exemplo, é contra o sucesso do Pabllo Vittar, não por ele ser um mal cantor e suas músicas serem uma porcaria (que de fato é), mas por ele ser “drag queen” e homossexual. É um fato e não negamos. Não se gosta da Anitta não porque suas músicas não têm nada a acrescentar na nossa vida – gosto do jeito e das atitudes dela – mas porque para ser uma mulher “direita” tem que se vestir sem decote e sem shortinho curto, ainda, ser submissa aos homens. Namoro com uma pessoa que usa decote, porém, me respeita e tem muita gente que não usa, que trai na cara dura. Caráter nada tem a ver com roupas ou religiões, tem a ver com atitudes.

Mas, também, ter atitude não é pedir intervenção militar. Não sou contra uma certa analise do fato da onda crescente da corrupção, mas, pedir que o exército faça o papel de polícia. Polícia é polícia (defende a sociedade civil) e o contingente do exército é o exército (defende as divisas do país).  Se são instituições legitimas ou coercivas, é uma outra discussão que tem a ver com a maneira que tratamos o discurso do poder como apenas um discurso. Aliás, um discurso tem que ter uma certa lógica enquanto o termo grego “logos”, como se tivéssemos que trilhar um caminho e se você desviar dele, você se perdera. A narrativa é um deles.

Daí chegamos ao ônus do problema. As pessoas que não sabem diferenciar os discursos – poderíamos analisar vários, mas esse não é o intuito do texto – acredita em qualquer narrativa que caiba dentro do seu conceito. Poderíamos dizer: “as pessoas com deficiência não podem namorar”, pelos critérios que sabemos existir dentro de uma narrativa sócio-normativa. Como ele vai sustentar a mulher? Como ele vai ter um emprego? Quem vai cuidar do casal se eles forem dois cadeirantes? Acontece que isso é um pré-conceito, ou seja, um conceito pré-estabelecido sem nenhum exame critico daquilo que se colocou como um valor. Assim, os algoritmos das redes sociais trabalham, eles trazem tudo aquilo que acham ser importante para você. Mas aí mora um outro perigo, o fechamento de uma caixa pronta sem que você monte. Ai, não foge da questão da televisão que moldava seus conceitos.  O Facebook e o Instagram – são do mesmo dono – moldam o seu conceito de status quo de sempre ser maravilhosos, sempre sermos pessoas importantes, sempre buscamos o amor enquanto, seres que quer o outro como companhia eterna.

Essa narrativa ocidental acaba sendo, chata. Temos que ser seres humanos, andantes, brancos, ricos (ou em situação média), tem que ser “gostoso”, tem que comer em tal lugar, tem que assistir tal coisa. Tudo aquilo que é popular é chato. Eu estou numa cadeira de rodas e isto não me impede de ter tirado três diplomas e escrever esse texto. Para muitas pessoas, isso não é possível pela imagem da pessoa com deficiência como uma pessoa que não pode nem, pensar. Pensar é inerente aos seres conscientes, portanto, os seres conscientes pensam e, muitas vezes, seres que nem imaginamos pensam também. O pai da computação, Allan Turing, uma vez disse que uma coisa que pensa diferente, não quer dizer que não pensa. Uma pessoa com síndrome de down pensa, ela só tem um atraso mental da idade que tem. Um autista pensa, só tem uma dificuldade de relação as pessoas. Pessoas que tem paralisia cerebral, que é meu caso, pensam e bem, só perderam alguns movimentos. A questão é complexa e merece uma reflexão melhor.


A questão é que esse povo é chato. Não são preconceituosos, são chatos mesmo. Porque querem ser aceitos por uma migalha de atenção. Só isso.


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A caverna chamada “rede social”


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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Estou de “castigo” do Facebook por causa de uma música que nem fui eu que postei lá, apenas achei bonita e compartilhei. Tive que migrar para o Twitter, porém, eu analiso muito melhor a conjuntura política por lá. Embora, eu acho que essa rede social sempre me lembra muro de periferia que tem sempre um revoltado que picha algo clichê. Quem não é clichê na nação dos “maria-vai-com-as-outras”? Sim. Eu posso dizer tranquilamente “Fora, Temer” e não ser de esquerda, eu posso muito bem não apoiar o Bolsonaro e ser conservador cristão. A questão é que o povo não entendeu que não estamos num jogo de futebol que você escolhe um lado, se a economia não vai bem, você não vai bem. Se a infraestrutura não vai bem, você não vive bem. Se o país não vai bem e não colocar pessoas certas e preparadas, as questões nem conseguirão ser discutidas em redes sociais. A questão não é ter um “herói”, mesmo o porquê, ele não conseguirá governar sozinho e se você não prestar atenção no voto parlamentar, você pode até atrapalhar seu candidato à presidência.

Agora imaginem pessoas acorrentadas desde seus nascimentos e essas correntes lhe prendiam para olharem na parede, onde refletiam sombras. Ninguém sabia que aquelas sombras eram sombras de algo muito mais verdadeiro, mas, essas sombras eram a verdade para aquelas pessoas. As pessoas nasciam nas correntes, cresciam nas correntes, ficavam adultos nas correntes, ficavam velhos e morriam acorrentados. Porquê, por quem, e o que levava a isto, ninguém sabia. Aliás, ninguém sabia sequer que estavam na verdade acorrentados e as sombras são ilusões de objetos atrás da fogueira que se encontrava nos fundos dessa caverna. E assim, um desses humanos, quebra as correntes, o porquê, não se sabe e nem se foi proposital. Sabemos que essa corrente foi partida e o homem saiu dessa caverna e viu um mundo diferente, um mundo que no primeiro momento fez doer seus olhos. Mas, ao acostumar sobre a luz do Sol, ele vê um outro mundo muito mais colorido, muito mais iluminado e muito mais, real. Não são sombras de algo atrás de um fogo, mas algo materializado e único. Algo belo e que nada tinha a ver, com uma projeção.

Poderíamos cair em uma certa tentação em colocar esse mundo verdadeiro em um mundo metafisico, mas, existem realidades que não percebemos e nem vamos perceber. O ser humano não percebe o obvio. Pesquisas mostram que nosso cérebro transforma o caos em ordem, o obvio muitas vezes, é caótico por desmontar nossas crenças que aquilo é uma ilusão e não existe. A questão é: por que aquele homem não surtou com esse obvio? Porque a nova realidade era ordenada, agora imagine que aquele homem descobrisse que não era homem e que era um inseto sonhando ser um humano. Com certeza ele iria surtar ao ponto de não aceitar. Porém, ao ver essa nova realidade o homem ficou maravilhado com que viu e quis alertar os outros, porque achou que aqueles seres humanos, eram aprisionados naquela pequena realidade. Mas ele aceitou rápido, ele de alguma forma, sabia que aquelas correntes o limitavam a ver coisas limitadas e bastante, comuns. Foi daí que o homem descobriu que as crenças daqueles seres humanos, acreditando que aquilo seja realidade, na verdade, eram meras sombras que os “donos” da caverna queriam que acreditassem. Mas cuidado, talvez um apresentador de tevê também esteja vendo sombras, um comunicador esteja vendo sombras.

A informação passa pelo filtro das nossas crenças pessoais, dos valores que somos educados. Então, aquele homem passou a falar sobre essa nova realidade aqueles seres humanos, dizendo que aquelas imagens são na verdade, sombras, copias de algo verdadeiro atrás do fogo. Ninguém acreditou. Todos acharam que o homem tinha ficado maluco, porque não poderia existir outra realidade a não ser aquela realidade que viviam. Disseram barbaridades para ele, ameaçaram, riram, até que, como o homem insistiu muito, ele foi assassinato por aqueles que quis libertar. Por que? Simples. As crenças dependem muito da realidade na qual vivemos e o que nos transmitiram. As pessoas da caverna acreditavam piamente que a realidade eram aquelas sombras, aquilo era apenas projeções de algo muito mais além do que poderiam imaginar. Os valores são criados dentro da cultura que esses valores foram construídos. Então, quando vimos um Sócrates, um Buda, um Jesus ou outras pessoas que saíram dessas “correntes”, eles são desprezados enquanto vivos. Porque o que diziam não interessavam muito os que detém o poder. Os donos da caverna.

Jesus é um exemplo bem significativo. Foi desprezado durante os três anos que tentou trazer a verdadeira realidade da alma humana, mas, não desistiu da sua missão emblemática de tentar tirar as “travas” dos olhos dos homens. Teve um fim trágico. Foi condenado e um bandido foi solto. Foi açoitado até suas costelas apareceram em carne viva e ainda, como um escarnio, teve sua coroa de espinhos que o machucaram até seu crânio ficar amostra. Seu olho ficou quase pendurado. Suas pernas foram quebradas na crucificação e suas mãos, quase se dividiram e duas. Sagrando, não conseguindo respirar, cego de um olho, no meio de dois ladrões, disse ainda: “perdoai pai, eles não sabem o que fazem”.  Ainda, um judeu caçador de cristãos, após sua morte, disse ter sido chamado por ele para ser seu discípulo e escreveu cartas, essas cartas são mais lidas do que seus ensinamentos. O mesmo império que matou Jesus, depois de trezentos anos, com a desculpa de seu imperador tinha se convertido, instituiu uma “ekklesia universalis” para pregar o que diziam ser as palavras de Jesus. Mas, no meio disso, o império se desfez só sobrando sua “ekklesia” e na idade média, muitos desses ensinamentos se mesclaram com ensinamentos de interesse político, interesses de dominar povos bárbaros, de limitar a procriação humana.

Então, novos homens se levantaram da caverna e quebraram a correntes como Lutero, como Calvino entre outros, também, na filosofia. Depois de quinhentos anos as correntes voltam e as crenças voltam como eram nos tempos do império romana. Jesus, não ficava com os moralistas, nem com os que defendiam a direita ou a esquerda, mas ficava com os “pecadores” e aqueles que eram doentes, eram tristes e se vivesse hoje, ficaria com o povo LGBT e com aqueles que precisasse de consolo. Ele mesmo dizia que o reino dele não era desse mundo, pois, ele não tinha nada que o prendia aqui e não dá satisfação para sacerdote nenhum.

Assim como Platão escreveu o mito da caverna em sua obra A Republica, no livro sétimo, poderíamos dizer que ele se referia ao que aconteceu com seu mestre Sócrates. Sócrates desfez a crença das sombras mostrando que os mestres que sabiam nada sabiam, mas eles mesmo, disse isto. A frase mais famosa dele: “sei que nada sei”, nada mais é do que a demonstração da humanidade do filósofo.  Quem mostra a sua ignorância sabe que entendeu a realidade. A ignorância desfaz as crenças construídas a partir de ensinamentos daqueles que querem dominar, os donos da caverna são aqueles que projetam as sombras. O que são essas sombras? Os anúncios de tevê? São as crenças religiosas? São aquelas crenças políticas?

As sombras são muito mais do que meras propagandas de objetos inúteis, muitas vezes. Quando acreditamos que uma rede social tem uma relevância política, você está numa sombra. Quando você acha que uma discussão política e usa meme, ou usa escarnio para atacar uma pessoa e não uma ideia, você vê as sombras. Quando você acredita que um único homem, seja da direita ou da esquerda, pode melhorar um pais de tamanho continental como o nosso, você está vendo as sombras. Na verdade, as sombras são todas as crenças que não sabemos educar nossa mente em não acreditar e não é culpa sua, muitas vezes, e sim, do sistema que você está inserido. Eu, por exemplo, tenho um ceticismo bastante apurado para heróis, para informações da mídia, e para, aqueles que ficam dizendo em “teorias da conspiração”, porque, a ciência como arma de dissipar as sombras, começam a produzir elas. Não acredito na ciência cegamente, do mesmo modo que não acredito na religião. Mas atenção! Eu não disse que Deus não existe ou sou ateu, eu não acredito cegamente na religião. Do mesmo modo, não acredito mais nessa forma arcaica de fazer política, mas também, não acredito em ditaduras os “messias” do tipo D. Sebastião, o rei que até hoje é esperado em Portugal.

Eu sempre digo que o Twitter parece um muro de periferia, memes sem sentido nenhum, escritos políticos de ordem (ordem até para o exército), como se as pessoas perdessem a sanidade. A questão é que as redes sociais viraram a caverna que Platão descreve, como sombras de uma realidade muito maior. Sempre, no Natal, acreditamos em um papai Noel fabricado por uma fábrica de refrigerante – que foi acusada de usar coca na sua formula -  que hoje, sabemos não ser verdadeiro. São Nicolau andava de treino, puxado por cachorros e tinha uma roupa verde e não vermelha. Acreditamos num coelho da pascoa do tipo das fabulas dos desenhos Disney – a maior desgraça de George Lucas foi vender os direitos autorais para ela do Star Wars – porque, coelhos são animais que se reproduzem rápido e o ovo, de chocolate, é o símbolo da renovação. Mas a maioria prefere ficar nas sombras e acreditarem só no que compram, no que enxergam, no que pensam ser a felicidade. A felicidade não é ter um carro, é poder ter um carro, pois, o comprar não quer dizer se vai poder manter. A felicidade não é parecer rico no Instagram, é manter essa felicidade quando não tiver mais nada disso. A felicidade deveria ser igual Deus para o judaísmo, pois, escrevem D´us para não dizer o “nome dele” em vão, no mesmo modo, deveríamos escrever “alegrinho”. Somos, na verdade, alegrinhos.

Talvez, eu nasci com as correntes fracas porque sempre tive a necessidade de aprender e quanto mais aprendemos, sempre vamos enferrujar essas correntes. Mas se as sombras são símbolos de uma realidade ilusória, e as correntes são os conceitos que nos ensinam dentro da cultura onde foram produzidas. Ficamos presos em religiões. Ficamos presos em conceitos. Ficamos presos em ideologias. Sem questionar nada, ficamos acreditando em crenças que nada vão ajudar em nosso crescimento. A evolução universal, não tem a ver só na biologia, mas existe uma evolução muito maior dentro do que conhecemos. Você acha que todo o conhecimento acaba nessa vida? Você acha que tudo que leu, aprendeu, que viveu, que absorveu e fez, acabara no nada? Seria muito mais simplista e preguiçoso achar que acabou na hora da morte, seria, no entanto, mais cômodo acreditar no nada.


O nada é uma sombra, tem a mesma validade da questão do mistério divino, não há como acreditar cegamente. Sou cético ao ateísmo militante ou não, sou cético na questão religiosa, sou cético na questão cientifica. Minha mãe morreu de câncer e todos nós sabemos, que a onda crescente de câncer é devido aos testes nucleares do atlântico. Isso não é uma teoria da conspiração, isso é fato comprovado com as bombas de Hiroshima e Nagasaki, do acidente de Chernobyl e por mais que neguem, muitas nações fizeram sim testes nucleares.  Então, eu não acredito que as coisas são simples como explicações cientificas só para explicar uma doença que era rara, passou a ser comum no século XX.  Porque? Por que tantos esforços para explicar algo que quem tem uma leitura razoável cientifica, sabe que as explicações não têm nenhum embasamento? Por que devo acreditar em algo que é financiada pelo dono da caverna? Isso é não acreditar nas sombras. As crenças não são só religiosas, vivemos numa realidade que aprendemos ser realidade. Mas será mesmo que é a realidade?

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Lula diz que ganha de Bolsonaro


Lula diz que tem o dobro de votos dos outros candidatos (crédito:internet)


O ex-presidente Lula gosta de dizer coisas que os outros provam não ser verdade, como dizer que terá em 2018 o dobro de votos de todos os candidatos juntos. Sabemos que isso é impossível. Ele sabe que precisa da sua antiga maioridade de votos, que não terá mais por causa das investigações da Lava-Jato. Porém, na questão de ganhar do deputado federal, Jair Bolsonaro, me parece verdade, mas como sabemos, as pesquisas podem mostrar votos virtuais. Afinal, estamos ainda muito tempo das eleições, muitas águas vão rolar.


Vejam a reportagem. 


Quem abriu a caixa do “preconceito”?




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior


Muitas pessoas têm estranhado as várias reportagens dentro da mídia sobre o tema da grande “avalanche” de comentários racistas e de qualquer tipo de preconceito. De onde isso veio? Pouco antes de morrer, o escritor e filósofo Umberto Eco disse, que a internet deu voz aos idiotas. Pensamos. O que quis dizer o filósofo italiano sobre isso? O termo “idiota” tem seu significado hoje, de uma pessoa tola, que falta uma certa inteligência, ignorante e estupido. Porém, quando olhamos a etimologia - um estudo da origem, ou história evolutiva das palavras – vimos que o termo idiota, veio do termo grego helênico “idios” que quer dizer “privados”.

O termo passou a ser “idiotes” que significava “pessoa comum”, aquelas pessoas que não exerciam nenhum cargo público dentro das polis. Talvez, Eco, tenha percebido que há muitas pessoas comuns que são ignorantes em vários sentidos, porque não se pode saber tudo em todo o tempo. Porém, na maioria das vezes, a questão é por não querer pesquisar sobre o assunto ou não querer abrir mão das suas convicções. O “idiota” é sempre o egoísta que pensa está com a verdade a todo custo, sem se importar com os sentimentos dos outros, sem se importar com nada que está a sua volta.

Nesse ínterim das “verdades” que se acredita, existe o conceito, que pode ser pré-estabelecido ou pós-estabelecido, dependendo de que valores se referem a educação que recebeu. O termo conceito quer dizer, uma compreensão do que uma pessoa tem de uma palavra, concepção ou ideia de algo ou de alguém. Um pré-conceito seria, qualquer opinião ou qualquer sentimento que foi concebido sem nenhum exame crítico sobre aquilo que se vê. Por não ter esse exame critico, ele passa a ser um sentimento hostil, assumido de consequências de generalização apressada de uma questão pessoal ou que, pode ter sido, imposta pelo meio onde vive. Ou seja, poderá ser uma pessoa intolerante.

O que dizer do caso da “socialite” que agrediu duas crianças com termos pejorativos preconceituosos? Ou sobre a frase racista do jornalista Willian Waack proferiu em bastidores por causa de uma buzina? Não só aqui existem manifestações de pré-conceito, em 2015, o biólogo e escritor britânico, Richard Dawkins, disse que seria imoral uma mãe ter um filho com Síndrome de Down. Como se disse acima, o pré-conceito, seria uma generalização apressada de uma falta de senso crítico, que muitas vezes, é imposta pelo ambiente de onde se vive, mesmo que se tenha um auto grau de conhecimento ou estudo.

A empatia e a apatia, tem a ver muito com isso. Porque a empatia, vai muito além de ser simpático – em algum lugar, várias pessoas podem dizer que ser simpático é ser polido – ser empático é se colocar no lugar do outro, é um exercício de automutilação do seu ponto egocêntrico. As questões podem ser postas na seguinte forma: se eu tivesse um filho adotivo negro? Se eu tiver um filho ou um parente com deficiência? Se eu tivesse sido alguma dessas minorias? Se eu tivesse alguém do meu convivo homossexual? O “leque” se abre ao infinito e sabe-se muito bem, que ser empático é ir além de tudo e todos, mesmo quando, a indignação reina nas opiniões.

A apatia é a indiferença do outro como pessoa. Uma pessoa apática é uma pessoa que pode sofrer de um histórico de pré-conceito, um trauma muito grande, um sofrimento que a levou a rejeitar seu lado humano.  Sua origem vem do grego “Ápatheia” que quer dizer “ausência de dor ou sofrimento”, ou seja, uma pessoa apática pode ser uma pessoa que sente forte ausência de sentir alguma dor sentimental.  A apatia pode ser por indiferença de crença, ideologia política, convicções de gênero, normatividade do corpo, ou até mesmo, por convicção da verdade. Talvez, são impostas do mesmo modo, que são impostas a falta do senso crítico no caso do pré-conceito.

Claro, que se pode dizer, que a ética seria algo subjetivo dentro da ótica do livre-arbítrio, ou seja, a ética não é uma norma que se pode medir o que é bem e o que seria mau. Condutas como está, que visam a empatia, são condutas aceitas e ditas como éticas, mas a ética em si mesmo, como algo universal, não existe. Seria ético matar aquele que matou um ser amado? Uns diriam que seria justo, outros, no entanto, diriam que seria um novo crime e que sem provas, seria algo como “fazer justiça com as próprias mãos”.  O que se faria nesse caso? Como ficaria a satisfação de justiça dada a quem perde alguém que ama? A ética, se torna, claramente, uma coisa completamente, subjetiva, pois, tem viés empático ou apático.

Porém, no caso do pré-conceito que vivenciamos e vimos em todas as esferas sociais e em todas as redes sociais, é a verdade subjetiva que reina em absoluto. Na esfera do mundo não virtual, o preconceito é a não aceitação daquilo como real, aquilo que pode acontecer em seu meio, em sua convivência. No entanto, há dentro da psicanalise de Freud, uma explicação plausível: o medo de assumir aquilo que está enrustido dentro de você mesmo. Ou medo, que aquilo aconteça dentro da esfera normativa da sua vida, afinal, uma deficiência pode ocorrer ao longo da sua vida. Um filho ou uma filha, pode casar com uma pessoa de outra etnia ou cor de pele, ou até mesmo, mudar de gênero e se assumi homossexual. A questão é o medo, o medo faz das nossas atitudes, atitudes irracionais de ódio e o ódio cega.


O pós-conceito é muito pior, pois, mostra escancaradamente, a questão da rejeição de um padrão normativo dentro de um padrão de beleza ou um padrão de convívio. O convívio requer a empatia, porém, em tempos que tudo se transforma em uma padronização das normas estabelecidas – sempre se volta ao que era antigamente – a empatia se torna a apatia a tudo que vem de igualdade. O pós-conceito é a certeza que não existe pré-conceito, a certeza que não existe desigualdade, que não existe exclusão. A realidade se transforma em uma certeza, uma verdade que pode ser definida como “sombras”. Meras “sombras” de seres acorrentados em uma caverna, como diria Platão. A caverna da pós-verdade. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A DEPUTADA E OS DIREITOS HUMANOS



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Outro dia, eu estava lendo um artigo no Estadão da deputada Mara Gabrilli, contando um pouco da sua visão sobre os direitos humanos para pessoas com deficiência.  Em uma outra entrevista, acho que foi para a Folha de S. Paulo, ela disse que se sente envergonhada de ser do PSDB depois que o senador mineiro, Aécio Neves, ter te enganado. Duas questões que não querem calar: primeiro, o porque ela não sai do partido que não concorda mais da sua convicção? Porque se eu não estou satisfeito com as convicções de um partido (ideologia) ou uma religião (crença), eu não sentirei mais obrigado a seguir aquilo, não terá mais as minhas convicções naquilo. Depois, todo mundo sabe, que discursos muito bem montados são discursos retóricos, ter uma boa retórica, é uma coisa herdada dos senadores romanos.

A questão desse texto, não é a vergonha que ela diz sentir pelo partido e pelo sanador mineiro, é sobre os direitos humanos. Lembramos sempre, que as medidas que garantem os direitos universais do homem e todos os seus diretos como pessoa humana, seja ela qual for, foi feita logo após o fenômeno nazifascista. Isso a nobre deputada se esqueceu. Também acho, porque não faço media com ninguém, que vários fenômenos conceituais nazifascistas vieram dos que fizeram a resolução. Os norte-americanos inventaram a eugenia. Os norte-americanos inventaram medidas muito piores, do que o Apartheid sul-africano, ou a própria escravatura. E nós, como a cara deputada deve saber, só tivemos algum direito de sair as ruas a partir dos anos oitenta do século passado. A ONU construiu uma resolução dos direitos das pessoas com deficiência, ratificada pelo Brasil em meados do novo milênio. Porém, sem sombras de dúvida, não serviu de nada ser radicalizar a convenção. Não mudou a educação, não existe auxiliar de nada dentro das escolas. O transporte não mudou nada. Não mudou nada temos um direito de viver e não poder trabalhar. Que aliás, a dona deputada, deveria exigi que tenha fiscalização do cumprimento da lei de cotas de empresas, que por motivos lógicos, foi cortado.

Tirando a parte do povo carcerário com deficiência – não sou a favor da pena de morte, mas também, não sou a favor de melhorar a vida de pessoas que escolheram ter essa vida. Pior ainda, se ficou paraplégico, porque é um efeito diante da causa. Mas, claro, que devesse dar uma outra chance, mas não deve dar melhoria, pois, não seria um castigo – eu concordo com a maioria do texto, mas não concordo de se escrever um texto e não fazer nada e seu partido, que sente agora “vergonha”, não faz muita coisa em relação as pessoas com deficiência. Vamos pegar o ensino médio e o ensino técnico aqui em São Paulo, administrado pelo Centro Paula Souza, onde não tem acessibilidade das etecs, não tem interprete de libras, não tem de auxiliar para ajudar nos gabaritos, não existe organização entre outras coisas. Como a deputada faz um discurso de respeito dos direitos humanos, se o governo do seu partido não respeita a própria legislação? Fora a questão do transporte municipal porta-a-porta, que não faz jus ao que está nem no estatuto da pessoa com deficiência, que insistem em chamar de, Lei de inclusão.


Você ser uma “parede” entre as pessoas com deficiência e o governo na questão do BPC e o LOAS, não te faz ser uma pessoa justa, já que defendeu uma aposentadoria máxima por uma atleta que ficou deficiente por causa da sua teimosia. Apoiou e apoia um evento de uma entidade que não faz nada para incluir, porque a AACD tem uma filosofia clara de dependência dos 0 até os 12 anos de idade, onde o pai tem imensa obrigação de além de pagar, tratar eles como deuses. A deputada deve saber que a entidade expulsa quem não concorda com seu tratamento, não concorda com seus métodos, não tolera que pessoas com deficiência prove que eles estão errados e que temos sim, a capacidade de ter uma vida independente. Não deveria pontuar “direitos humano” se nem seu próprio partido, o respeita sem ao menos, respeitar o nosso direito de acessibilidade e de inclusão. Construir rampas é muito fácil, ter uma lei mequetrefe de cotas de empresa é fácil, é o básico, fazer o discurso virar ação, é o difícil. 

domingo, 26 de novembro de 2017

Nem Bolsonaro, nem Lula





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Como eu escrevo manchetes como escritor “freela”, eu leio milhares de notícias que circulam pela a internet e posso assegurar, que o Brasil hoje, não tem partidos de direita fortes e grandes. Existem partidos conservadores menores, mas não partidos de direita expressivos dentro de um cenário mais popular. Porque aqui no Brasil, se colocou o liberalismo no rol da direita e não é bem assim, se você ler obras de vários economistas famosos lá dos anos 40 e 50, vai constatar que os conservadores usurparam o liberalismo para caber só na economia. Porém, o liberalismo é uma filosofia que surgiu como uma resposta política do iluminismo a liberdades individuais – como acredita também a esquerda democrata social – onde cada indivíduo responde pela sua conduta e pela sua vontade.

Acontece que nem a direita me agrada e nem a esquerda, que ao meu ver, são apenas “rótulos” de uma política de interesses ideológicos, religiosos e de caráter, misterioso. Embora, eu ache com bastante convicção, que existem várias conotações ideológicas que podemos chamar como esquerda, porque, a esquerda não é só comunista. Nunca existiu uma nação comunista, nunca existiu uma nação totalmente comunitária, porque o ser humano é movido pelos seus próprios interesses e mudam conforme esses interesses vão mudando. Acontece que o Brasil nunca houve uma modernização, nunca houve uma mudança definitiva dentro das premissas únicas de evolução, há somente, interesses e muitos pensamentos que não cabem dentro do mundo hoje. Afinal, quem quer mesmo, votar em dois candidatos despreparados? Não me venham se sabem ou não de economia, eu quero saber se sabe administrar a máquina do ESTADO. O cargo maior do executivo, não existe só ele para governar, é o máximo que uma nação pode ter. por isso, devemos tomar cuidado quem é o porquê, colocar o presidente lá, não é um jogo de futebol.

A política brasileira é o reflexo da sociedade brasileira, não me isento de ter feito algo “não ético”, então, eu não tenho aquele discurso de sempre achar que políticos que não tem ética. Ética tem a ver com caráter e caráter, queiramos ou não, aprendemos dentro do nosso bercinho e no colo da nossa mãe. Se eu e meus irmãos somos pessoas honestas e trabalhamos para conseguir as coisas, é porque aprendemos a valorizar nossa consciência e valorizamos a ética. Acontece, como somos animais sociais (Aristóteles diz em grego “politikos” que quer dizer “relativo ao cidadão ou ao ESTADO” que veio de “polites” que quer dizer “cidadão”), somos animais morais. Se somos animais éticos, somos animais morais relativo ao costume, as regras sociais diante ao outro em um estado de direito. O que é um estado de direito? O termo “direito” ficou banalizado, porque todos dizem ter algum direito, parece que todo mundo para ser feliz tem que ter o tal direito. Um estado de direito são leis participativas que visam assegurar o direito de todos em uma convivência mutua entre as partes, que pode ser em leis da justiça, quando chega ao patamar de desrespeito, ou de conscientização, quando há preconceito.


Portanto, não vou votar nem no Bolsonaro e nem no Lula por uma simples razão: não voto em partidos e nem em ideologias, se o cara defende uma agenda mais progressiva, ou o cara defende uma agenda mais conservadora (aqui no Brasil não sabem o que é conservadorismo político e confundem com conservadorismo moral), tanto faz, o que me interessa é o que ele propõe em concreto. Nada de discurso populista, discurso ideológico, discurso de pessoas que não sabem nem o que estão dizendo. Será mesmo que vamos perceber? 


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Por que as pessoas não leem?



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Concordo com Schopenhauer, que pessoas que não tem ideias próprias não podem ser chamadas de escritores, acho que esse é o problema da coisa. A questão é as pessoas se trancarem em “bolhas ideológicas” dentro daquilo que concordamos, porque é muito mais cômodo para a própria pessoa. Daí a ideia de Schopenhauer faz sentido, a questão é você saber ter as ideias próprias, pois, pensar por conta própria é algo muito difícil. Nada tem a ver com a baixa escolaridade, e muitas vezes, nada tem a ver com o não entendimento das palavras. A questão é outra e muito mais grave: estamos numa zona de conforto que não se quer sair. Isso, o filósofo prussiano Immanuel Kant, já dizia no século dezessete.

A alienação não é um fator dado, acho com muita convicção, que a alienação é uma escolha como outra qualquer, quanto mais, na era do Google. O que pseudofilósofos dizem são verdades e o que escrevemos, são “fake News”, e é um fenômeno estranho dentro da gama de conhecimentos que estamos envoltos. Isso tem a ver com as crenças das pessoas. Aquilo que se acredita, se torna aquilo que te levará a um conforto. A questão pode ser vista na seguinte forma: estamos acorrentados desde nossa tenra infância e só somos condicionados a enxergar sombras, essas correntes são os valores e as crenças que somos ensinados desde a infância, a ficar dentro nesta caverna. O símbolo da caverna é milenar, até arrisco a dizer, que o símbolo da caverna é o símbolo da forma de morte e renascimento, o símbolo da ilusão de Platão. Sim, amigos. Platão ao dizer que os homens estão em uma caverna acorrentados, está, claramente, dizendo que somos condicionados à só enxergar ilusões. A maioria da humanidade, está dentro desta mesma caverna.

Não é que você só lê jornais como Estadão, Folha entre outros, que te faz ser o cara que saiu dessa caverna, quem sai dessa caverna é aquele que analisa a cada linha, o que você está lendo. Uma notícia não é um post do Twitter que tem 140 caracteres, aí você começa a entender o que as pessoas estão pensando. Não, não é. Escrevo notícias para o Blasting News, que é uma revista eletrônica norte-americana, que tem como base, um conceito de social jornalismo. Isso é bom, porque os blogueiros que tem a capacidade de escrever noticia, vão passar a ter mais cuidado enquanto fonte segura. Isso mesmo, se nós não tivemos fontes seguras eles não liberam as notícias. Se eu tenho lá que “PROCURADORIA DESCOBRE NOVOS DESVIOS PARA PT E PMDB” ou “SENADOR RENANCALHEIROS PODE PERDER O MANDATO”, é porque mostrei a eles fontes seguras de notícias, geralmente de sites de notícias confiáveis, para eles liberarem. Se sou chamado de produtor de “fake News” é porque estou mexendo com aqueles, que Platão diz, enxergar as sombras.

As sombras são geralmente a realidade mostrada a partir de uma crença religiosa ou ideológica, nem sempre ideias religiosas são espirituais, nem sempre ideologias são realmente, modos de fazer política. E há sim, religiosidade política quando você condiciona a sua vida a um partido e a um candidato, que é o caso do Lula (PT) e o Bolsonaro (PSC), que são humanos e podem sim errar. Ou, crenças religiosas sobre fatos históricos que levaram a situações que achamos serem confortáveis, como o regime militar, ou outros momentos. Vivemos numa caverna, mas uns saem e outros, não.

Geralmente, aquele que sai enxerga um outro mundo, não aquele que programas policiais mostram ou os telejornais costumam achar pertinentes, mas aqueles que transcendem esses momentos. Se eu vejo casos imensos de corrupção, não enxergo que o pais não tem jeito ou o Brasil precisa de um “messias” (muito menos uma ditadura), enxergo uma realidade de fora da caverna que é a verdadeira. Lutamos para enxergar a verdade, tanto é, que Platão coloca que o homem que saiu da caverna tem seus olhos ofuscados, pois, ofuscar é você acostumar ao escuro e não ter olhado a luz verdadeiramente. O que é a luz?  O conhecimento. A informação só vira conhecimento quando se entende realmente, essa informação. A erudição não é citar obras de outros escritores, escritores originais são verdadeiros escritores, filósofos só são filósofos se tiverem ideias originais. A maioria dos filósofos hoje, pelo menos ao que li, não são originais.

Filósofos religiosos não são filósofos. Filósofos ideólogos, não são filósofos. Isso quer dizer, que os olavettes não são seguidores de um filósofo, mas de um intelectual. Um intelectual joga ao vento o que sabe, um filósofo analisa verdadeiramente, sem achar que está com a verdade ou não. O que o intelectual Olavo de Carvalho faz é jogar o que sabe ao vento, só que a maioria das coisas não faz sentido, porque a filosofia também tem seus métodos. Então, é apenas um intelectual que vive de polêmicas igual o Paulo Ghiraldelli Jr entre outros, que jogam o que sabem ao vento sem ter uma análise própria, particular. Citar outros filósofos, é uma coisa, distorcer outros filósofos e fatos históricos a favor de suas crenças, além de ser desonestidade intelectual, ainda te faz ser menor.


Como cheguei a isso? Porque eu leio. Não leio só noticia, não leio só o que me agrada ou é confortável ao que acredito (seja religioso ou político), eu leio até do que eu não concordo. Mas eu leio. Não critico uma manchete só pelo título, não critico um filósofo só por causa de um outro que crítica ele. Eu tenho que ter o mínimo de base para uma crítica consistente daquilo que me propus criticar. A crítica dentro da filosofia, não é uma crítica de julgamento, uma crítica filosófica, é uma análise minuciosa daquilo que eu quero analisar. Assim, no livro “A Arte de Escrever” do filósofo Arthur Schopenhauer (1788-1860), está que só quem é um erudito é aquele que lê pouco, mas aquilo que ler, vai “digerir” melhor o que o autor disse ou escreveu. Ele está certo? Acho que houve um exagero do filósofo, mas, certamente temos que ler devagar as obras literárias, as obras filosóficas, as manchetes dos jornais. Pensar, ter a coragem de questionar (não opinar, que é diferente), ter a capacidade de pesquisar. Só assim, seremos um outro povo, cidadãos de verdade. 


Quem quiser fazer parte dessa plataforma de noticia (aqui)

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Teleton, para quem mesmo?








Por Amauri Nolasco Sanches Junior

A bastante tempo venho escrevendo sobre o Teleton e a bastante tempo, venho sempre batendo na mesma tecla, que o capacitismo não vem de fora dos centros de reabilitação – não todos – mas, o capacitismo também está nas entranhas do movimento. Uma prova que o Teleton é capacitista, mercadológico e sem servidão nenhuma, é o que minha colega Claudia Borges disse em um post do seu Facebook:

<<Ao atender uma moça me pede o nome do médico e especialidade, me transfere para marcar consulta, a outra moça pergunta é paciente do Dr. a muito tempo respondo que sim, e também da AACD, ela me pergunta em que andar passa com ele? Você é público ou Convênio? Respondo estou na dúvida se 1 andar ou segundo, e sou Convênio, ela me responde vou te transferir para o 2, pois aqui só paciente particular, e cada consulta é R$ 400,00, me transferiu novamente e mesmo sendo convênio só consegui vaga para 18 de Abril do ano que vem... Agora me explica quem esse teleton ajuda? Pois nem mais convênio tem facilidade, lá dentro quem tá mandando na rapidez da fila de espera e do atendimento é quem tem grana viva. E o povo doando para ajudar quem já tem para pagar....>>>

Eu acho que não há mal nenhum em cobrar em uma consulta, afinal é e sempre foi uma “coisa” particular, mas a AACD deveria ser muito mais sincera e dizer para todo mundo que cobra, que o dinheiro para o Teleton é uma ajuda de custo a mais para a construção de centros de reabilitação.  É “espetacular” as pessoas acreditarem ainda em uma entidade que não tem moral nenhuma, para dizer qualquer coisa sobre reabilitação, sobre inclusão. Porque quem faz a verdadeira inclusão não é a AACD e nem o Teleton, tenho até provas, que nada lá é de graça, nada lá é certo ou maravilhoso para se abrir uma emissora de televisão, para esse tipo de espetáculo. E não venham dizer: “ah, na minha cidade ela funciona”,  “ah, eles sempre me trataram muito bem e não tenho reclamações”, porque eu sei o porquê da maioria dizer isso.

Tem mais uma outra coisa, ninguém aqui está falando de coisas que não existem, porque existem e muito, num dos comentários do post de colega, havia uma moça dizendo que não fazem RX pelos SUS. Dês de 2013 venho relatando que AACD não faz RX por causa do caso grave da minha noiva, ainda, tenho ressalvas de muito antes em um caso ou outro do que vivo e as pessoas ainda acham ser “mentira”. O caso mais recente da AACD foi descobrir que o entortamento do meu pé, não é uma questão do pé ou da perna, a questão do entortamento do meu pé é a bacia. Inevitavelmente, terei em minha velhice, uma bacia deslocada e muitas outras coisas dentro de um tratamento “porco” dessa entidade. Minha colega Claudia, vai ser atendida em abril, que já é um ganho, pois, muita gente aguarda cirurgia e não tem como recorrer.


O Brasil está falido em suas instituições que deixam a discriminação ser a pauta da vez, faliu a ética e a moral para consultas serem marcadas muito tempo depois. É capacitismo sim, infelizmente, muito comum em nossos dias.  

Generais  militares preocupados


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A velha história do transporte acessível





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

A muito tempo venho falado que as pessoas com deficiência estão se iludindo se pensam ter algumas representações em alguma instancia – já expressei meu total apoio do Partido da Acessibilidade e Inclusão Social como uma representação concreta – estão totalmente enganados. Nenhum partido fara nada a não ser piorar aquilo que já está ruim, assim, a representação de nós, pessoas com deficiência, ou fica a cargo dos movimentos populares, ou fica a cargo dos conselhos e secretarias que não tem poder algum dentro do governo. Seria igual uma medalha de honra sem ter valor nenhum, sem alguma representação, sem nada que possa dizer que somos atendidos e muito bem tratados. Ou você faz algo pela causa, ou faz por você mesmo, ou fica à mercê de serviços públicos sem nenhuma eficácia. Aqui em São Paulo, ficamos à mercê de empresas de ônibus que além de conservarem muito mal os ônibus, além de não treinarem as motoristas de ônibus ainda, conservam muito mal as vans do serviço de vans acessíveis porta a porta, ATENDE.

Não vou contar a história do serviço ATENDE, mesmo o porquê, não é nossa finalidade dentro do texto em si. Mas, existem três modalidades dentro do serviço, a modalidade regular que atende tratamentos de semana, a modalidade eventos de finais de semana e a modalidade eventual, que são de atendimento médico. O regular também leva a consulta medica, mas são tratamentos mais diários que dependem de toda a semana, o eventual, seria uma vez por mês. Vamos falar da modalidade eventos que dão milhares de dor de cabeça não só para mim, mas para todas as pessoas que tem um movimento – também dá muita dor de cabeça para o conselho municipal das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida – que tem que ir em eventos. Para entender a situação temos que entender qual o papel importante dos movimentos dentro do segmento das pessoas com alguma deficiência.

As pessoas com alguma deficiência não têm mobilidade o bastante em uma rua do Brasil, são ruas com buracos, ruas sem nenhuma pavimentação, calçadas irregulares (que chamo de calçadas personalizadas), calçadas pequenas, calçadas com buracos e outras coisas – como se não pagássemos impostos de tudo que compramos e até pagamos impostos dos aparelhos que compramos (mesmo os que adquirimos pelo governo) – que dificulta o trafego e dificulta as pessoas com deficiência terem uma vida mais ou menos, “normal”. Os movimentos têm o papel de não só lutar pelos direitos das pessoas com deficiência, mas tem o papel de tirar essas pessoas de dentro de casa para o mundo lá fora. A questão das pessoas com deficiência vai mais além do que o capacitismo, porque a questão das pessoas com deficiência vai além do “direito”. Arrisco dizer que passa a ontologia (do grego onto que é homem e logos que é estudo), o estudo do ser que se transforma dentro do arquétipo (que vem do grego arké que quer dizer “principio”) que são a imagem que temos das coisas e para as pessoas com deficiência, o arquétipo da deficiência ao longo dos séculos, é um motivo muito plausível para se ter a duvida da capacidade.

Quando não tem transporte, aonde o movimento vai fazer esse tipo de trabalho? Se não houver transporte, como as entidades terão capacidade de tratamento? Se não houver transporte, como vamos estudar, como vamos ter lazer, como poderemos trabalhar? E ainda defendo que mesmo se houver um usuário na van, aquele usuário paga seus impostos, seus familiares paga seus impostos para cada van custar R$ 14.000 mil reais para a prefeitura. Usualmente, elas não saem de graça, elas não são caridade do poder público, custa muito para o contribuinte que tem que arcar com serviços públicos de má qualidade. Elevadores quebrados, pisos de dentro da van inadequados, entre muitas coisas, que saem de cada bolso de um suor obrigado, massacrado de não ter, muitas vezes, como sustentar sua família. Mas, é obrigado a sustentar o poder público e o dinheiro não volta, nem no transporte, nem na saúde (tratamentos nos postos de saúde das periferias não existem), nem mesmo na educação. Não precisamos ideias capacitistas de assistencialismo teletonianas, que alimentam mais a incapacidade da sociedade de nos ver como ser humano. Mas, precisamos de uma educação inclusiva, uma eliminação definitiva a ideia inata (arké platônico), de uma imagem inexistente de uma pessoa incapaz. Sem o transporte não podemos nos locomover (direito a ir e vir), não podemos ter saúde (direito a vida), não podemos ter educação (direito ao aprendizado) e também, acima de qualquer imagem, não temos nem como trabalhar naquilo que escolhemos (direito da livre escolha).

Espero, sinceramente, que o prefeito João Dória – acima de qualquer ideologia política partidária – arrume tudo isso, que até o momento, está gerando imensas confusões. Primeiro, que dez dias para marcar um evento é muito e gera confusão, por exemplo, mandei fichas para o dia 15, 19 e 26, e somos informados que as fichas não chegaram e não vamos poder ter o evento nesses dias. Segundo, nenhum técnico que faz a programação do horário do transporte regular, andou no trajeto que ele acha conhecer. 20 minutos de uma estada a outra a 50 km é até motivo de piada, porque sempre agora, eu chego atrasado na minha fisioterapia. Terceiro, a qualidade da maioria das vans é péssima, as molas de carreto as vans pulam muito, a qualidade é “podre” e nem uma carrocinha de cachorro poderia ser desse jeito.


Como diria o orador romano, Cicero, “até quando iremos aguentar isso?”. 

Filósofa é agredida em aeroporto

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Os surdos têm a sua vez



Enem 2017 - prova de redação (Foto: G1)



Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Mesmo alguns colegas, por razões ideológicas ou praticas, fazerem duras críticas, o tema da redação do ENEM foi interessante. Mesmo o porquê, a questão da educação para surdos – esse politicamente correto ficar chamando de pessoa com deficiência auditiva é muito chato – não é debatida e tem muito a ver, não só os surdos, mas outras deficiências. Na ilustração está: “SOU SURDO E PÓS-GRADUADO EM MARKETING. E NA SUA EMPRESA, TEM ESPAÇO PARA MIM? ” e embaixo está escrito: “TRABALHO NÃO TOLERA PRECONCEITO, VALORIZE AS DIFERENÇAS”. É uma verdade e ninguém enxerga e ainda chama o ENEM de “comunista” por defender as minorias, trabalhando, para quem dirige as empresas não eticamente. Na verdade, bem educadamente, devo dizer que a grande maioria nem sabe o que é socialismo e comunismo.

Voltando ao tema do ENEM, já expliquei milhares de vezes que dentro da publicidade e do marketing há sim, uma grande gama de preconceito e desrespeito. Mas, se as pessoas não têm ética nem em coisas simples como as vagas de pessoas com deficiência – inclusive, uma mãe se machucou muito ao tirar a filha do carro, vejam aqui – quanto mais, contratarem pessoas com deficiência nas empresas? A ética tem a ver com o caráter, com o costume de uma sociedade, se uma pessoa está vendendo um trabalho – sim, senhores de engenho não existem mais – o empresário ético não está preocupado em seu estado físico e sim, sua total eficiência. A questão é como lhe dar com a diversidade, porque além do mais, o investimento pode voltar em dobro. O que é um investimento de adequação para surdos? Software até mesmo gratuitos, o mínimo de adequação, para de repente, ter uma eficiência mais eficaz do que uma pessoa que não tem uma deficiência. Pessoas sem deficiência estão preocupado com a sexta-feira, pessoas sem deficiência está preocupado em viajar, está preocupado com a saída da sexta-feira à noite e se encher de cerveja. As pessoas com deficiência podem sim fazer isso, mas de um jeito muito diferente, sem reclamar e muito mais, com vontade de trabalhar. Daí é um negócio meio platônico-espinoziano.

Platônico, porque o amor para o filósofo grego, é tudo aquilo que lhe falta. Para nós, pessoas com alguma deficiência, nos falta trabalho naquilo que gostamos e estudamos. Afinal, investimos nos estudos comprando livros, nossos pais levaram a escola, fizeram fichas para o transporte público, investiram em aparelhos como transplante coclear, cachorro guia, cadeira de rodas, aprendizado de libras, aprendizado de leitura de lábios, bengalas, muletas entre outras coisas, como aguentar a má-educação de entidades como a AACD. Sempre aquilo que nos falta é aquilo que nos traz prazer em fazer, traz uma oportunidade em mostrar nossa eficiência e vontade. Para sermos felizes, dizia Baruch Spinoza, que viveu no século dezessete, temos que potencializar a nossa vontade ao ponto de você fazer aquilo com muita paixão. Juntando aquilo que falta (oportunidade) e aquilo que lhe traz prazer (vontade, que para mim, é como ter tesão).


A redação do ENEM é um modo de provocar a discussão que a uns 30 anos estamos tentando começar ela – que começa com a lei de cotas de empreses para pessoas com deficiência – porque, a discussão é preciso e está muito além da ideologia de esquerda e direita. Está além da moral, porque a moral está relativa dos costumes, mas, essa discussão tem a ver com o próprio costume e caráter. A questão é a ética das empresas, a ética dos costumes, é modernizar o Brasil que só tem teias de aranha, e essas aranhas, são o preconceito. Parabéns MEC. 

Jornal norte-americano diz que Lula e Dilma enganaram o mundo