quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Olavismo e Brasil Paralelo, erro filosófico.






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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Devo começar a explicar o que seria o filósofo e seu papel dentro da sociedade onde está inserido (como ser que vive e interage ao meio). Segundo a tradição dentro da filosofia, quem cunhou essa expressão foi Pitágoras quando foi chamado de sábio, então, Pitágoras teria respondido que era um “philosophós”. Ou seja, o “philosophós” era um “amigo da sabedoria” e ainda não estava com ela, porque procurava essa sabedoria. Na verdade, o termo vem de dois termos gregos, “philia” (amor amizade) e “sophia” (sabedoria), onde buscamos a melhor maneira de obter a sabedoria sempre buscando os termos e pensamentos certos. Mas o filósofo, ou aquele que almeja achar a verdade, não pode ter um pensamento pronto e achar que isso é filosofia, pois, não é porque está sendo pragmático e o pensamento pragmático se torna muitas vezes – quando não há embasamento filosófico de querer buscar por meio da sabedoria e não do fácil, do senso comum – se torna um pensamento, sofista. Quem sofisma não é filósofo é mero “achão” que está perdido naquilo que se fala no senso comum, e aquilo que realmente é no sentido de construção dos fatos que realmente aconteceram.

Ora, o filósofo que sabe que há uma construção histórica mundial (mesmo que não concorde com isso), sabe que as sociedades são dinâmicas no sentido de mudar algumas áreas que não cabem mais naquele período. Foi muito gostoso, por exemplo, jogar Atari quando eu era garoto e fui feliz em ter um videogame Atari, mas acabou, a tecnologia avançou de tal maneira (junto com a linguagem de programação), que os jogos são muito realistas. Tanto é, que muitas profissões, se treina com simulações como os pilotos de aviões ou outras por aí. O mundo humano é dinâmico ao ponto de evoluirmos e mudarmos de ideia, mudarmos de opinião e sempre seguir a sociedade nessa dinâmica. Só que tem o individualismo de cada ser humano, não se pode achar que você convence todo mundo a todo tempo, uma hora aquela ideia vai ruir e aquela sociedade muda.

Se o tempo é dinâmico, se os fatos e as verdades mudam a todo tempo, as ideias têm como base o “agora” e o que é melhor para o ser humano naquele momento. Voltamos ao exemplo do videogame Atari, foi um grande avanço dentro dos anos 80, mas depois muitos outros superaram a tecnologia de se jogar e a tecnologia gráfica que dará mais realismo. Já pensou se não quiséssemos jogar esses jogos por causa que não quiséssemos algo melhor do que o Atari? Assim é o tempo e a civilização humana, temos que conservar núcleos importantes, mas não devemos conservar o que não nos serve mais. As culturas vigentes estavam culminando em guerras mundiais (além da guerra fria), e com a morte de Kennedy, os fascismos estavam em rota de acontecerem e ditadoras mundiais e porque não, uma nova guerra mundial. Qual a melhor resposta da juventude? O erro do documentário é ligar liberdade com a teoria comunista, que na sua essência, não é e nunca foi, libertaria. Por causa de um arquiduque, milhões morreram na primeira guerra mundial, por causa de um acordo mal feito e o descumprimento do desarmamento mundial – o ESTADO nunca vai se desarmar sem que ficamos sem medo – culminaram a segunda guerra mundial. E por causa de um mal entendimento de diálogos entre governos, culminou a guerra fria e então, se começa a questionar essa cultura.

Me parece que há uma confusão entre comunidade e comunismo, pois são coisas muito distintas que o olavismo colocou num mesmo patamar. Comunidade é o local onde você está com as outras pessoas, comunismo é nivelar todos num mesmo patamar de vida e tudo é regulado pelo ESTADO (inclusive empresas). A cultura hippie eram a favor da anarquia e uma humanidade comunitária, sem medo um do outro, sem fronteiras e sem hierarquias que culminaram na resposta as hierarquias que falharam em proteger (que no fundo, só pensavam em seu próprio bem-estar). Claro, usando todas as religiões possíveis. Por que será que os hippies voltaram com religiões ancestrais? E no fim, o ESTADO infiltra drogas e doenças como a AIDS dentro dessas comunidades, propositalmente. Claro, que vocês vão dizer que são teorias conspiratórias, mas, faz sentido quando você lê livros de história de verdade.

Um filosofo é um grande amigo do saber, esse saber não tem ideologias e não pode ter religiões – não se trata de ateísmo, mas a filosofia em si, é isenta de todo senso comum – a filosofia não pode ser conservadora ao ponto de não querer modificar. Na verdade, um filosofo deveria olhar a humanidade acima de uma montanha, mas o que vimos são filósofos cada vez mais comprometidos não pelo saber, e sim, pelas ideologias que nada ajudam a humanidade. Logico, que devemos sim conservar a instituição da família num modo verdadeiro, porque a gente sabe, que a ideia de família que o cristianismo adotou para só dele, é um modelo hipócrita já na idade média. Que Freud denuncia – que por razões desconhecidas, se colocou a psicanalise como uma pseudociência -  gerando toda a sua teoria do inconsciente, da repreensão daquilo que as pessoas realmente são. Membros familiares não são “robôs” que devem seguir uma programação, membros familiares tem vontades, tem desejos, tem sonhos, tem dúvidas, tem opiniões e antes de tudo, são humanos. Querem fazer escolhas devem ser respeitadas, devem ser vistas não como um desvio de conduta, mas um modo de amadurecimento. Se duas pessoas do mesmo sexo quiserem se relacionar, qual o problema? Se pessoas com deficiência quiserem casar ou transarem, qual o problema? Se pessoas quiserem se tatuar, qual o problema? Se as pessoas quiserem usar o celular, qual o problema? O único e verdadeiro problema é que há filósofos que não conseguem ir além daquilo que deveriam ultrapassar. Entre a realidade e a ilusão, o abismo é muito pequeno e a pequenez desse abismo tem a ver com a manipulação das grandes massas.

Ai que está, um filosofo não pode ser manipulado por nada. Ele deve filosofar “pelado” (sem ideologias), porque vai se vestir diferente, vai pensar como um amigo do saber. O olavismo, que quer livrar do “esquerdismo”, erra em dizer que tudo é comunismo, dando poder demais a uma teoria que voltou para a prateleira. Aliás, há um erro em dizer que o PT é comunista, porque não são pessoas que leram, não são pessoas que entenderam o papel da esquerda, só queriam o poder. Eu concordo com Deleuze quando diz que não há governo de esquerda, porque a esquerda serve para fiscalizar e defender aqueles que não tem defesa. Quando entram no governo, ficam à mercê de interesses, ficam de resoluções populistas que não cabem dentro de uma economia realista. Mas, a direita erra em conservar algo que não serve mais, então, ficamos reféns de uma roda infinita de ideias velhas defendidas não porque ainda se acreditam nelas, mas por pura birra infantil. Ora, dá onde se tira que o movimento de 60 é comunista? Vários fatores desmentem e até o próprio Adorno, através do jazz, vai dizer que a geração “beach” vai ser uma geração com uma música infantil, fruto da indústria cultural. Então, qual a relação pode ter entre os “beach”e depois os “hippies”, com os comunistas? Isso me cheira papo de padre velho que acredita ainda que a escolástica tem solução, que a igreja é a única salvação e tudo que cheia liberdade, é uma questão comunista. No mínimo é “risível” esse olavismo.


Outra coisa que o documentário Brasil Paralelo não mostra – que fica evidente que é um documentário monarquista e olaviano – é que, embora Jose Bonifácio de Andrade tenha regido D. Pedro II até a sua maturidade, ele não modernizou o Brasil como deveria por causa de causas religiosas. Ele boicotou o Barão de Mauá, que estava construindo ferrovias e fundou o Banco do Brasil, só por causa que ele era membro da maçonaria e é, infelizmente, um vício muito forte do nosso país: a vida pessoal conta mais do que a vida pública. O problema das ferrovias dura até hoje graças a ignorância religiosa de um regente que não pensou no Brasil, pensou no poder, pensou somente em uma ideia enfiada dentro da igreja e perdura a séculos, somente quem é dela tem o direito legitimo do bem. Quanto o Brasil ganharia com as ferrovias? Quando o Brasil ganharia com os créditos que o Barão de Mauá disponibilizava diante dos produtores e empregados? A questão é muito mais complexa do que mero comunismo, o problema do Brasil é que herdou vícios latinos dês do império romano. Então, não foi o comunismo, não foi o capitalismo (o socialismo e o capitalismo, herdaram vícios de séculos e é um problema muito mais antigo), e sim, a nossa cultura que não há um estudo sistemático da verdadeira história do Brasil, daí, sai mesmo essas “perolas” que só o fanatismo religioso produz na figura do Olavo de Carvalho. O resto é só bobagem. 

Para quem quiser assistir, estarei postando:



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