Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
Alguém sabe o princípio anarquista? Claro que não, pois isso
não se aprende nas escolas que tem um ensino ditado pelo ESTADO. Mas acho que
como eu tenho um certo entendimento sobre o assunto, tenho que escrever esse
texto para esclarecer alguns pontos aqui. Em primeiro lugar, quero esclarecer
que acredito que o conhecimento fará com que o ser humano tenha uma certa
autonomia, portanto, concordo com a filosofia iluminista que diz que pelo
conhecimento o homem deixara certos vícios. Como o filosofo alemão Kant disse
um dia – pegando emprestado do poeta latino Horácio – temos que “sapere aude”
ou em bom português, “ouse saber”. Mas o que é ousar saber? Como se diz hoje em
dia, ousar saber é pensar fora da caixa e pensar fora da caixa é sair da sua
zona de conforto. Um dos princípios anarquistas é esse, sair da sua zona de
conforto, parar de delegar tudo aquilo que você quer e o que você gosta aos
outros. Para isso pode ler do próprio Kant: “Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento?
”, que vai te dar uma base que o esclarecimento fara com que o homem seja cada
vez mais autônomo dos seus próprios atos.
Segundo, você ser contra o sistema não é a mesma coisa de
ser burro (no sentido de teimar certas coisas), pois, ser contra o sistema é
cada vez mais ser esclarecido e ler bastante. Não adianta achar que o sistema
te explora, que imposto é roubo, chamar certas autoridades de fascistas e etc,
sem base o que é isso tudo, senão, você estará compactuando com esse mesmo
sistema que ao invés de juntar os indivíduos, quando mais separados, melhor. Aliás,
quer tática mais eficiente – usada, principalmente, pelos nazistas – do que
separar por etnia, por classes sociais, por atos éticos ou não éticos, por religiões
diferentes e por aí vai? O respeito com o outro tem muito a ver com a parte do
nosso sistema empático que reconhece o outro ser humano e tenta socializar com
esse ser humano, pois, reconhece como nosso semelhante. Mas o que o ESTADO faz
com isso mesmo? Faz com que o ser humano tenha desejos inúteis, faz com que
certas etnias sejam enxergadas como erradas, que certos pensamentos sejam
enxergados como errados e devemos eliminar aquele sujeito, que o ser humano de
cor diferente é um ser humano inferior, que outra religião é errada e é coisa
do capeta. Nem vou entrar muito na questão do capeta, pois, Deus todo poderoso,
onisciente, onipotente e onipresente, iria criar um querubim que iria ser
rebelar contra ele por inveja? No princípio teológico, já é um pensamento ilógico,
porque se Deus enxerga o futuro, ele iria enxergar a rebelião de Satanás, ou
não? Os anjos não são seres perfeitos que são a verdadeira face do divino? Então,
não existe o capeta, existe o discurso do poder em persuadir o ser humano ao
seu domínio.
Nós sempre vamos ficar reféns ao poder, porque o poder
sempre vai te convencer que ele existe para te proteger. Mas o ESTADO pega o
seu dinheiro para dizer que vai te dar segurança, te dar transporte, te dar saúde,
te dar tudo aquilo que ele promete e no fim, as coisas não são bem assim. Te ensina
que você beber certa cerveja vai te dar certo status quo – além de alimentar a
ideia machista de encher o carro de mulher – te ensina que fumar é ser
importante, que ter certo carro potente vai te fazer feliz, depois quando a
maioria ter aprendido, te multa para não fazer. Te faz acreditar que você é uma
“coisinha” insignificante e ele é o poderoso, cheio de ideias que vão te proteger
dos seres humanos que não fazem parte da sua etnia. Qual a diferença de um
norte-americano e um brasileiro? Tirando o discurso do poder, nenhuma. Eu que
sou deficiente sou diferente de quem, não é? Claro que não, sou um ser humano
como todo mundo, mas tenho uma certa limitação dentro da minha fala e na minha coordenação
motora. Mas o que diz o ESTADO? O ESTADO diz que não sou igual, sou diferente
dos demais e preciso de tratamento adequado, não me dando, dará dinheiro a
entidades que se dizem reabilitadora de deficientes. Na verdade, pago duas vezes,
uma é o SUS que paga a essa entidade,
ainda, alguns pacientes pagam para consultar nela. Tudo gira ao dinheiro, tudo
gira em torno a coisificação de pessoas e não dar ao ser humano, a educação necessária
para ele evoluir como ser pensante. O conhecido “penso, logo existo”, tudo pode
ser uma ilusão, mas a única realidade e o que existe, sou eu mesmo. Se sou
detector da realidade, então, posso construir a realidade que eu quiser,
acreditar o que eu quiser e pensar que somos animais pensantes e não símios,
que comemos, dormimos e procriamos.
Somos símios que comemos, dormimos e procriamos? Claro que não.
Somos animais que pensamos e como animais pensantes, somos animais que
escolhemos e se somos animais que escolhemos, não podemos limitar a seguir as
escolhas dos outros. Por que eu devo seguir o poder se eu sei que eles são iguais
a nós e não maiores que nós? O fundamento do anarquismo não é o caos, mas a evolução
do homem enquanto um ser autônomo sem coisificação do outro e sem achar que o
outro vai nos agredir. Para que um exército se todo mundo sabe como conviver
entre os seres humanos? Se sabemos o que fazer e o que respeitar, precisa de polícia?
Se tivermos respeito com as crenças alheiras ou ter uma universal religião
harmoniosa, para que conflitos religiosos? Mas como mudamos isso? Conhecimento.
Mas antes do conhecimento, existe o entendimento desse conhecimento. Não adianta
ter o conhecimento e não entender o fundamento (essência), porque vai ser uma informação
errada que vamos dar e vamos perceber. Então, não adianta chamar a polícia de
fascista, sem entender o fascismo ou entender a polícia. Entender que o
policial também é um ser humano, senão você não é anarquista, e sim, modinha. O
ESTADO sim é o grande controlador.
O que aconteceu no Espirito Santo não foi um anarquismo,
porque ainda havia um conhecimento que há um ESTADO, mas não vigiado. Os desejos
eram os mesmos, a cultura de levar vantagem era o mesmo, só não havia a polícia
para conter o que o próprio ESTADO ensinou. A doutrinação ilusória que bens
materiais são importantes, a doutrinação que é injusto eu ter uma TV simples, o
outro tem uma TV LD com isso ou aquilo, porque isso é sempre ser melhor do que
o outro. Não que temos que virar as costas a tecnologia e ao conforto, afinal, temos
o direito a sermos felizes conforme o que escolhermos para nós. Mas respeitando
o outro como um semelhante, respeitar o momento de cada um enquanto individuo autônomo
como ser importante enquanto um ser vivo como eu. No anarquismo não tem roubo,
porque não tem o desejo de ser mais do que o outro. No anarquismo não tem
morte, porque tem o conhecimento que aquilo é errado e se acontecer, não poderá
viver naquela comunidade. Renda não pode ser imposto e o imposto é desnecessário,
porque todos vão cuidar da sua comunidade. E nem o anarquismo pode ser
capitalista, porque para se acumular capital se deve ter instituições que só podem
existir com o ESTADO. O anarquismo é um pensamento do futuro, de uma evolução maior
e aquilo, definitivamente, não era anarquista.
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