Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
A lógica lida, na maioria das
vezes, numa forma do objeto ser falso ou verdadeiro. Esse negócio que existe algo
que nem sempre é falso e nem sempre é verdadeiro, dizem os lógicos, é uma coisa
reducionista e é uma forma de não olhar e não analisar, de uma forma crítica,
se é falso ou se é verdadeiro. Se vejo um copo de plástico verde, por exemplo,
eu sei que esse copo é verdadeiro e que ele existe de fato, mas se eu vejo uma
figura de um unicórnio, não sei se ele é verdadeiro e assim, logo sei que o
unicórnio não é verdadeiro e não existe. Mas existem referencias como do cavalo
e do chifre, que se originou na imagem do unicórnio, como a imagem do Papai
Noel, que foi originada pela indústria da propaganda, que é a imagem de um “bom
velhinho” que traz presentes. O “bom velhinho” de roupas vermelhas existe? Não.
Apenas foi um símbolo inventado para vender um refrigerante e assim, chegamos
num ponto que quero chegar, na lógica de um meme que roda na internet inteira.
O que é mais fácil, você ler um
livro que trata uma ideia ou enxergar um meme com apenas uma imagem
supostamente verdadeira? Quando você ler uma pequena palavra, 27 áreas do seu
cérebro são ativadas, quando você vê uma imagem, não. Quando você ler, você ativa uma área esquerda
do cérebro que fica responsável pela linguagem que faz com que falamos melhor,
fazendo nós interagirmos melhor com o nosso cotidiano e quem não lê, fica só com
a imagem de associação. Como associar por ideologia, associar por religião,
associar por ideia diversas e o mais perigoso, filosofia não se lê num meme. Na
maioria das vezes um meme é uma imagem associada com o cotidiano, junto com um
pensamento que você achou que tinha a ver com a imagem. Na verdade, a essência
do meme surgiu junto com a imagem da publicidade, digamos, que a ideia do meme
é uma publicidade ironizada. O mais engraçado é que as pessoas levam esse tipo
de pensamento a sério, reduzindo o pensamento daquilo, numa mera frase
associada de uma imagem. Por isso que eu ironizo muitas vezes, pessoas que
gostam de filósofos como Nietzsche sem ler uma linha sequer dele, como acontece
com socialistas que nunca leram Marx ou anarquistas que nunca leram Proudhon ou
Bakunin. Liberais não lê Mises, liberais lê Locke ou Mill, mas se confundem as
coisas e acham que uma coisa tem a ver com a outra, pelo simples fato, da
filosofia associativa da imagem.
A imagem vale mais do que mil
palavras para aqueles acomodados que não querem achar motivos de ler e progredir,
pois quanto mais lemos, mais temos ideias para pensarmos. Quem quer pensar?
Quem quer interagir num mundo que a imagem vale muito mais? Numa forma muito
mais filosófica, o filósofo austríaco Wittgenstein, disse: “As fronteiras da
minha linguagem são a fronteira do meu universo”, ou seja, se você só pensa
através de frases, seu mundo vai ser um infinito de frases. Eu não entendo como
as pessoas acham que entendem alguma coisa lendo as coisas num Facebook da
vida, pois, o Facebook vai além daquilo que pensam ser. Uma rede social (como o
Facebook, Twitter ou outras), serve para informar, servem para espalhar uma
ideia, servem para levar uma informação para um maior número de pessoas. Também
servem para darmos nossa opinião, mas dar a nossa opinião não é “achismo” de
boteco de esquina, pois, uma crítica tem que ser bem construída dentro do que
tenho de informação. Se crítico a filosofia marxista, tenho que ler as obras de
Karl Marx, não existe uma crítica a partir de uma frase de meme. Não existem
críticas baseadas em partidos derivados (que muitas vezes nem leram Marx), não
existem críticas segundo filósofos que não são filósofos, não existem críticas a
partir de ideias que não são verdadeiras.
Mas qual ideia, dentro de um
pensamento abstrato, pode ser verdadeira? O ser humano só percebe aquilo que
ele enxerga dentro do que ele vê como realidade, porque a realidade é
subjetiva. Porém a realidade pode ser construída, muitas vezes, segundo as suas
crenças que foram passadas dentro de uma certa educação. A realidade de um
francês, por exemplo, não é a realidade de um norte-americano. Não só crenças a
realidade, um pensamento de um espirita não vai ser o mesmo pensamento de um
evangélico, como também, um pensamento de um católico e um mulçumano vai ser em
demasia diferente. No judaísmo, no budismo e por aí vai, porque as crenças vão
determinar aquilo que você percebe como verdade. Acontece que ninguém estuda
aquilo que quer refutar e acha que pode refutar com memes, podem informar com
memes, podem propagar uma ideia com memes. Por ignorância? Não. Por pura
preguiça de achar que o sacerdote tem razão, que tal personagem político tem
razão, que as pessoas que concordam com você têm razão. Por que espirita é coisa do demônio? Porque
Paulo de Tarso condenou a invocação de espíritos. Mas alguém já leu sobre para
saber se é verdade? Alguém analisou o momento histórico e o porquê Paulo disse
isso? Não. Só um “achismo” mesmo.
Algum liberal tenta ler uma obra
marxista? Não. Alguém que crítica o anarquismo, leu alguma obra anarquista?
Não. Alguém que criticou o liberalismo, leu alguma obra liberal ou
conservadora? Não. Então, porque raios, constroem memes idiotas e sem
embasamento nenhum? Porque se baseiam no achismo. Porque as pessoas não sabem
que não se argumentam com memes, se argumenta com ideia, essas ideias são as
ideias dentro daquilo que se quer crítica. A crítica tem que ser muito bem construída,
baseada em sólidos argumentos. Se não, não é crítica, é só um amontoado de asneiras.
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