quarta-feira, 1 de março de 2017

MUNDO ENCANTADO DA INCLUSÃO – UMA FILOSOFIA FISIOLÓGICA





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Não sei se é influência do filósofo Luiz Felipe Pondé, mas me tornei um cara que gosto de coisas fisiológicas. Não gosto de ver ideias, somente, mas ideias que fazem parte do meio onde vivemos e as ideias de onde vivemos não podem estar dentro de uma filosofia idealista. Eu não consigo mais ficar lendo revistas de inclusão, pelo simples fato, que as revistas de inclusão de pessoas com deficiência, falam de um mundo que não é o nosso. Explico. Lendo o Anuário da Revista Reação – que é uma das melhores que existem – eu vi que não existem discussões de âmbito mais práticos e pouco retorico, vi também, que as discussões giram em torno de um mercado que muitas vezes, está fora de um âmbito mais popular. É popular uma cadeira de R$ 28.000,00? Tem outra coisa, vamos ser realistas, existem matérias irrelevantes dentro da área que não tem que existir, como se fosse mais importante comprar um carro do que comprar uma cadeira de rodas. Se é, por que o barateamento do carro e não da cadeira de rodas? Vejam bem, é só ter um pouco de cérebro para saber, que você não entra dentro de casa com o carro.

A grosso modo, as coisas vão ficando bastante claras quando você faz essas indagações e essas indagações são importantes. Por que? Começo a achar que essas revistas foram criadas como mídia especializada para nos alienar, porque todo o mundo que ela mostra não é o mundo no qual eu vivo, não é a linguagem que eu necessito e abre ainda, porteiras bem grandes para a exclusão. Por exemplo, numa das reportagens da revista, mostrava uma escola de teatro que só era de pessoas com deficiência e não abria para outras pessoas. Isso é segregação como acontece com os Menestréis Cadeirantes, como acontece com milhares de instituições que estão cheias essas revistas e estou cheio de papinho furado que o problema da Lei de Cotas é a qualificação. O problema da Lei de Cotas é a multa, é muito mais barato você pagar uma multa do que acessibilizar uma empresa e isso é uma verdade, pois, além dos direitos trabalhistas que temos (e ainda bem que temos), o cara tem que gastar para acessibilizar sua empresa dentro da ABNT. Aliás, vendo as adaptações dentro do serviço ATENDE e dentro do transporte público e banheiros dentro de estabelecimentos, não sei se a ABNT tem alguma autoridade sobre o assunto. Mas voltando a Lei de Cotas, além da multa ser barata, ainda existem outras falhas que não são mostradas.

As outras falhas é o básico da lei, o que seria a deficiência. O ex-presidente Lula que não tem um dedo por ter perdido num torno, entraria como um deficiente e poderia concorrer com um cadeirante. Mas vamos pensar bem fisiologicamente (num modo bem concreto), sem sermos demagogos, um deficiente que manca numa perna ou não tem um braço, tem muito mais chances de trabalhar em uma empresa do que um cadeirante e isso é fato. Há um certo preconceito, mas há muito mais chance de isso acontecer. Quando esse tipo de pessoa com deficiência, entra numa lei como essa, eu sempre imagino que quem fez essa lei não sabia nem o que estava fazendo e isso é bem claro. Fora que existe outros fatores que impedem outras deficiências serem contratadas, como os deficientes mentais (que com um trabalho bem feito, pode ser sim um bom profissional), como os deficientes visuais que tem cão guia e existe toda uma adaptação em braile; os deficientes auditivos que existem adaptações também. Mas, não é muito melhor achar que é mais prático achar que somos bobos? Achar que estão procurando, mas não estão e contratam pessoas com o mínimo de deficiência? A quem querem enganar pondo nestas revistas discussões toscas sem serventia concreta? A maioria das pessoas com deficiência, não estão interessadas em coisas que nunca vão alcançar na vida e é lógico e por isso, que as revistas não vendem.

Outro ponto de exclusão são instituições que sabemos, foram construídas em cima de uma filosofia que as pessoas com deficiência não são capazes. Não adianta me mostrar deficientes sorridentes, funcionários e diretores dizendo que apoiam a inclusão que não, não é verdade. Eu vivi 26 anos dentro de uma instituição famosa, a AACD, e vi que por mais que queiram passar uma filosofia inclusiva, tudo gira em torno de uma filosofia excludente de trancafiar o deficiente lá. Essa propaganda grande dessas instituições tem a ver com a grana que rola para fazer essas propagandas, isso é fato, porque a AACD tem um departamento de marketing que eu acho, não caberia numa instituição filantrópica. Aliás, eu trato isso com mais detalhes no meu livro: Clube das Rodas de Aço: Tratado sobre o Capacitismo que está no Clube de Autores.


A questão das instituições são questões importantes dentro da inclusão, mas não pode ser tratada como prioridade dentro de veículos da mídia que querem tratar na questão. Eu nunca vi denúncias, eu nunca vi reportagens de pessoas com deficiência física casando, contando como é seu casamento, seu dia a dia, seu mundo dentro da realidade onde vivemos. As revistas perdem milhares de páginas mostrando realidades que nunca vou querer, que não me interessam e posso garantir, não interessa para a maioria dos deficientes. Também não vejo discutirem pautas como sondas, como tratamentos para escaras, tratamento para escoliose, instituições que não tratam direito e há sim sequelas no futuro. Não vejo esse tipo de coisa, não vejo relações desse porte. A vida tem que ter um certo ar de verdade, se não, comigo não rola. 


Imposto para entidades filantrópicas 


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