segunda-feira, 29 de maio de 2017

Por que eu não vou na REATECH?




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

A uns 17 anos, existe uma feira de tecnologia inclusiva – voltada as pessoas com deficiência – chamada REATECH. Muitos anos venho frequentado esse tipo de feira, afinal, esse tipo de feira tem o intuito mostrar novas tecnologias para o bem-estar das pessoas com deficiência. Aqui em São Paulo, é a maior feira tecnológica que existe, embora, as feiras europeias são muito mais acessíveis e muito mais voltadas a essa demanda de público – que realmente, vai para esse tipo de evento para ver essa tecnologia – e traz sempre novidades, banheiros são verdadeiros, não há tumulto e nem excesso de má educação.

Só para esclarecer eu vou explicar o que é tecnologia. Tecnologia vem do grego τεχνη (tecné) que quer dizer “técnica, arte, oficio” com λογια (logos), onde seu significado quer dizer “estudo”. Ora, tecnologia é o estudo da técnica de aperfeiçoamento de sempre haver ofícios de melhoramento dessas técnicas. Isso tem a ver com o conhecimento dessas técnicas e o quanto essas técnicas podem, por ventura, ajudar o ser humano a sempre superar aquilo que dificulta o seu limite que ali só ele chega. Isso tem a ver com a epistemologia (do grego πιστήμη [episteme]: conhecimento científico, ciência; λόγος [logos]: discurso, estudo de), que é um ramo dentro da filosofia que trata os limites do conhecimento humano, principalmente, quando se trata entre as relações que se estabelecem entre o objeto do conhecimento e o sujeito. Pode ser também chamado de teoria do conhecimento ou gnosiologia (também grafado gnoseologia; do grego gnosis, 'conhecimento', e logos, 'discurso”), em um sentido muito mais restrito, se refere as condições sob as quais se pode produzir o conhecimento cientifico e dos modos para alcançá-lo. Sempre avaliando a consistência lógica das teorias, se identificar com a filosofia cientifica. Exatamente é o caso da filosofia cientifica, porque se trata de tecnologias que facilitam a vida das pessoas com deficiência.

Uma cadeira de rodas comum como eu uso tem um estudo muito importante da técnica de durabilidade (que nunca é respeitada no Brasil), da ergonomia (que é o estudo cientifico das relações entre o homem e a máquina, sempre visando, segurança e eficiência ideais no modo com um à outra interação), que pode ser muito bem visto, quando nos posicionamos melhor em uma cadeira e podemos nos deslocar de maneira mais eficiente. Portanto, o estudo tecnológico e ergonômico das tecnologias inclusivas, devem ser muito bem vistas e bem analisadas, temos que ter um senso crítico muito bem apurado, muito bem analisado.  O que adianta achar bonita uma cadeira de rodas se não serve para o deficiente? O que adianta adaptações inúmeras, se essas adaptações são bonitinhas, mas não são eficientes para as pessoas cadeirantes? Acontece que o nosso segmento (pessoas com deficiência), não tem nenhum senso crítico, nenhum senso que você não está lá para se divertir, mas está lá para ver a tecnologia que vai ajudar outras pessoas. Acontece que tudo vira uma “Disneylândia” para esse segmento, aqui tudo vira fraco e sem uma opinião consistente.


Acontece que as pessoas de tanto serem “infantilizadas” elas acabam sendo infantis mesmo assim. Só vê os assuntos que caem nas pautas dos youtubers do segmento, só ler os textos dos escritores do segmento, só olhar como cada pessoa com deficiência se relaciona no mundo. Por que para mostrar que eu tenho sexualidade eu tenho que tirar foto pelado ou com poses eróticas? Aliás, para mim não interessa o que as pessoas acham da minha vida sexual, o que as pessoas acham da minha vida amorosa, porque não interessa para ninguém. Eu não preciso “cantar” todas as mulheres para dizer que eu sou homem, porque eu sei que sou homem amando e respeitando uma só. Acontece que temos uma cultura “chucra” que ser homem é encher o saco, ser um ser que tem uma sexualidade é mostrar que tem de formas vulgares e de maneira “baixa” sem um tom artístico do modo erótico e não pornográfico. Não vou me ater a diferença dos dois, pois, quem quiser e ter a capacidade mental para isso, só pesquisar no Google. A feira se tornou uma Disneylândia a muito tempo, tempo para perceber que não tem mais nenhuma graça ser tratado como eterno adolescente.

Na última vez que eu e minha noiva fomos, isso em 2014, não tinha nenhum banheiro verdadeiramente, adaptável e a minha noiva quase caiu nos banheiros químicos. Os banheiros mesmo do local, foram adaptados como tudo, nas “coxas” e não tinham condições de serem usados, não tinha aonde comer, porque tudo ali era caro, não tinha aonde ir, porque todas as atrações são a mesma coisa. Cadastros de emprego que não podiam ser feitos, que aliás, não adiantam nada porque nunca somos chamados. O banco Santander, por exemplo, enche o saco de todo mundo que precisa de pessoas com deficiência para preencher as cotas, mas quando nos cadastramos, nunca somos chamados; mas claro, temos nosso prêmio de consolação, somos agraciados com inúmeras propagandas. O marketing – falando como publicitário formado – dessas lojas são fracos, são inócuos, não convencem ninguém a comprar uma cadeira de rodas ou fazer algumas adaptações, porque exige criatividade e um toque de humanismo. Tirar da cabeça que não somos doentes, não somos gente de outro mundo, podemos sim ser consumidores e uma cadeira de rodas ou outro aparelho, não é uma prisão ou um castigo. Podemos ser felizes sim, numa cadeira de rodas ou em qualquer outro aparelho.


O pessoal era mal-educado, tanto assim, que eu tinha que ficar olhando para atravessar um cruzamento senão os bombadinhos de cadeira de rodas te passavam por cima (literalmente). Eu não podia deixar minha noiva sozinha que sempre vinha um “bombadinho de rodinhas” achar que ele era “o galo no galinheiro” e começava a encher o saco, que aliás, esse tipo de pessoa é muito chata e não mostra que é o que ele pensa que é. Eu, sinceramente, não acho que é o perfil de uma feira desse porte, não é o perfil de uma feira que deveria – sem sombra de dúvidas – mostrar tecnologia que nos ajudara a ter, mais ou menos, uma vida feliz. 



quinta-feira, 25 de maio de 2017

Allan Kardec era mesmo racista?




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Por Amauri  Nolasco Sanches Junior

Na filosofia, dizemos que quando temos um problema, sempre será uma situação que inclua a possiblidade de uma alternativa. Nunca podemos confundir com a dúvida, que é uma questão do ser, que é o que se acredita e há esse tipo de confusão. Essa dúvida ao ser solucionada, ou ela vira uma crença, ou ela se torna uma descrença. Ou seja, quando respondemos a dúvida em questão, ou começamos a acreditar que aquilo é, ou começamos a acreditar aquilo que não é. Já o problema, ao ter uma solução não deixa de ocorrer, necessariamente, dando origem ao conceito de problematicidade. O problema é a constatação de um fenômeno observado não tem um sentido único, e sim, pode ser confeccionado por várias alternativas.

Existe um problema que tem algumas alternativas, mas como é um texto de um blog que tem o nome Universo Racionalista, vamos deliberar a racionalidade. A racionalidade é um conceito de dupla significação: uma é filosófica e outra cientifica. A racionalidade filosófica, seria a totalidade do saber, em que o pensamento fica inerente a uma cosmovisão do ser; já a racionalidade cientifica possui uma visão restrita, limitada pelos métodos de analises de experimentos (empírico). Immanuel Kant, vai chamar a primeira de razão e a segunda de entendimento. Ou seja, o entendimento cientifico depende da razão filosófica e não o contrário. O problema filosófico é sempre usar a razão (logos), para tirarmos as falsas crenças dentro da nossa simbologia. Nós somos animais simbólicos e tudo para nós pode se tornar um deus ou deuses – mesmo que essas crenças sejam cientificas – ressaltando sempre a visão além da cegueira, tirando de nós a idolatria. O pensamento filosófico é o conhecimento, o pensamento cientifico comprova a veracidade daquilo. Assim, com essa base filosófica e cientifica, podemos desenvolver já um certo racionalismo.

Embora temos um pensamento vigente que a filosofia tem que ter base cientifica, não acho necessário temos essa base cientifica quando a questão é moral ou ética. As crenças em suas essências, são condutas morais e não tem, muitas vezes, nenhuma base cientifica. No caso do espiritismo, há o uso de métodos científicos de comprovação da comunicação daquilo se chama de comunicação com espíritos. O que sabemos são o que as pessoas dizem ver e se comunicar – eu já presenciei algumas vezes – mas os cientistas mais idolatras da ciência (podemos chamar de cientificista), não querem fazer pesquisas mais serias. Aliás, não querem aceitar as pesquisas que são feitas no exterior. Mas o tema é outro aqui, o tema é o suposto racismo do codificador do espiritismo professor Hippolyte Léon Denizard Rivail que está em algumas obras póstumas do mesmo.

No artigo do blog Universo Racionalismo “A FACE RACISTA DEALLAN KARDEC” o autor Samuel Fernando, começa com alguns erros. Primeiro ele escreveu doutrina espírita, depois disse que era uma seita assim, ficou algo muito ilógico. Seita vem do latim “sactar” que quer dizer seguidor, que é utilizado para designar um grupo numeroso de uma determinada corrente religiosa, filosófica ou política que se destaca da doutrina principal. Sectário é um termo que é usado no indivíduo que segue uma seita, que pode também, ser considerada uma “divisão”, um “partido” ou uma “facção”.  Acontece que tanto doutrina (que é um conjunto de princípios que servem de base a um sistema), quanto seita, estão completamente errados e o certo é codificação. A Codificação Espirita, são códigos morais, códigos de conduta, o que o espiritismo ensina, são códigos morais para sermos seres melhores e evoluídos no sentido moral. Então, não faz sentido colocar uma conduta moral num patamar de um só pensamento. Um outro erro é achar que o espiritismo tem uma teologia que é um erro, pois, teologia vem do grego “theos” que quer dizer “deus” ou “deuses”, junto com “logos” que quer dizer “razão” ou “estudo”.  Teologia seria um “estudo” sobre ou de Deus, coisa que o espiritismo não faz porque Deus é infinitamente, muito mais complexo do que meros estudos humanos. O espiritismo tem a codificação (conjunto de códigos morais), que são os cincos livros de Allan Kardec (pseudônimo sugerido por um espirito amigo). Vamos ao texto propriamente dito.

O autor coloca:  “O que seus seguidores não contam é que a teologia espírita em Kardec é extremamente racista e xenofóbica. ”. Ora, como eu expliquei, não existe uma teologia espirita e sim, uma codificação espirita e depois, há um erro muito grande em colocar numa mesma frase racista e xenofóbica. Racismo é um conjunto de normas que permitem que uma doutrina política (como o nazismo e o neonazismo), possa dar aval que uma certa raça tenha superioridade sobre a outra, mas que apenas, é uma teoria. A xenofobia é uma desconfiança, temor ou antipatia por indivíduos que são estranhos no meio daquele que as ajuízas, ou o indivíduo que vem de fora do pais. Mesmo que alguns sites e algumas pesquisas dizem ter uma certa diferença, há um racismo sim dentro da xenofobia que se expressa em cor, credo e pensamento. Como uma codificação moral pode ser racista ou xenofóbica? Mais ainda: como uma codificação que prega a evolução espiritual (a essência de cada ser), seja denominada, excludente de etnias diferentes? Veja, mesmo seguindo alguns preceitos espiritas, eu também tenho minhas críticas.

Ainda o autor coloca: “Allan Kardec, embasado na frenologia (craniologia), considerada hoje como pseudociência, fundada pelo médico alemão Franz Joseph Gall (1758-1828), segundo o qual as formas anatômicas do crânio humanos teriam relação com o caráter, personalidade, moralidade e com a espiritualidade.”. O autor não diz que fonte usou para saber se Kardec usou ou não essa pseudociência (descartada graça o nazismo, se não fosse isso, ainda hoje era usada), apenas acusou Kardec de ter usado a frenologia como fonte dos seus escritos “racistas”. Ora, se é um blog cientifico e filosófico (no sentido lógico), como o autor não coloca a fonte que tirou essa acusação? Se o autor dissesse que Kardec era racista simplesmente, tudo bem, afinal ele era humano e poderia errar ou escrever bobagens como muitos, mas ter usado a frenologia, não há fontes. Num modo filosófico (logos/ratio), temos que desconfiar da intenção do autor, porque ele não usou o critério cientifico da fonte da informação. Por que ele fez isso? O por que ele não deu só a suas opiniões nos textos de Kardec?

Segundo o livro “O Gênese”, Kardec coloca:

“Segundo o ensino dos Espíritos, é uma dessas grandes imigrações, ou se assim o quisermos, uma dessas colônias de Espíritos, vindos de outra esfera, que deu nascimento à raça simbolizada na pessoa de Adão, a qual por essa razão é denominada raça adâmica. Quando ela aqui chegou, a Terra era povoada desde tempos imemoriais, como a América o era quando para ali foram os europeus.

A raça adâmica, mais adiantada que as que haviam precedido na Terra, é com efeito a mais inteligente; é ela que empurra todas as outras em direção ao progresso. A Gênese no-la mostra, desde seus primórdios, industriosa, apta às artes e às ciências, sem ter passado pela infância intelectual, o que não é próprio das raças primitivas, mas que concorda com a opinião de que ela se compunha de Espíritos que já haviam progredido. Tudo prova que ela não é antiga na Terra, e nada se opõe a que ela não tenha, aqui, senão alguns milhares de anos, o que não estaria em contradição nem com os fatos geológicos, nem com as observações antropológicas e tenderia, ao contrário, a confirmá-las."

(KARDEC, Allan: Raças Adâmicas, O Gênese fonte: http://www.centroespirita.com.br/literatura/agenese/pagina013_07.asp)


Assim, o espiritismo não está preocupado em um progresso corporal – pois esse progresso é espiritual – mas num progresso moral até alcançar o meio para sermos espíritos melhores. Claro, Kardec está nesse processo e deve ter errado, deve ter apoiado dentro de algumas teorias que eram erradas e ele, como muitos, foi filho do seu tempo. Mas acho eu, que o autor do artigo não leu todo o artigo, lá como começo do artigo sobre a frenologia – que ele não indicou como fonte – Kardec explica a frenologia e coloca algumas considerações importantes:

“”Assim, um homem não é poeta porque tenha o órgão da poesia: ele tem o órgão da poesia porque é poeta, o que é muito diferente. Mas aqui se apresenta uma outra dificuldade, ante a qual forçosamente tropeçam os frenologistas: se for espiritualista, dirá que o poeta tem o órgão da poesia porque é poeta; mas não nos diz por que ele é poeta, porque o é, em vez de seu irmão, embora educado nas mesmas condições; e, assim, em relação a todas as outras aptidões. Só o Espiritismo o explica. ””

Ou:

“”Com efeito, se a alma fosse criada ao mesmo tempo que o corpo, a do sábio do Instituto seria tão nova quanto a do selvagem. Então, por que há na Terra selvagens e membros do Instituto? ””

Essa pergunta a ciência não respondeu, mesmo após cento e vinte anos, mais ou menos. Mas pelo que vimos – está na mesma revista espirita que o autor coloca – Kardec não está dizendo as suas considerações, mas o que a frenologia diz. Continuando, Kardec explica no mesmo parágrafo:

“”Direis que depende do meio em que vivem. Seja. Dizei, então, por que homens nascidos nos meios mais ingratos e mais refratários tornam-se gênios, ao passo que outros, que recebem a Ciência desde a infância, são imbecis? Os fatos não provam à evidência que há homens instintivamente bons ou maus, inteligentes ou estúpidos? ””

E explica:

“”É preciso, pois, que haja na alma um germe. De onde vem ele? Pode dizer-se razoavelmente que Deus os fez de todos os tipos, uns chegando sem esforço e outros nem sequer com um trabalho obstinado? Seria isso justiça e bondade? Evidentemente, não. Uma única solução é possível: a preexistência da alma, sua anterioridade ao nascimento do corpo, o desenvolvimento adquirido conforme o tempo vivido e as várias migrações percorridas. Unindo-se ao corpo, a alma traz, pois, o que adquiriu, suas qualidades boas ou más. Daí as predisposições instintivas, de onde se pode dizer com certeza que aquele que nasceu poeta já cultivou a poesia; que o que nasceu músico cultivou a música; o que nasceu celerado, já foi mais celerado.””

Num modo bastante filosófico, não é novidade que há um pensamento que defende que nossa alma tem um conhecimento inato e outros, não existe nada. Os empiristas e os inatistas brigam por essa hegemonia a séculos sem ao menos uma solução, ou seja, os inatistas são socráticos-platônicos e os empiristas são aristotélicos. Sempre lembrando que deve haver no modo cientifico, métodos de referência e não métodos que só interessam ao autor do artigo.

“”Numa única existência, poderá o selvagem adquirir as qualidades que lhe faltam? Seja qual for a educação que lhe derdes desde o berço, dele fareis um São Vicente de Paulo, um sábio, um orador, um artista? Não; é materialmente impossível. E, no entanto, o selvagem tem uma alma. Qual a sorte dessa alma depois da morte? É punida pelos atos bárbaros que ninguém reprimiu? É colocada em igualdade com o homem de bem? Um não é mais racional que o outro. É, então, condenada a ficar eternamente num estado misto, que nem é felicidade, nem infelicidade? Isto não seria justo, porque se ela não é mais perfeita, não dependeu dela. Só podeis sair deste dilema admitindo a possibilidade de progresso. Ora, como pode a alma progredir, a não ser tendo novas existências?”””

Ou seja, o autor do artigo não coloca a primeira parte, que é esta, só colocando o que vem depois. Acho que já ficou claro que o intuito do artigo é apenas uma forma de difamação. Esse artigo foi só uma introdução.


É isso. 
Vídeo complementar 

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Aquela escola velha...




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior



A muito tempo que venho falando sobre a educação, seja inclusiva ou não, que está ultrapassada e não tem nenhuma razão de acharmos que vai ensinar alguma coisa a alguém. Diferente do Olavo de Carvalho, não acho que o problema é o método do mestre Paulo Freire, nem mesmo, as mazelas que a esquerda brasileira acha que é a educação. A educação é a aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano. Seria a pedagogia, a didática e o ensino daquilo que é a realidade do mundo. Então, o que estamos fazendo com a educação aqui que não estou vendo isso? A internet potenciou o discurso dos idiotas dizendo que a culpa é daquilo, a culpa é daquilo outro, mas ensina o filho a bajular o professor, ensina o filho a fazer de tudo para tirar notas boas na escola, menos aprender. Mas não é só os jovens, os ensinos técnicos estão cheios de falhas, apostilas que passaram da hora de serem renovadas, métodos que não se aplicam mais. 


Ora, pensar é importante, não se pode aprender sem nunca questionar. Será, por exemplo, que realmente, Pedro Alvares Cabral, foi o almirante único branco europeu que pisou aqui? Será que é necessário o ensino do teorema cartesiano nas escolas? Lembrando sempre, que esse teorema cartesiano é importante para engenheiros, para jovens de 16 anos, é desperdício de tempo e de dinheiro. Uma apostila de técnico de administração ter a seguinte pergunta: “Você já pensou sobre a forma como você arruma sua casa? ”, não pode ser um curso sério, porque até mesmo um leigo como eu, sabe que uma empresa não é como uma casa. Os setores de uma empresa são muito mais complexos do que um cômodo de uma casa que tem apenas nem um metro de tamanho, em alguns casos. Você vê que professores universitários nem sabem o que está na teologia protestante, não sabem falar de política sem serem bilaterais, não sabem analisar em cima da montanha, como diria Nietzsche. Como querem que temos uma educação de verdade?


Lendo um post do blog ou site, Universo Racionalista, cujo o nome é: “O DESPRESTÍGIO DA ACADEMIA BRASILEIRA”, vejo o quanto nossa educação está embrenhada dentro de um complexo desperdício de recursos e nada de ensino. Como um mestrado de uma Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), tem a capacidade, de aprovar um mestrado que nada se entende, o trabalho está completamente fora dos padrões da ABNT e ainda, na apresentação, o aluno aparece nu? Ele é um mestre, ele tem que ter autoridade para ensinar, então, essas coisas “marcam” sua autoridade como professor. Modernizar o ensino não quer dizer, tirar do professor, uma certa autoridade dentro da sala de aula. Mesmo o porquê, os professores “chatos” são aqueles que ensinam melhor, porque usa melhor a sua autoridade. Sempre temos que lembrar, que educar é preparar o aluno proporcionando uma ampla aplicação de um método de assegurar que a formação do indivíduo seja feita, sendo, físico, intelectual ou moral. Que moral tem um professor que fica pelado em uma aplicação de um TCC de mestrado? Não é a moral do moralismo, mas a moral que faz um professor ter uma postura acadêmica, uma postura de um mestre, uma postura de um letrado que vai educar a próxima geração. Sair do convencional, não é bagunçar o método cientifico, sair do convencional é mais do que colocar um “urinol” no meio do caminho e dizer que é arte (Duchamp quis fazer ironia com a arte moderna, foi levado a sério demais). 


A moral – num sentindo bem restrito – é aquilo que pertence ao espirito do homem. Não é uma idiotização ideológica, mas o que você mesmo é, não precisando de outras regras para ser e se comportar como você mesmo é. Moral também tem a ver com as regras de uma tradição, isso só vai ser adquirido através da cultura, através da educação, através de cada cotidiano. Já o moralismo, muitas vezes, manifesta através de palavras ou uma ação (ato), uma preocupação muito demasiada com questões morais, geralmente, sempre demonstrando juízo de valor ou preconceitos para com os demais, um puritano (doutrinador). Na ética, podemos dizer, que o sujeito tem percepções morais irrefletidas (aquilo que não se reflete) que, está separada de um sentimento real da moral, se baseando nas considerações normativas e tradicionais, sempre julgando uma certa situação a partir dessas considerações sem ter uma atenção mais apurada com a complexidade de seus elementos constituintes.


A título de exemplo, o olavismo é moralista no sentido de não analisar num ponto histórico algum fato complexo daquilo, uma análise junto a moral, é uma análise sempre enxergando um problema baseado nas entranhas da história. Uma prova está o livro Os Jardins das Aflições, analisar Epicuro num pensamento contemporâneo é idiotice demais, mas ainda não acabei esse livro. A questão é muito mais complexa do que jogar a culpa dessa educação tacanha no pobre Paulo Freire, porque há e sempre haverá nas entranhas da nossa cultura, uma “quedinha” pelo moralismo carniceiro. Nossas crianças precisam perder o medo de aprender, porque a essência do moralismo ideológico – seja de esquerda ou de direita – é sempre inibir o questionamento, talvez assim, a questão do ensino fica tão desinteressante. Qual jovem é incentivado a aprender sem religiosidades, sem ideologias, sem moralismo? Aqui, não vejo. Raros são as famílias que incentivam eles mesmos escolherem suas religiões, escolherem suas ideologias (embora eu ache que sim, a esquerda burra tomou conta do ensino), escolher você ser sua natureza verdadeira. 


A vida é muito curta para seguir o senso comum, ser mais um da multidão, fazendo isso, você está sendo fiel as suas convicções. Entrar em negociação com seus princípios são sempre um mal negocio, porque você vai criar repetidores e não inovadores. O sujeito do mestrado não está sendo original ou um gênio, está seguindo o senso comum das universidades, como o ensino técnico está sendo comum, não fara técnicos como nossa nação merece. E o olavimo não é filosofia, mas moralismo do senso comum.


terça-feira, 23 de maio de 2017

Instagram – terra dos ressentidos


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Por Amauri Nolasco Sanches Junior
“É preciso ter ainda o caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante. Eu vos digo, tendes ainda o caos dentro de vós” – Nietzsche, Assim Falou Zaratustra, p. 18
 Quando eu postei a foto da minha cadeira de rodas no Instagram eu não me surpreendi quantas curtidas a foto teve, não por ser a cadeira de uma pessoa com deficiência, mas uma cadeira de rodas leva um estereótipo muito poderoso nestes casos. Qual estereótipo? Que a cadeira de rodas é um instrumento para pessoas doentes, pessoas saudáveis não podem estar numa cadeira, pela lógica do senso comum. Um estereótipo é uma generalização de uma imagem graças a uma primeira imagem se gerou a esse conceito, como a cadeira de rodas, na questão de ser um instrumento somente para pessoas doentes. Mas pessoas que quebram a perna, pessoas que tem deficiência, pessoas que estão temporariamente, imobilizadas – no sentido de usar a cadeira de rodas temporariamente – usam também a cadeira de rodas. Eu não sou um doente no sentido do senso comum, eu tenho uma estabilidade de equilíbrio que faz com que eu não fico de pé sozinho e sim, segurando. Existem colegas de muletas que andam de cadeira de rodas em grandes distancias por não aguentarem grandes caminhadas, ou eventos – como na Copa aconteceu várias denúncias de pessoas que levantavam, por causa do estereótipo das pessoas cadeirantes serem apenas paraplégicas – de grandes caminhadas, como o REATECH.

Acho que Nietzsche iria olhar o Instagram e dizer que a maioria são niilistas que ficam mentindo para si mesmo, mas na verdade, não estão acreditando no que realmente postam. Então, postam um mundo que não existe e acham que assim, vão ter uma imagem de pessoas felizes que estão ali somente por achar que aquela felicidade deve ser compartilhada. Mas a questão é: eu quero saber? Eu quero ter esse conhecimento que a pessoa está no Guarujá tomando champanhe em um iate? Acontece que a minha cadeira de rodas é a aceitação da vida como ela deve ser, é o sim ao devir da vida como o impulso da vida enquanto a aceitação daquilo que ela é. Graças a ela eu me locomovo, eu vivo a vida sentindo a textura fisiológica dela ao andar no chão. Nietzsche iria dizer que a cadeira de rodas é o impulso daquilo que eu chamo viver, é o sim daquilo que é a fisiologia da vida enquanto, aceitação da minha trágica verdade. Afinal, a deficiência é uma trágica realidade do senso comum, que Nietzsche iria dizer – com o martelo e seu super bigode – é a caída do abismo rindo e dançando, porque rimos dessa grande tragédia do porvir.

Na verdade, a minha ideia é sempre mostrar as coisas que as pessoas rejeitam ou aquilo que eu gosto, porque afinal, o Instagram é meu. Eu sou um grande nietzschiano no sentido de avaliar o quanto a nossa sociedade é ressentida, o quanto as coisas devem ser “politicamente corretas” para caberem em um mundinho que não existe. Para a imagem das tragédias gregas, a felicidade só era alcançada diante de grandes sofrimentos, tanto é, que Nietzsche vai resgatar isso em seu romantismo na frase que coloquei acima na introdução do texto. O que quer dizer? Que toda a dificuldade diante da vida, sempre tem um ponto que se você não superar ou você fica na situação ou você vai além daquilo. Afinal, não há o caos antes de ter uma estrela brilhante? Não há o caos naqueles bem-sucedidos? A deficiência é um caos superável, um caos que podemos superar no sentido de não se preocuparmos muito com ela. É um abismo que sempre cairmos dançando, uma tragédia que se você não aceitar você não vive, não é o que o senso comum sabe de deficiência.

Mas qual seria uma visão de felicidade? Felicidade, na sua essência, é um estado (sentido) de superação e serenidade; porque você aceitara uma condição e não vai culpar o outro. Acontece que esse estado de felicidade é muito raro e nem todo mundo consegue esse tipo de estado, porque temos um momento alegre e não feliz. Ter felicidade é estar satisfeito, uma consciência plenamente satisfeita, contentamento ou bem-estar. Mas quem realmente sente isso só com objetos? Veja, não estou dizendo que as pessoas não devem ter nada, mas tudo é um conjunto dentro do ser e do ter, porque assim, se tem um equilíbrio. Satisfazendo aquilo que se tem sem achar que aquilo está bom, mas não que aquilo é pouco, aquilo é o bastante naquele momento. O equilíbrio é respeitar você mesmo, respeitar o que você é de verdade. Existe pessoas que julgam, acham que são justas e respeitam a vida. Todos não estão na felicidade, estão em um momento alegria, porque ser alegre, ou seja, ter prazer. Enquanto a felicidade é um estado de satisfação com uma consciência plena dessa satisfação, sempre em contentamento bem-estar.


Minha cadeira de rodas não é feia, é impossível nesse mundinho perfeito e maravilhosos. 


sábado, 20 de maio de 2017

Ética no Brasil



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Não é segredo que eu sou libertário, então para mim o maior culpado de toda essa “baderna” é o ESTADO, pois, para se manter e manter sua posição de hegemonia, ele rouba e vai coibir seja quem for. Todas essas gravações e delações não me surpreendem, o que me surpreende é a rapidez que esse processo vem ganhando corpo, ficando cada vez mais forte. Acho que estamos entrando num outro ponto da discussão política brasileira, porque isso transcende a discussão direita e esquerda. A pergunta que fica é: o que fazer quando o debate não tem saída nenhuma? O que fazer quando a nossa própria educação está totalmente dentro de um lado do debate, eles dão só um lado da história.

Eticamente, estamos atrelados dentro de uma resolução de sempre achar que existe um lado da história e não há, devemos ter critério crítico e não espalhar notícias sem a fonte confiável. Há isso? Não. As pessoas ainda ficam em suas “bolhas” e não enxergam o que é obvio numa discussão política, há grandes interesses para parar a operação lava-jato e são corporações poderosas, políticos influentes, que sempre querem dar um “jeitinho” para espalhar notícias falsas. Daí temos que ter em critério duas coisas: as fontes que essas notícias foram veiculadas (como há muitas fake News por ai dizendo qualquer bobagem), ser extremamente cético na notícia e de onde ela está. Eu, particularmente, uso a peneira de Sócrates que para mim é muito útil (a lei moral nisso está além se é mesmo do filósofo ou não).

A primeira questão dessa peneira é: será que a noticia é verdade? Etimologicamente, verdade vem do latim “veritas” que quer dizer “real, aquilo que é verdadeiro”, que por sua vez, vem de “verus” que quer dizer “real”. Os gregos tinham uma outra concepção de verdade que eles chamavam de “aletheia” que queria dizer o não-oculto ou não escondido, portanto, podemos até dizer que a verdade para Sócrates é aquilo que não era oculto. E o que é oculto neste caso? A intenção que isso é dito, ou seja, a intenção sempre vem junto com o caráter (ethos) e para os gregos o “ethos” – mais ainda acentuado em Sócrates – vem sempre com aquilo que é o bem, a intenção honrosa de ter feito aquilo que lhe é oculto.

A segunda questão da peneira é: será se isso que estão falando é mesmo uma bondade? Bondade vem do latim “bônus” que quer dizer bom, agradável e que traz benefício. Para Sócrates a bondade (Agathosune) era a essência daquilo que era virtuoso, aquilo que era a verdadeira virtude (agathos). Mas prefiro a definição do filósofo alemão Nietzsche, que a bondade é aquilo que lhe é útil ou aquilo que é nobre. Segundo o próprio filósofo – que pouca gente cita – é que bonnus era a elite das legiões romanas e que eram os mais corajosos e cavalheirescos e aquilo que fazemos com coragem, fazemos diante daquilo que é bom (agathos), porque na nobreza de espirito está a verdadeira bondade e virtude.

 A terceira questão é: será que aquilo tem alguma necessidade? Necessidade vem do latim “necessitas” que quer dizer “compulsão, necessidade por atenção”, que por sua vez vem de “necesse” e sua tradução é “inevitável, indispensável”. Originalmente, queria dizer “sem volta”. Era formado por NEC, “não”, mais CEDERE “recuar, ceder”. Para os gregos – porque Sócrates era grego – a necessidade, a anánké, era uma deusa e era mãe das moiras (destino), onde era casada com o deus Moros (do destino e da morte). Tinha também o significado de força restrita que era um tipo de força que era importante para algum desempenho.

Diante dessa peneira o que temos? A verdade de algum fato, a bondade (poderíamos colocar como intenção) do sujeito que informou o fato e por último, qual a necessidade desse fato para a vida da sociedade. A ética, entra como um filtro em nossas decisões para levar adiante aquilo que me é útil ou não (daí caímos nas graças de Kant), onde a nossa atitude pode virar uma atitude universal (onde pode virar uma faca de dois gumes, porquê podemos vitalizar algo pouco ético); ou podemos filtrar essa informação de modo a ser a mais verdadeira informação. Além dessa peneira podemos fazer a seguinte indagação: a quem interessa esse tipo de notícia? A quem podemos presumir essa confusão de informações? Essas questões devem ser analisadas e fazemos uma crítica.

A quem interessa a esse tipo de notícia, estamos carecas de saber, porque o foco do juízo (ato, processo ou efeito de julgar), faz de nós reféns daquilo que acreditamos. Esse é o problema (aquilo que é observado e não temos uma única visão), nossos valores são aquilo que somos e a nossa moral é aquilo que devemos ser, então, da onde vem a crença? Kant nos diria que temos três categorias de razão: a primeira é a ideia psicológica (alma), a segunda e a ideia cosmológica (do mundo como totalidade) e a terceira é a ideia teológica (Deus). A ideia aqui mais evidente é a visão cosmológica que temos, pois, tem a ver como vimos o mundo e julgamos diante dos nossos próprios valores. Assim, segundo uma crítica mais profunda, vai construir a ética de cada indivíduo. Por exemplo, se uma pessoa é corrupta é porquê seus valores foram construídos diante da vantagem de se ter mais para viver melhor, mesmo que esse fim, justifique o meio onde isso foi conseguido. Ou seja, não interessa se o dinheiro é licito ou não, ele está já convencido que aquilo é seu por direito (seja lá o que for que está no seu juízo), e vai fazer de tudo para conseguir esse tal dinheiro ou outras coisas. Isso é fato, só ver também a visão de um ladrão, ele está convencido que aquilo é dele, então, ele vai coibir para conseguir aquilo que lhe disseram que é o direito dele ter. Talvez, por isso mesmo, a publicidade e a mídia seja tão criticada.

Mas uma questão tem que ser levantada: se há um juízo cosmológico do ser, como somos levados dentro de uma “bolha” ideológica? Então, Kant colocou aquilo que ele “achava” ser universal e não é, porque o juízo cosmológico – aquele que enxerga o mundo – é regido pelo que tenho de valores dentro da minha ética. Daí acontece algo perigosíssimo, isso virar um imperativo categórico, porque se faço um ato corrupto de enxergar só aquilo que me interessa, então, eu estou fazendo isso virar uma lei universal. Mas podem me perguntar: “Ah Amauri, Kant talvez não esteja falando da ética justa e virtuosa só? ”. Daí eu respondo: se falou, não especificou isso, se não especificou isso, então, qualquer ato que esteja sendo feito, vira um ato universal graças ao emaranhamento da filosofia kantiana na nossa cultura. O desastre do imperativo categórico, não é que ele traz de bem, mas o que ele traz de mal. Às vezes, te enche o saco você está sossegado no seu Facebook e várias pessoas repetem a mesma coisa, como se não pudéssemos usar a criatividade para fazer suas próprias indagações. Muito embora Kant faz uma crítica muito acida quanto a isso na resposta “O QUE É O ILUMINISMO? ”, dizendo que esse tipo de sujeito é um sujeito que está na menoridade (aquele que tem preguiça de pensar), ele também deu um álibi perfeito para isso ocorresse fazendo de cada ética uma moral universal.

Mas tem um outro porem nesta história, porque estamos na era tecnológica (tecné), então, a redes sociais te prendem em bolhas ideológicas para melhor te vender coisas. Kant, se visse agora o que virou seu imperativo, poderia perfeitamente, acusar as agências de publicidade e as mídias em geral (porque não, o sr Zuckerberg e seu Facebook), usar indevidamente seu imperativo. Mas, um Olivetto pode responder para Kant, que ele mesmo ao colocar em suas três críticas mais seus livros mais ou menos, conhecidos, fez desse pensamento uma lei universal. Seria como uma faca, a faca é apenas um objeto de uso, que pode servir para passar manteiga no pão; porém, a faca também pode ser uma arma branca e pode perfurar um órgão vital e matar uma pessoa. O imperativo categórico kantiano serve para atos justos e virtuosos, assim como, para atos ilícitos e sem a menor moral. Ou seja, o imperativo de Kant se torna amoral (além de uma só moral), passando como uma arma branca do convencimento.

Temos as peneiras de Sócrates para nos basearmos o que é aquilo, para quem é aquilo e o porquê é aquilo, e temos o imperativo categórico de Kant que é um juízo cosmológico que deve ser pensado seu ato, porque seu ato pode ser universalizado. O que nos falta nesta análise? Uma coisa importante, que tem a ver com a vontade de cada pessoa, porque na vontade que potencializamos nossos atos. Aristóteles, trezentos anos antes de cristo, distinguiu o que era o ato e o que era a potência do ato. Se quero comer um chocolate, o querer ainda passa pela potência que aquilo vire um ato. Como? Indo em algum lugar e comprar um chocolate, ou seja, o querer que era uma potência em só imaginar pela vontade, mas virou um ato de eu ir até um local e comprar o chocolate. Os gregos tinham potência como “virtu” que veio o termo virtude (conformidade com o bem), como virtual (potencialização). Aqui está a questão, virtual e virtude pode existir num mesmo ato, porque a virtude é aquilo que está em conformidade com o bem e virtual, é uma potencialização daquilo que será ou não um objeto ou objetivo. A virtude (como substancia), acaba sendo uma virtualização do ato de se conformar com o bem. Então, tanto o bem, quanto o mal é apenas uma virtualização das escolhas que serão ou não, feitas.

Para Aristóteles temos uma essência e se temos uma essência essa essência deveria ser respeitada, como se eu devesse apenas escrever, se meu dom é esse, deveria ser assim. Embora eu tenha realmente o dom, mas eu escolhi ser um escritor além de escolher ser um publicitário, um técnico de informática e filósofo. O gostar é a diferença, o gostar vem de gosto, gosto daquilo que te dará prazer e alegria (felicidade é algo muito mais profundo), porque a vida se vive pelo gosto, pela sensação de sentir. Daí chegamos ao martelo de Nietzsche que vai dizer – como Epicuro tinha dito muito séculos atrás dele – que o real momento da vida não é pensar muito, não é ficar preocupado com “frutriquinha” que não vai te trazer nada é viver. Quer fazer algo pela sociedade? Dê o conhecimento verdadeiro, que aliás, para Nietzsche, não existe verdade absoluta. Ora, ficamos sem chão nenhum, porque eu não posso repassar o que eu mais gosto, aquilo que acredito. Acreditar não é critério, acreditar em um mundo comunista é o mesmo que acreditar em um paraíso católico, por exemplo, mas devemos sempre ver aquilo que é real e aquilo que é real é aquilo que potencializa nosso ato. Espinosa, filósofo luso-holandês, disse algo parecido (talvez, Nietzsche tenha dado uma releitura da filosofia de Espinosa), que a potência vai ganhando corpo até chegar ao cume que é a felicidade (eudaimonia).

Ora, pegamos um extremo moral dos intervencionistas e o no outro lado os libertários. Os libertários defendem uma lógica, que somos animais racionais e deveríamos querer muito mais a liberdade do que a opressão e a violência. Os intervencionistas querem a opressão e a violência, não em nome de ima ética, mas em nome da sua vingança. Nietzsche iria dizer que os libertários, que querem a liberdade, são a potencialização do homem perante a dependência de um ídolo que é o ESTADO (embora achasse que a anarquia era a irmã mais nova do socialismo, mas, olha a época dele e vê se ele tinha meio de ter outra opinião). Os intervencionistas são os niilistas ressentidos que sentem alegria pela morte, pela coerção, pela violência; tudo que é sentimento não pode ser por imposição, mas o homem superando o próprio homem (esqueçam o que o nazismo e o fascismo fez com sua filosofia, ok?). Quando você ataca a esquerda, você é niilista, quando você ataca a direita você é niilista, porque você tem alma de rebanho e se leva com qualquer informação. Você precisa de um “mito” para pensar, você precisa de um motivo externo para se sentir algo ou alguém e não é isso, não se precisa de nada externo, mas algo interno e a ética começa com o olhar em si mesmo, fazendo o que deve ser feito.


Tai a reflexão, quem tem olhos enxergue. 


Exemplo de antiética, mesmo que seja engraçado |                                                                                    v



segunda-feira, 15 de maio de 2017

Mães de verdade!






Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Diante desse dia – que muitos dizem ser um dia totalmente comercial – devo ser o escritor que deve escrever sobre mães, mas não são mães quaisquer, são mães de pessoas com deficiência. A um tempo atrás, uma colega que é deficiente auditiva, escreveu em seu Facebook que ficava indignada que ninguém escrevia ou mencionava essas mães que enfrentam de tudo para que seus filhos tenham um tratamento digno de ser chamado de tratamento. Fui muitas vezes, testemunha da forma humilhante que é enfrentar um poder público incompetente e que é totalmente fracassado quando a modalidade é acessibilizar e incluir pessoas com deficiência. Eu já escrevi isso no artigo:  “A VISÃO DA INCLUSÃO DE UM CADEIRANTE ANARQUISTA”, onde falo o quanto somos tratados com desprezo pelo poder público que criou o conceito que somos excluídos para acharmos que eles nos incluem, e sim, eles mesmos fazem isso. O nosso tratamento não é feito de qualquer jeito? Qual remédio tem em postos de saúde? Nosso transporte sempre fica por último, nosso tratamento, nossos medicamentos, existem máfias que desviam verba pública (eu li em algumas matérias) para a compra de aparelhos pelo SUS. A educação é péssima e existem sorteio para acessibilizar escolas, acessibilizar vias públicas e existem bilhões de reais destinados em impostos.

Bom, todos nós sabemos que nossas mães fizeram sempre o que puderam para dar a nós uma vida mais ou menos, confortável diante da deficiência e diante de tanta incompetência estatal. Nosso país sempre no período de mais desenvolvimento, também, evolui para quadros devasto de corrupção e desprezo pela ordem. Quem acredita em uma moral tacanha, apoia um conservadorismo hipócrita, quem acredita em mudança, acredita em uma ideologia que é utópica. Entre interesses escusos, entre a cultura contaminada pelo que é vantajoso para meia dúzia de famílias e politicas estrangeiras, levaram o nosso país a não só uma ditadura, mas muitas e a última sucateou o progresso, sucateou as escolas e a redemocratização gostou disso. A questão é: o nosso país não pode se desenvolver ou os nossos governantes não querem esse desenvolvimento? A questão não é respondida, a questão e projetada, a questão não é nem perguntada. Se hoje é assim, imagina antigamente nos anos 80 e nos anos 90 onde o país não tinha nada de acessibilidade e não tinha nada de educação. Por isso mesmo acho ridículo terem exigido cotas para empresas e não terem exigido cotas em universidades, cotas para escolas públicas, cotas para nos prepararmos. Mas como sou um libertário, foda-se a questão, porque a questão deveria ser: por que existe o ESTADO?

Minha mãe como outras mães – até a mãe da minha noiva – sempre buscaram tratamentos para a nossa melhoria. Eu inicialmente, tive tratamento do SESI e depois na AACD, onde tivemos quadros de melhoria muito pouco eficazes, hora porque o fundador tinha falecido, hora que não tinha fiscalização e aonde recorrer. Hoje com o mundo digital, a coisa é mais ou menos, mais decisiva do destino de um tratamento, mas não muito, já que um médico (nem todos), nem sabe o CID da sua deficiência. Como um médico não sabe o CID de uma deficiência?  Como ainda há, centros de reabilitação, que não tem aonde desembarcar, não existe rampas construídas adequadamente e por aí vai? Imagina num período pós ditadura? Imagina num período que a inflação chegava a 400% por mês? Imagine seu filho andar numa Kombi velha amarrado num cinto de segurança fajuto, sem ter a menor comunicação, podendo eventualmente, ter um acidente por falta de leis de transito mais eficazes? Essa era a vida da minha mãe e das mães dos meus colegas, que além dessas preocupações, ainda tinham que aguentar ignorância de motoristas que achavam do direito de reclamar do caminho. Tinha que aguentar médicos que ao invés de consultar, ou tratava nossa deficiência com desdém, ou a cada consulta, tomavam café. Acho que a maior parte das doações dessa entidade, são para comprar quilos e mais quilos de café – fora o que muitos pais pagam – porque era um escândalo as vezes que eu via tomar café.

Nossas mães tinham que aguentar essa afronta a dignidade humana, essa loucura institucional de uma entidade que se sentia a rainha das outras entidades, que hoje, graças a Deus, está perdendo a majestade. Além de ter outras entidades que tem um pouco mais de competência, tem um pouco mais de ética e hoje existe um pouco mais de fiscalização – tá ok, estou muito otimista – que gera uma certa ética. Para dar um exemplo claro do que a nossas mães aguentavam, eu fui quase amarrado nessa entidade pelo dentista, minha mãe morreu ainda acreditando que meu pé direito é o mais virado, mas me disseram a pouco tempo, a bacia que é virada. Como uma entidade tem esse tipo de erro? Como ela tem um título de melhor entidade da America Latina se ela erra uma coisa básica como esta? Mas, minha mãe como muitas mães, acreditaram na melhora dos seus filhos e acreditaram o que essas entidades diziam como fosse o melhor a se fazer.

Dessa entidade eu não quero falar mais, me irrita profunda ver gente que ainda duvida da nossa palavra, pessoas que sofreram cirurgias e em alguns casos, houve até piora, são tidas como mentirosas. Mas, com um povo que acredita em tudo que vê na internet, quem dirá acreditar tudo que vê na televisão com bravatas sem sentido? Isso é o pensamento dominante positivista que a ciência cura tudo, como na idade média, a igreja e seus milagres eram a grande curadora. Há explicações cientificas para os milagres como, há explicações cientificas para erros médicos, erros de conduta, até mesmo, falta de ética. A ciência não é nada, foi feita por humanos, não vai nos curar e não vai fazer nada por enquanto. Temos que aceitar essa realidade, estamos numa cadeira de rodas, acostuma-se, mas também, não ame sua cadeira de rodas mais do que sua mãe.

Ainda teve soluções paliativas dentro do poder público. Para ter uma ideia, nas minhas observações, o poder público é um grande fracassado em incluir pessoas com deficiência nas escolas. Por que? Primeiro, não há transporte de verdade, somente poucos ônibus adaptados, poucas vans acessíveis, ainda uma legislação que só “quebra um galho”. Lá nos anos 90 – porque estudei até a 4º serie na tal entidade nas suas classes especiais – minha mãe optou por me colocar em uma oficina abrigada de trabalho (que eu brincava que era: “Oficina Obrigada de Trabalho”, porque não podíamos nada), porque não tinha aonde eu terminar meus estudos. Então, foi 8 anos de 4º serie, muitos livros lidos, mas ninguém para conversar de verdade sobre do que eu lia. Eu “poderia confundir” os que ali estavam, eu era um rapaz sozinho moralmente. Minha mãe, no fundo, sentia uma dor imensa de achar seu filho uma pessoa capaz, mas não ter o mínimo para se educar. Ela fez o que pôde para ela mesma, incentivar essa capacidade e arranjava livros, meus irmãos levavam livros para casa e muitos colegas me emprestavam. Quando eu entrei no supletivo aos 26 anos em 2002, muitos dos professores perguntavam: “O que eu estava fazendo ali? ”, porque eu levava meus livros de filosofia (Os Pensadores que vieram com a Folha de 1998 e que tenho até hoje, a 19 anos). Quando ingressei na universidade – que não terminei por causa que a UNIP não me deu bolsa de estudo nem oferecendo de eu trabalhar lá, para o Vampeta eles deram – em 2006 que foi uma luta, porque o ATENDE só queria liberar o carro depois de 15 dias após o começo do curso. Ora, como poderíamos ou podemos começar a estudar, após 15 dias do começo do curso? Como poderíamos acompanhar um curso desse jeito? E pensam que melhorou? Nada. Hoje em dia você tem que mandar dois meses antes, tem que consultar o vidente para saber se você vai estudar, se você vai trabalhar e etc. minha mãe chorou no telefone, pediu, implorou, mandei para a secretaria das pessoas com deficiência municipal (na época a dep Mara Gabrilli), mas nada se pode fazer.

Hoje em dia eu tenho três diplomas – publicidade, técnico de informática e filosofia – graças ao meu próprio mérito, ficar falando, exigindo uma melhor relação entre eu e o poder público. Minha mãe faleceu de câncer aos 59 anos no dia 11 de novembro de 2012, não viu o meu TCC de informática onde fez a matricula e acreditou em mim e acreditou na minha noiva, também. Não viu meu diploma de filosofia tao sonhado por mim, não viu minhas outras conquistas, mas sei que sempre acreditou na minha capacidade de embrenhar-se na área do conhecimento. Hoje eu sou um intelectual – sou mesmo, nerd de carteirinha do star wars – graças ao empenho dessa mulher que além de acreditar em mim, acreditava na capacidade de muitos e gostava de todos que estavam no meu convívio. Se decepcionou com muitos amigos meus, achava que todos eram iguais a mim e a minha noiva, tinha ética de não atacar o próprio amigo, se enganou. Mas, nunca deixou eu ter rancor deles, sempre perdoar, assim, são muitas mães que lutaram e lutam por um futuro melhor com seus filhos com deficiência.


A elas, meus respeito e minha admiração! 



sábado, 13 de maio de 2017

A visão da inclusão de um cadeirante anarquista





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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

O que acontece dentro da nossa cultura – principalmente, dentro do mundo político nacional de gestão pública – é confundir o conhecer e o ser. Conhecer sempre é um esclarecimento sobre determinado assunto e determinada espécie de pessoa, o ser é o que se é e o que você pode ser. A título de exemplo, podemos pegar um engenheiro que faz uma adaptação dentro de um ônibus ou dentro de uma van (de serviços desse tipo), ele pode conhecer as normas da ABNT, mas ele não pode saber o que cada deficiência necessita para ter um transporte de verdade e mais ou menos, confortável. Isso exige um estudo muito mais aprofundado sobre a ergonomia das deficiências físicas, deficiências sensoriais e deficiências cognitivas e mentais. Não basta conhecer as adaptações, tem que conhecer a realidade de cada pessoa que usa e vai ser “beneficiada” por aquela adaptação ou aquela acessibilidade.

Diante disso nós, seres pensantes, podemos perguntar o que é acessibilidade. Muitos irão responder, que acessibilidade são atitudes de arrumar rampas, portas, sanitários e fazer algumas adaptações dentro de uma dada situação, para as pessoas com deficiência terem uma certa autonomia dentro da via pública, prédios ou lugares. Mas o que a maioria não sabe é que acessibilidade quer dizer “facilidade na aproximação” no tratamento (aquilo que se é tratado) ou na aquisição (aquilo que se adquiri) diante de certa situação. Então, podemos concluir que o termo acessibilidade está muito próximo de inclusão, pois, se acessibilidade é uma facilidade de aproximação, seja do tratar, seja na aquisição, a inclusão é o meio de incluir. Mas temos que analisar mais de perto essa inclusão, porque devemos incluir aquilo que se excluiu da sociedade e ao que parece, não somos excluídos e não nascemos fora da sociedade. Melhor ainda, não ser aceito não é o mesmo que exclui, mas não ser aceito é ser discriminado que é diferente de excluído.

No livro Sapiens – Uma breve história da humanidade do historiador israelense Yuval Noah Harari, está que mesmo que o ser humano tenha tido a revolução da agricultura – que para o autor foi um erro – nós ainda não tivemos tempo de evoluir de caçadores-coletores e continuamos com as mesmas coisas inconscientemente. Daí tudo se encaixa, se interna idosos em asilos porque eles “vão atrapalhar o bando”, se discrimina as pessoas com deficiência pelo mesmo motivo. O que mudou entre nós e os caçadores-coletores? Quase nada, porém, os caçadores-coletores não tinham o problema de se submeter para governos que não resolviam seus problemas e por outro lado, nós seres humanos, pouco ou muito, temos a consciência. O nosso raciocínio se deveu, em sua maior parte, a essa consciência (com conhecimento), e graças a ela, se deveu a frase mais conhecida do filósofo francês Rene Descartes “penso, logo existo”. Quando percebemos a nossa realidade e que pensamos, segundo a frase de Descartes, a única coisa que não podemos duvidar é da nossa própria existência. O “EU SOU”. Assim, portanto, não tem como alguém ainda ter a consciência de um sapiens de 100 mil anos atrás, porque o sapiens moderno e o sapiens pré-histórico são dois seres diferentes.

Se o sapiens moderno tem a plana consciência do “eu sou”, então, por que ainda existe duvidas que nós, pessoas com alguma deficiência, temos necessidades para essa aproximação com a sociedade?  Porque, acontece, que as pessoas não entendem que se eu tenho consciência (eu sou) da deficiência que tenho, por exemplo, eu sei das limitações que eu vivo e sei se o meu bairro supre toda essa acessibilidade. Porque não supre. Para andar de ônibus, tenho que andar um quarteirão, andar em ruas esburacadas, tenho que atravessar avenidas e contar com a sorte de ter ônibus adaptado na linha onde quero ir. Isso que São Paulo existe uma certa acessibilidade, porque existem lugares que por mais que se exija por lei, a lei nunca é cumprida. Se não tem como pegar ônibus não podemos sair? Se não temos lugares acessíveis, não podemos andar com nossas cadeiras de rodas? O ESTADO arruma a solução dando o prazo para o próprio ESTADO acessibilizar as escolas, acessibilizar o transporte, acessibilizar os prédios públicos, que muitas vezes, se prorroga ao infinito. Fora que fazem leis para a iniciativa privada se adequar as nossas necessidades, nos empregar naquilo que nos formamos, mas além de não haver nenhuma fiscalização, ainda a iniciativa privada não cumpre a forma básica da lei de cotas, empregar no que as pessoas com deficiência estão formadas.

A gestão estatal, que tanto nosso povo “ama”, fracassou dês do começo da revolução da agricultura. Interesses foram mantidos, nós como pessoas incapazes de produzir e incapazes de ter autonomia para se locomover, muitos foram mortos. Nós não éramos aptos a serem soldados, morríamos no abismo espartano. Nós não poderíamos produzir bens ou sermos filósofos, sermos políticos, então, éramos deixados para morrer comidos por animais selvagens. Povos e mais povos nos viam como uma maldição ou como demônios, éramos escravos ou “bode expiatório” de situações que eram erros do próprio povo e suas crenças. Além de não sermos dignos nem de aproximação do altar de Deus por sermos impuros.

Dentro dessas crenças, sempre o ser humano julgou o diferente como algo “bizarro”, que sai da natureza do “normal”. O discurso da normalidade é um discurso sempre do ESTADO para padronizar aquilo que ele acha que é importante, para sustentar a sua “máquina” de ter recursos para sua própria manutenção. Não importa o regime, o que importa para o ESTADO é que você produza para ele converter em bens próprios para agradar os poucos que elegeram com benefícios paliativos. O homem criou aquilo que te escraviza, um meio para ser governado e esse governo molda tudo aquilo que ele é e o que ele pode ser ou não. Eu sei dos meus limites, todos nós sabemos dos nossos próprios limites, então, não precisamos de conselhos e secretarias para nos representar se nem eles sabem o que necessitamos.

Aqui em São Paulo existe um transporte a mais que a 21 anos nunca foi ampliado e nunca foi modernizado, só é uma “casinha” nos fundos da SPTrans (São Paulo Transporte). O ATENDE – seriam vans acessíveis que na teoria, era para atender quem realmente não poderia andar de ônibus – atende de semana para transporte de pessoas para trabalho, tratamento fisioterapêutico, isso é o regular (modalidade principal). Existe a modalidade do EVENTUAL que é uma vez por mês para levar em consultas (como se houvesse só uma consulta ao mês), com o prazo de 20 dias (as consultas não são marcadas 20 dias antes nunca). E existe os eventos que são apenas 160 vans para mais de 20 movimentos, aproximadamente. Existem, em estimativa, trezentas e algumas vans para carregar mais de 10 mil ou mais pessoas com deficiências. Ora, primeiro podemos perguntar: diante de tantas pessoas com deficiência – mesmo na moderação eventos – como podemos permitir não ter serviço em alguns feriados? Como podemos abrir mão do serviço toda vez que há o evento Teleton? Daí eu volto a definir o poder público como o poder fracassado nesse requisito, porque a 21 anos existe o mesmo número de vans, a 21 anos existe os mesmos vícios (como se eles fizessem um favor para nós, mas eles são pagos com nossos impostos), as vans não são conservadas – todas vão para o conselho municipal que tem preferência de vans melhores e motoristas melhores entre outros movimentos – e eles fazem o que querem e atendem quem eles acham que devem. Agora eu pergunto: os motoristas de ônibus têm algum feriado junto com outros funcionários da SPTrans? Chegamos na questão ética e ao mesmo tempo em um paradoxo, pois, ao mesmo tempo que eles têm o direito de ter esse feriado, eu tenho o direito de sair garantido por lei na constituição federal.


Diante disso tudo, eu posso estar muito seguro no que vou dizer, eu não desejo votar em ninguém porque nenhum partido, nenhum governante, tem o meu voto. Mesmo o porquê, não há nenhum plano efetivo para melhorar o país inteiro para as pessoas com deficiência em acessibilidade e a inclusão. Sempre nossas prioridades ficam para depois, sempre nós ficamos esperando e quanto mais reivindicamos, mais ficamos à mercê de políticas oportunistas e que nada tem a ver com a verdadeira meta do cidadão com deficiência. 



quarta-feira, 10 de maio de 2017

Vamos falar de educação?


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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Muitas coisas me levaram a escrever este artigo. A primeira, é um vídeo que um menino de uns 15 anos de idade não sabe quem descobriu o Brasil. A segunda coisa é ler no portal Meio&Mensagem que o vídeo mais acessado no YouTube é de um anuncio de cabelo com duas cantoras sertanejas (do estilo sofrência), protagonizando a tal propaganda. E o terceiro motivo é eu perceber, que muitos professores técnicos confundirem cursos técnicos com cursos de graduação e, às vezes, não fazerem o serviço que foram pagos (com nossos impostos) a fazerem.

Se repararmos bem, um motivo tem a ver com o outro, porque tem a ver com o modo que nossos jovens foram educados. Educação vem do latim “educare” que em um bom português quer dizer “levar para fora”, ou seja, quando nos educamos botamos para fora tudo que está na nossa racionalidade e caráter, tem a ver com a ética. Deveria ser preocupante que um menino de uns 15 anos não saber que quem descobriu o Brasil foi os portugueses e não os alemães e o comandante da fragata que levou esses portugueses aqui foi Pedro Alvares Cabral. Mas o MEC (Ministério da Educação e Cultura), também não é o único culpado, mesmo o porquê, ele repassa o dinheiro para as escolas e regula as matérias dadas; mas a educação verdadeira é dada pelos pais. Minha mãe sempre ensinava aquilo que a escola não ensinava, ela reforçava o que a escola dava, então, eu e meus irmãos sempre soubemos que quem descobriu o Brasil foi Pedro Alvares Cabral numa fragata portuguesa. Mas podem me indagar: “mas Amauri, existem pessoas pobres que não tem oportunidade, como eles podem se informar sem acesso? ”. No vídeo fica claro que os jovens sabem a “modinha” do momento, então, se sabem a “modinha” do momento – já que estavam com trajes de funk – pode sim, procurar essas coisas na internet. O ideal é que a mãe ensine ou o pai, mas quando os dois não sabem – porque a educação aqui sempre foi um caso sério – ele poderia encontrar em qualquer site em um celular. Mas por que nossa juventude não quer saber essas coisas e só acessam “modinhas”?

Vamos imaginar que os pais em determinada família, ensine o seu filho que ele deve se submeter ao subordinado (que inclui o professor), para sempre ter um certo “olhar” preferencial, o que chamamos na nossa cultura de “vantagem”.  O que criamos? Pessoas que se submetem e não questionam o ensino, não interessa o que o professor dará, não importa o que as pessoas digam ou pensem, sempre estão certos e se você questionar, eles te darão notas baixas e vão te perseguir. Entenderam porque a juventude usa a internet para fazer a única coisa que interessa que ver coisas inúteis sem questionar se aquilo é ou não verdade? Entenderam agora que estamos assim, como eu descrevi, a 500 anos porque sempre fazemos alguma coisa para tirar vantagem dessa coisa? Sempre os professores e os coordenadores vão perseguir aqueles que querem aquilo que é justo e ético, porque as pessoas sempre vão dizer: “só eu vou fazer isso? Vou ver o meu”, “meu filho vai ficar com nota baixa”, “vou reclamar e os coordenadores vão me perseguir”. A questão do ensino – sim, porque a educação é os pais que tem que dar – sempre foi um problema no nosso país, porque o povo faz o que eu descrevi, puxa-saco do chefe, puxa-saco do professor, puxa-saco de tudo aquilo que acha que vai te trazer aborrecimento. Esse desinteresse pela cultura verdadeira, sempre vai ser dominante enquanto o povo achar que questionar é “fazer encrenca”, questionar faz parte do ensino e do aprendizado. A filosofia é a grande inimiga dos políticos canalhas, porque sempre é a matéria questionadora, a matéria que fazem nossos jovens a questionar suas próprias realidades. Esse jovem poderia questionar: por que estou vestido desse jeito? A resposta seria obvia: para ser aceito e com isso, entramos no outro motivo.

O questionamento de uma determinada coisa é uma necessidade para avaliar se aquilo é ou não necessário na nossa vida. Daí fico imaginando – porque todo filósofo sério faz isso – qual a necessidade de conhecimento e de aprendizado, tem um anuncio de tintura de cabelo? Propaganda vem do latim “propagare” que é um órgão da igreja católica, para propagar a “boa nova” ao mundo e de onde veio propagar. Uma propaganda é uma comunicação ao maior número de pessoas sobre um produto, um serviço ou uma notícia (do governo, seria uma prestação de contas), que se queira que um número expressivo de pessoas, possam ver. Há uma certa confusão nas agências de publicidade, porque propaganda não é para entreter, não é para ensinar (seria como dar aulas com memes), muito menos, virar atração circense, é para propagar. Acontece que com o advento da internet, as agências de publicidade, ficaram obsoletas e começaram a achar que são uma espécie de propagadores de uma moral ou ética, porém, propagando essa enxurrada de “politicamente correto” – por pressão da própria mídia – só faz vender o normal, nem muito e nem muito pouco. Ninguém vai comprar uma cerveja porque a Henneken está fazendo “experimento social”, ninguém vai comprar mais Toddynho porque fizeram uma propaganda em 2015, para não criticarem os avós. Eu sou um publicitário conservador, usar a criatividade é preciso e usar um programa muito bom que está sendo mal-usado, o cérebro.  Publicitários estão lendo menos, estão com menos criatividade, estão achando que são produtores de tevê, pois não são.

Voltando ao menino que pensou que fomos descobertos por “alemães” e não portugueses, vendo que criamos uma geração que não tem vontade nenhuma aprender, não seria novidade nenhuma gostar de músicas de sofrimento e acessa um anuncio de cabelo só porque são cantoras “modinha” que o fazem. Quem poderia em sua sã sabedoria, gostar de uma música que a mulher manda o traidor morar no motel? Seria como a punição de um juiz hoje, aposentar o cara com o salário integral, belo castigo. Fora que os funks “pancadão” – voltando ao menino desinformado que deve gostar pelo estilo que se veste – são músicas infantis e não sabem expor nada a não ser, sexo, dinheiro e poder. Agora eu pergunto a alguns órgãos de ideologias de esquerda, isso é mesmo cultura ou é uma forma de expressar? É uma contracultura? As contraculturas são importantes, são meios de questionamento dos meios de produção de cultura, como Adorno e Horkheimer – se eles são da escola marxista, pouco importa – fizeram, mas achar que falando palavras obscenas, mostrar meninas seminuas, gestos obscenos, não vai contradizer nada. Um bando de humanos se entregando aos instintos. A contracultura só se faz com a própria cultura, só se tem uma possibilidade mínima de contradizer uma cultura vigente sabendo o contraponto dessa cultura e isso, só estudando.

Você estudar não é apenas decorar, você estudar é entender aquilo que se está aprendendo para se tornar um conhecimento. Não basta saber que 2+2 = 4, tem que entender que 2 objetos mais 2 objetos são iguais a 4 objetos, porque a lógica matemática assim determina. Há o que contestar? Neste caso, não. Porque números pares não são divididos em frações, mas os números impares já podem, como 1,50 mais 1,50 é igual 3 ou 2,50 mais 2,50 são 5. Entender isso é entender qual caminho chegar para obter tal resultado e esse resultado é o fim, os caminhos que levam esse fim são o meio. Se sei que o computador faz operações matemáticas para converter o condigo (algoritmos), para, por exemplo, mostrar um A e não um B é porque entendi a matéria de programação no meu curso de informática (técnico). Mas não se enganem, isso não foi durante o curso, mas foi por causa de ler bastante e entender a estrutura lógica de uma programação. Tanto, que graças a essa estrutura lógica, eu aprendi a escrever mais coerentemente. O que observo é que cursos técnicos exigem muita matéria e pouco tempo, como se fossem cursos de graduação e não são, existem feriados, existem outras mazelas da vida para cuidar do que só estudar isso. Claro, que poderíamos cair na tentação de dizer que um adolescente não tem o que fazer, mas muitos trabalham para ajudar os pais em casa. Isso é um fato, não é uma teoria. Então, acho sinceramente, que o ensino no Brasil é péssimo porque tem mais conteúdo do que foco. Só isso.


Quem quiser ver o vídeo, está aqui embaixo


domingo, 7 de maio de 2017

Cadeirante quer ser assediada?




Resultado de imagem para assedio de mulheres com deficiência





Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu não iria escrever mais sobre o segmento das pessoas com deficiência, mas, eu não posso deixar de dar algumas respostas dentro do segmento das pessoas com deficiência sobre certos assuntos. No artigo que eu li primeiramente no blog do Casa Adaptada, que está no blog Blogueiras Feministas e foi traduzido lá pela sua editora, Bia Cardoso. O artigo é da norte-americana cadeirante Kayla Whaley com o título: “Nobody Catcalls The Woman In TheWheelchair“ que em português ficou: “NINGUÉM ASSOVIA PARA A MULHER NA CADEIRADE RODAS”.

Claro, que algumas feministas mais radicais podem criticar um texto escrito por homem, mas, como fui testemunha de um assédio bem na minha frente, eu acho que tenho propriedade o bastante de escrever sobre o assunto. A pergunta do título tem tudo a ver com o texto, porque é exatamente o que Kayla quer, ser assediada ou desejada, o que ela não sabe, é o estado psicológico que as mulheres passaram por isso sentem. Ela não sabe que é uma mulher sortuda, uma mulher que não teve traumas e esses traumas não a levaram ao estado de desespero ao ponto de chorar compulsivamente, querer justiça e nunca essa justiça veio, o que ficou só foi um lapso de retração. Ela deveria agradecer, o assovio seria um começo de algo pior, até um estupro, uma violência muito maior. Como sou um libertário, isso se chamaria agressão ao PNA (Pacto de Não Agressão), porque, é um direito dela querer o assovio, mas, porém, as outras não querem.

Vamos a resposta ao texto.

Ela escreveu: “Dentro dos espaços feministas, é assumido que #TodasAsMulheres experimentam assédio em locais públicos. As maneiras pelas quais esse assédio se manifesta — a idade em que começa, sua intensidade ou forma, as consequências de denunciar — podem variar dependendo das diferentes características da pessoa. ”

O assédio se manifesta sempre com a ideia patriarcal (vulgo machismo), domina os meios culturais. Isso não é uma coisa saudável, porque na adolescência pode trazer traumas mais do que horríveis para as mulheres que sentem vergonha do próprio corpo. Mas ela continua no mesmo parágrafo:  “Mas todas as mulheres, segundo nos dizem, conhecem o medo, a vergonha e/ou a raiva que vem junto com a atenção sexual indesejada.”. A resposta é óbvia, dizem a ela porque aconteceu, é o que elas sentem.

Continuando: “É compreensível a existência dessa presunção. ”
Segundo o dicionário Google (ironia), presunção é aquilo que se supõem ou melhor, “suposição que se tem por verdadeira.”. Então, fica uma pergunta no ar: quem quer ter a presunção de ser assediada na rua? Mais ainda, quem está “supondo” um assédio se esses assédios aconteceram? A autora parece não saber a diferença de “supor” e ter “certeza”, como se ela duvidasse que essas mulheres foram realmente, assediadas.
A autora continua: “É mais fácil construir discussões dinâmicas internas a partir da sólida base de uma experiência em comum. ”
A autora parece achar que é excluída da turma, como se ela fosse a única que não teve um namorado, a única que não foi olhada. Isso não é capacitismo (discriminação por pessoas com deficiência), mesmo o porquê, você achar que não foi assoviada não quer dizer que não foi reparada. O assédio por mulheres cadeirantes sempre são – na maioria das vezes – na calada da noite, em lugares que ela (a Kayla), nem imagina.
A “inocente” autora continua: “Eu sou uma mulher de 26 anos de idade que nunca fui assediada na rua. Eu nunca recebi assovios em meu caminho para a escola, ninguém buzinou para mim num estacionamento, ninguém me olhou de forma maliciosa num trem, não me apalparam na fila da Starbucks, ou qualquer outro tipo de assédio sexual que ocorrem em locais públicos. ”
Com 26 anos tem muito do que viver, é jovem, muitos textos que irá escrever vai ser de outro cunho e quando olhar esse texto, com toda certeza, se arrependerá. Como disse acima, não ser assoviada não quer dizer que não foi reparada, por outro lado, é um texto de tom infantil (como todo texto de pessoas com deficiência). Primeiro, se ela quer ser reparada essa visão de “coitadismo” não vai resolver, o negócio é mudar o comportamento e parar com essa visão “infantil” de achar que ser bonito e reparado é muito importante. A questão é que não é importante, você se sentir ser humano e achar que é feliz por ser você mesmo, é o importante. Segundo, querer que alguém olhasse de forma maliciosa e passasse a mão nela numa fila é patológico, beira a ser sadomasoquista por algum carinho (sendo que o sadismo é uma compulsão de rejeição daquilo que é).
No texto: “Eu não sei o que são o medo, a vergonha e/ou a raiva que vêm junto com a atenção sexual não desejada. Entretanto, uma parte de mim, que não é insignificante, deseja sentir isso. ”
Eu não sou mulher – podem até não acreditarem – mas se uma mulher insiste em querer algo, eu rejeito por ser compromissado e porque não sou obrigado a nada, nem ser “machinho da mamãe”. Eu acho que o normal do ser humano (quando não é alienado), é sempre rejeitar aquilo que ele é obrigado a querer, não obrigado é mais aceitável. Por isso sempre enfatizamos a “conscientização” ao invés da militância cega e desmedida, que ao invés de chamar as pessoas a lutarem conosco, começam a nos olharem com rejeição. A Kayla desejar ter isso é diferente dela querer, desejar é tudo aquilo que não necessitamos, queremos só por pura aceitação social. Claro que ela é humana, mas querer um “assédio” para ser sexualmente, desejada, é uma coisa doentia e podem se tornarem compulsivas. Sexo sem amor ou algum afeto, é instinto e o instinto é animal, somos animais conscientes (com conhecimento), amamos e devemos ser amados.
Lá no texto: “Eu não sou excepcionalmente sortuda, nem estou exagerando, ou sublimando isso tudo. Eu sou uma usuária de cadeira de rodas: uma mulher que visivelmente tem uma deficiência física.”
Repararam como a Kayla sempre enfatiza a deficiência? Além de enfatizar a deficiência, ainda enfatiza a sua cadeira de rodas. Ela visivelmente, não acha que é uma pessoa como outra qualquer, porque sempre vai enfatizar sua deficiência e sua cadeira de rodas. O problema, como disse uma colega um tempo atrás, é que tudo que as pessoas com deficiência fazem são taxadas de extraordinárias pelos próprios deficientes. Ser mãe, ganhar medalha de ouro, praticar algum esporte, até namorar, para os deficientes é algo extraordinário, quase um milagre de Deus, e não é bem assim. Essas coisas só mostram que é normal fazemos, somos seres humanos e podemos fazer como todo mundo e ser mãe, ser esportista, ser namorado ou namorada de alguém, não é nada de extraordinário e sim, ser um humano como outro qualquer. Assédio não é bom, é invasão e toda invasão é uma violência.
“E, minha cadeira de rodas age como um estranho tipo de campo de força. As pessoas veem primeiro a “deficiente” antes de perceberem a “mulher”, e a primeira impressão é a que fica, porque em nossa sociedade capacitista um corpo com deficiência é automaticamente um corpo dessexualizado. Somos pessoas grotescas ou trágicas, excêntricas ou anjos, existimos para sermos temidos ou lamentados dependendo de como o olhar capacitista nos vê naquele dia. Porém, não importa como nos olham, não somos desejáveis. ”
A cadeira de rodas é um assessório que nos auxilia a se locomover, mas é claro que há um arquétipo (uma imagem projetada como verdade universal, mas é uma ilusão coletiva), da imagem da cadeira de rodas como um assessório de pessoas doentes. Até hoje temos um vício de linguagem de dizer que “o meu problema” é paralisia cerebral, por exemplo, e não “minha deficiência” como se a deficiência fosse um “problema”. Acho que quem não aceita a cadeira de rodas é a Kayla e não os outros, porque há uma grande discussão em torno da imagem de perfeição que a mídia prega, mas que a aceitação só pode ser feita pela própria pessoa com deficiência. Então, achar que a cadeira de rodas é um campo de força que nos deixa invisíveis, não vai trazer aceitação, porque a atitude de aceitação começa com a autoaceitação. Se sabemos que temos um corpo “assexuado” por que provar ou não para os outros se somos ou não? Temos que dizer para quem interessa, nosso companheiro, alguém que queremos conquistar.
“Alguma parte traiçoeira e insistente de mim obviamente acreditava que eu nunca poderia atrair nenhum homem decente, sendo assim, atrair os piores tipos de homens era o melhor que eu poderia esperar. Se eu não conseguisse fazer nem mesmo isso, então talvez realmente meu corpo fosse totalmente inútil. ”
Lamentável. “Mendigar” carinho conquistando os “piores tipos” é como comer o resto da comida dos outros, não tem amor próprio.

“Apesar das melhores intenções, a forma como as feministas tendem a discutir o assédio em locais públicos, como um fato concreto para todas, reforça conceitos capacitistas dentro do feminismo, porque é apenas um elemento da questão se o seu corpo é visto pelo patriarcado como um objeto sexual. O meu não é.”

Não vai ser nunca, aceite. Acontece que a Kayla como outras mulheres com deficiência são vistas como “meninas grandes”, mesmo que existe uma atração elas são rejeitadas. O que acontece é que o mundo não vai mudar por causa que ela está sendo rejeitada, mas ela próprias pode mudar e deve mudar.

“Reconhecimento. Isso é tudo que eu peço.”

Depois de tudo isso ela quer reconhecimento. Entenderam o porquê o segmento não é levado a serio e somos taxados como crianças?


Sem mais.