quarta-feira, 10 de maio de 2017

Vamos falar de educação?


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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Muitas coisas me levaram a escrever este artigo. A primeira, é um vídeo que um menino de uns 15 anos de idade não sabe quem descobriu o Brasil. A segunda coisa é ler no portal Meio&Mensagem que o vídeo mais acessado no YouTube é de um anuncio de cabelo com duas cantoras sertanejas (do estilo sofrência), protagonizando a tal propaganda. E o terceiro motivo é eu perceber, que muitos professores técnicos confundirem cursos técnicos com cursos de graduação e, às vezes, não fazerem o serviço que foram pagos (com nossos impostos) a fazerem.

Se repararmos bem, um motivo tem a ver com o outro, porque tem a ver com o modo que nossos jovens foram educados. Educação vem do latim “educare” que em um bom português quer dizer “levar para fora”, ou seja, quando nos educamos botamos para fora tudo que está na nossa racionalidade e caráter, tem a ver com a ética. Deveria ser preocupante que um menino de uns 15 anos não saber que quem descobriu o Brasil foi os portugueses e não os alemães e o comandante da fragata que levou esses portugueses aqui foi Pedro Alvares Cabral. Mas o MEC (Ministério da Educação e Cultura), também não é o único culpado, mesmo o porquê, ele repassa o dinheiro para as escolas e regula as matérias dadas; mas a educação verdadeira é dada pelos pais. Minha mãe sempre ensinava aquilo que a escola não ensinava, ela reforçava o que a escola dava, então, eu e meus irmãos sempre soubemos que quem descobriu o Brasil foi Pedro Alvares Cabral numa fragata portuguesa. Mas podem me indagar: “mas Amauri, existem pessoas pobres que não tem oportunidade, como eles podem se informar sem acesso? ”. No vídeo fica claro que os jovens sabem a “modinha” do momento, então, se sabem a “modinha” do momento – já que estavam com trajes de funk – pode sim, procurar essas coisas na internet. O ideal é que a mãe ensine ou o pai, mas quando os dois não sabem – porque a educação aqui sempre foi um caso sério – ele poderia encontrar em qualquer site em um celular. Mas por que nossa juventude não quer saber essas coisas e só acessam “modinhas”?

Vamos imaginar que os pais em determinada família, ensine o seu filho que ele deve se submeter ao subordinado (que inclui o professor), para sempre ter um certo “olhar” preferencial, o que chamamos na nossa cultura de “vantagem”.  O que criamos? Pessoas que se submetem e não questionam o ensino, não interessa o que o professor dará, não importa o que as pessoas digam ou pensem, sempre estão certos e se você questionar, eles te darão notas baixas e vão te perseguir. Entenderam porque a juventude usa a internet para fazer a única coisa que interessa que ver coisas inúteis sem questionar se aquilo é ou não verdade? Entenderam agora que estamos assim, como eu descrevi, a 500 anos porque sempre fazemos alguma coisa para tirar vantagem dessa coisa? Sempre os professores e os coordenadores vão perseguir aqueles que querem aquilo que é justo e ético, porque as pessoas sempre vão dizer: “só eu vou fazer isso? Vou ver o meu”, “meu filho vai ficar com nota baixa”, “vou reclamar e os coordenadores vão me perseguir”. A questão do ensino – sim, porque a educação é os pais que tem que dar – sempre foi um problema no nosso país, porque o povo faz o que eu descrevi, puxa-saco do chefe, puxa-saco do professor, puxa-saco de tudo aquilo que acha que vai te trazer aborrecimento. Esse desinteresse pela cultura verdadeira, sempre vai ser dominante enquanto o povo achar que questionar é “fazer encrenca”, questionar faz parte do ensino e do aprendizado. A filosofia é a grande inimiga dos políticos canalhas, porque sempre é a matéria questionadora, a matéria que fazem nossos jovens a questionar suas próprias realidades. Esse jovem poderia questionar: por que estou vestido desse jeito? A resposta seria obvia: para ser aceito e com isso, entramos no outro motivo.

O questionamento de uma determinada coisa é uma necessidade para avaliar se aquilo é ou não necessário na nossa vida. Daí fico imaginando – porque todo filósofo sério faz isso – qual a necessidade de conhecimento e de aprendizado, tem um anuncio de tintura de cabelo? Propaganda vem do latim “propagare” que é um órgão da igreja católica, para propagar a “boa nova” ao mundo e de onde veio propagar. Uma propaganda é uma comunicação ao maior número de pessoas sobre um produto, um serviço ou uma notícia (do governo, seria uma prestação de contas), que se queira que um número expressivo de pessoas, possam ver. Há uma certa confusão nas agências de publicidade, porque propaganda não é para entreter, não é para ensinar (seria como dar aulas com memes), muito menos, virar atração circense, é para propagar. Acontece que com o advento da internet, as agências de publicidade, ficaram obsoletas e começaram a achar que são uma espécie de propagadores de uma moral ou ética, porém, propagando essa enxurrada de “politicamente correto” – por pressão da própria mídia – só faz vender o normal, nem muito e nem muito pouco. Ninguém vai comprar uma cerveja porque a Henneken está fazendo “experimento social”, ninguém vai comprar mais Toddynho porque fizeram uma propaganda em 2015, para não criticarem os avós. Eu sou um publicitário conservador, usar a criatividade é preciso e usar um programa muito bom que está sendo mal-usado, o cérebro.  Publicitários estão lendo menos, estão com menos criatividade, estão achando que são produtores de tevê, pois não são.

Voltando ao menino que pensou que fomos descobertos por “alemães” e não portugueses, vendo que criamos uma geração que não tem vontade nenhuma aprender, não seria novidade nenhuma gostar de músicas de sofrimento e acessa um anuncio de cabelo só porque são cantoras “modinha” que o fazem. Quem poderia em sua sã sabedoria, gostar de uma música que a mulher manda o traidor morar no motel? Seria como a punição de um juiz hoje, aposentar o cara com o salário integral, belo castigo. Fora que os funks “pancadão” – voltando ao menino desinformado que deve gostar pelo estilo que se veste – são músicas infantis e não sabem expor nada a não ser, sexo, dinheiro e poder. Agora eu pergunto a alguns órgãos de ideologias de esquerda, isso é mesmo cultura ou é uma forma de expressar? É uma contracultura? As contraculturas são importantes, são meios de questionamento dos meios de produção de cultura, como Adorno e Horkheimer – se eles são da escola marxista, pouco importa – fizeram, mas achar que falando palavras obscenas, mostrar meninas seminuas, gestos obscenos, não vai contradizer nada. Um bando de humanos se entregando aos instintos. A contracultura só se faz com a própria cultura, só se tem uma possibilidade mínima de contradizer uma cultura vigente sabendo o contraponto dessa cultura e isso, só estudando.

Você estudar não é apenas decorar, você estudar é entender aquilo que se está aprendendo para se tornar um conhecimento. Não basta saber que 2+2 = 4, tem que entender que 2 objetos mais 2 objetos são iguais a 4 objetos, porque a lógica matemática assim determina. Há o que contestar? Neste caso, não. Porque números pares não são divididos em frações, mas os números impares já podem, como 1,50 mais 1,50 é igual 3 ou 2,50 mais 2,50 são 5. Entender isso é entender qual caminho chegar para obter tal resultado e esse resultado é o fim, os caminhos que levam esse fim são o meio. Se sei que o computador faz operações matemáticas para converter o condigo (algoritmos), para, por exemplo, mostrar um A e não um B é porque entendi a matéria de programação no meu curso de informática (técnico). Mas não se enganem, isso não foi durante o curso, mas foi por causa de ler bastante e entender a estrutura lógica de uma programação. Tanto, que graças a essa estrutura lógica, eu aprendi a escrever mais coerentemente. O que observo é que cursos técnicos exigem muita matéria e pouco tempo, como se fossem cursos de graduação e não são, existem feriados, existem outras mazelas da vida para cuidar do que só estudar isso. Claro, que poderíamos cair na tentação de dizer que um adolescente não tem o que fazer, mas muitos trabalham para ajudar os pais em casa. Isso é um fato, não é uma teoria. Então, acho sinceramente, que o ensino no Brasil é péssimo porque tem mais conteúdo do que foco. Só isso.


Quem quiser ver o vídeo, está aqui embaixo


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