sábado, 17 de junho de 2017

A verdade da lei de cotas para pessoas com deficiência sem hipocrisia.





Pessoas com deficiência ainda enfrentam dificuldades no mercado




Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Vamos ser sinceros aqui, você já viu um publicitário bem-sucedido aparecer em uma cadeira de rodas? Você já viu alguma instituição de pessoas com deficiência cumprir a lei de cotas de 1991, que determina de 2% a 5% de pessoas com deficiência, cumprirem essa lei? Se você não viu, eu também nunca vi. Numa reportagem que saiu no O Globo e que está no blog da consultoria de emprego para pessoas com deficiência I.Social, que faz a muito tempo, um trabalho dentro da área de emprego para PCDs, que tem o nome “MESMO COM A LEI DE COTAS,PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AINDA ENFRENTAM DIFICULDADES NO MERCADO” que achei superinteressante. Destaquei alguns pontos da reportagem e vou respondendo e pondo meu ponto de vista sem hipocrisia.

Os resultados mostraram que, apesar do conhecimento da lei, a falta de interesse ainda é um forte obstáculo: 86% das companhias pesquisadas contratam somente para cumprir a cota. O levantamento apurou ainda que, em relação à qualidade das vagas, os entrevistados consideram a maioria das oportunidades regulares (60%) ou ruins (16%).

Há uma pergunta que eu tenho uma necessidade de fazer: a canalhice virou falta de interesse ou o jornalista quis ser educadinho? Sim, porque se você sabe que existem pessoas com deficiência qualificadas e a lei e não tem interesse de aproveitar essa parcela de mão de obra, desculpe os CEOs, mas ou é canalhice ou é burrice mesmo. Se existem 86% de empresas que contratam pessoas com deficiência só para cumprir tabela governamental, alguma coisa tem de errado. Em algum lugar da reportagem estar a questão educacional – talvez eu comente pra frente – mas não estamos lhe dando com pessoas sem estudo e sim, pessoas que tem curso superior administrativo ou de RH, temos que parar de querer passar a mão na cabeça de pessoas que deveriam entender e parar de ficar ligando para o senso comum. Essas pessoas já não deveriam, de uma forma ética, ou seja, de caráter, estar ligado com o preconceito e a discriminação do senso comum.

Todo curso de administração, do top ao mais vagabundo, sabe que em uma organização todas as pessoas têm um objetivo comum, dos sócios até os empregados, o objetivo é fazer a empresa crescer e ter muitos clientes. Como fazer isso? Bom, os sócios e diretores tem que garantir boas condições de trabalho para o funcionário, pois, sem essas condições não é possível levar adiante a empresa e tenha um contato direto com o cliente. Assim, ao mesmo tempo, todos que lá trabalham, precisam ter o comprometimento com a empresa, que é importante tanto para os sócios, como para os funcionários. Para as pessoas com deficiência não é diferente, porque além de dar condições para essas pessoas trabalharem, tem que haver serias mudanças no prédio onde é a empresa. Como tudo no Brasil, o empresário só quer o resultado, ele não quer arriscar no investimento. Só prestar atenção nos serviços, nos produtos, a oferta, ele quer tirar o lucro logo de cara e ai que pega; sem investimento, só há um lucro momentâneo e além do lucro, há a imagem da empresa.

Daí chegamos aonde queremos chegar: a imagem da empresa. Numa visão pouco hipócrita, tentamos imaginar uma empresa que contrata pessoas com deficiência e a sociedade começa a achar que essa empresa é um fracasso: “por que como pessoas podem trabalhar se nem ao menos andam? ”. Claro que a sociedade nem vai saber que o produto foi feito por uma pessoa com deficiência ou não, mas é essa a visão de um diretor chefe de empresas que querem pessoas bonitas e interessantes trabalhando lá. Isso que acontece com empresas de mídia, empresas como agências de publicidade, não devem ter pessoas desassociadas a perfeição. Qual é a soluções?

Se a lei de cotas é um marco inquestionável dentro desta discussão, Haber destaca que o texto ainda funciona melhor para um grupo seleto de pessoas.
— É muito comum as empresas buscarem trabalhadores com deficiências consideradas mais leves, que não impliquem em grandes modificações de infraestrutura — observa ele.

Ou seja, a solução de não investir em prédios acessíveis é contratar pessoas com deficiência com deficiência leve e não dará o menor trabalho. Qual Mcdonald vai contratar um cadeirante para, pelo menos, ficar no caixa? Qual loja vai contratar uma pessoa cadeirante para ser vendedor? Eu digo cadeirante, porque a minha realidade é ser ou não cadeirante. Porque só há uma exigência para as empresas obedecerem a essa lei: um deficiente que fala bem, se locomove bem, tenha boa aparência e seja uma pessoa com uma certa experiência. A pergunta inevitável é: em que mundo esses empresários ou CEOs estão, em achar que existem pessoas com deficiência desse porte? Acho engraçado a FIESP botar um “pato” gigante dizendo não querer pagar o pato – e não pagou mesmo, porque roubou do artista lá – e querer ética na política, se não cumprem uma lei tão simples como esta.  Ainda pior, disfarça contratando pessoas que quase não tem deficiência, mas são considerados como pessoas com deficiência e a não especificação da porcentagem de cada deficiência, colabora com isso.

O grupo de profissionais com deficiência intelectual é um dos mais negligenciados. O Instituto Mano Down tem entre as atividades a inserção de pessoas com síndrome de Down no mercado de trabalho e esbarra cotidianamente neste bloqueio. Como relata o presidente da entidade, Leonardo Gontijo, o preconceito é escancarado nas solicitações de algumas companhias.
— Já nos procuraram pedindo um profissional para constar no quadro de funcionários em função do cumprimento da lei, mas que não precisaria ir trabalhar. E houve solicitações em que eram requisitadas pessoas com um “grau menor” de síndrome de Down, uma classificação que simplesmente não existe — conta ele.

Sinceramente, eu não vejo que uma deficiência seja mais negligenciada do que a outra, mas com certeza algumas mesmo mostrando que não deixam a dever a dedicação, as pessoas ainda são discriminadas. Com certeza a síndrome de down e o autismo é muito discriminado, assim como as pessoas cadeirantes que não conseguem serem contratados. Isso, as empresas são bem democráticas. Isso passa pelo sistema ético e o sistema moral de uma cultura, lá fora as pessoas com deficiência tem uma vida quase normal, quase que não existem barreiras. Porque é respeito pelas leis e o respeito pelo ser humano. Mais uma vez, é muito fácil as pessoas pedirem ética e quando pedem para cumprir uma lei, fazem isso. Então, ninguém pode falar de ninguém.

— O número de pessoas com deficiência na universidade aumentou 500% entre 2004 e 2014. Isso já é uma resposta às demandas das empresas. Mas as organizações também precisam entender que nem sempre a pessoa está 100% pronta e podem se flexibilizar neste aspecto — salienta ela.

A consultora Tabata Contri tem um discurso diferente da atriz Tabata Contri, porque ela viu que eu falava era verdade, porque ela sempre criticou meus textos e chamava de  “pessimistas”. Não. Eu estava alertando exatamente com dados que eu mesmo via e não era “palpite”, ainda hoje as pessoas não contratam as pessoas com deficiência porque não querem. 500% é mais que a demanda que precisava para cumprir a meta. Eu desafio a Tabata e a dona do I.Social a me mostrar um publicitário com alguma deficiência, levantar dados de instituições e órgãos públicos que contratam pessoas com deficiência. Porque a lógica é clara, se nem as instituições de reabilitação e nem órgãos estatais cumprem a lei, muito menos empresas particulares vão cumprir a lei. Afinal, por que iriam? Isso passa por situações éticas muito serias, pois, isso não é uma campanha como não fumar ou não beber antes de dirigir, a lei de cotas é uma lei, não é um pedido e nem uma meta, é uma LEI e as mesmas pessoas que me criticaram viram que eu tenho razão.


A definição de LEI é bem clara, porque segundo a Wikipédia, lei vem do latim ligare que significa “aquilo que liga” ou ligere que significa “aquilo que se lê” e é um conjunto de normas recolhidas e escritas, baseadas na experiência das relações humanas, que servem para ligar os fatos ou os acontecimentos ao direito, em ordem a paz social. Ou seja, perante um determinado fato, a norma adequada e diretamente ligada a ele, mostra a quem deve ser atribuída a legitimidade ou razão, e assim, desfazendo o equívoco. Qual o equívoco nesse caso? As empresas não estavam contratando essas pessoas por razões diversas e já em 91, o Brasil estava atrasado nesse aspecto. A questão sempre passa pelo crivo da acessibilidade, seja em matéria do que se entende como acessibilidade do prédio, seja em matéria da acessibilidade do próprio trajeto.



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