quarta-feira, 21 de junho de 2017

Tudo aqui é diferente






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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Tudo aqui tem a “mania” de ser diferente por razões obvias, como se houvesse uma necessidade muito grande de caber no interesse de cada um. Existem conservadores que estão no terceiro casamento, existem liberais que são conservadores, existem “cristão” aproveitando muito bem as coisas mundanas daqui. Acho que devemos fazer uma reflexão sobre o caminho que o Brasil deveria fazer para não se perder no meio do caminho, pois, não vai ser assim que vamos chegar em algum lugar. Qual o problema daqui? Tem uma seria resistência a mudanças necessárias, uma seria  resistência de sair de um mundo que a “esquerda burra” pintou e acharem esse mundo lindo e justo.

Os três pilares do pensamento hoje do nosso país – Karnal, Pondé e Cortella – concordam que o problema da questão é uma falta de ética aqui de baixo. Vendo o canal do Socran, uma questão me veio, não basta só criticar a fala do Leandro Karnal e dizer que ele estava isentando os políticos e só analisar como se comportamos diante de regras básicas. Você para em vaga de pessoas com deficiência? Você faz calçadas sem degrau? Você xinga os outros no transito?  Você ultrapassa o outro veículo em lugar proibido? Isso é só uma pequena amostra o quanto aqui as regras não são muito seguidas e não é uma coisa só das pessoas “ignorantes”, mas as pessoas universitárias também não seguem as leis tributarias (no caso de empresas), não seguem as leis de cotas para pessoas com deficiência (lei 8.213/91). Ora, se uma cultura não faz o mínimo para seguir uma lei, como pode exigir um modelo ético? Porque na realidade – realidade enquanto aquilo que percebemos – o que se chama de ética é o que se tem como modelo de caráter dentro dos valores que tenhamos como base mora, que a grosso modo, levar vantagem em coisas tão pequenas não é um modo moral de exigir uma conduta ética.

A fala do Karnal foi: “não existe país honesto com uma população corrupta” que não está errado, a questão é: de onde saiu esse pensamento e de onde saiu os nossos valores? Se um povo não respeita uma vaga do estacionamento para pessoas com deficiência, como essa fala está errada? Se administradores de empresa não tem a decência de refletir que uma pessoa com deficiência tem tanto potencial como outra qualquer, que poderia não existir a lei de cotas, como essa fala está errada? Há um outro mal nesse país, não separar aquilo que é profissional (as ideias) e aquilo que se fez na vida privada. A questão passa de novo num prisma ético, porque o meu potencial profissional não é aquilo que eu posto nas redes sociais, isso só é desculpa para quem não quer contratar, não quer ler, não quer pessoas que pensem diferente ou são muito mais inteligentes do que você. Eu não vou deixar de ler Sartre, Foucault entre outros, só porque pertenceram a esquerda, assim como leio e gosto de alguns pontos de Marx ou outro pensador do mesmo “naipe”. Na verdade, essa dicotomia encheu o saco porque na verdade ninguém entendeu nada do que Marx escreveu, não entendeu nada do que Mises escreveu, porque nossa educação é falha em alguns aspectos e seus comentadores explicam já com terríveis distorções.

Assim como acho que o que levou muita “molecada” a se embrenhar a direita, é um ato rebelde, porque nunca vão ler Edmund Burke e nunca vão ter a possível capacidade de entende-lo. Assim mesmo, num ato somente de rebeldia, todos se viraram para a esquerda como se seria possível prever alguma crise do capitalismo. O capitalismo como um sistema autônomo, não passara por uma crise na questão governamental – porque o governo não só sustenta o capitalismo, mas quer dominar em todas as camadas – ele entra em crise (crise vem «lat[im] crĭsis, is, "momento de decisão, de mudança súbita, crise (us[ado] esp[ecialmente] ac[e]p[ção] med[icina])", do gr[ego] krísis,eōs, "ação ou faculdade de distinguir, decisão", p[or] ext[ensão], "momento decisivo, difícil", der[ivação] do v[erbo] gr[ego] krínō, "separar, decidir [via Google]), assim que seus elementos básicos se acabara, ou por grandes corporações. Se for o caminho das grandes corporações será um grande feudalismo capitalista, se for o caminho da escassez de recurso, então, voltaremos ao neolítico. Porque se o capitalismo acabar amanhã, o mundo voltara certamente, para a pré-história e outra, o capitalismo não é uma questão ética, é uma questão moral, ou seja, a questão do capitalismo em sua essência, tem muito mais a ver com os costumes. Ele como um sistema autônomo tem a capacidade de funcionar conforme a cultura onde é inserido, assim como o socialismo. A única diferença é que o socialismo é o pleno poder do ESTADO dentro do sistema social, como se fosse possível achar, que se poderia educar seres humanos a não querer coisas melhores e de boa qualidade.

Então, a questão não é o capitalismo como sistema, mas o capitalismo como moral. Por que não precisaram, por exemplo, criarem leis para incentivar a contratação de pessoas com deficiência em outros países? Por que em outros países não se precisa nem pegar o troco? Certamente, você vai dizer que é educação de cada povo, mas nesse ponto podemos fazer uma outra reflexão, muito mais analítica. Existe a educação que são os valores que são passados pelos pais, existe a escolaridade que é passado na escola, colegial e universidade. A ética é passada na educação familiar, a moral é passada na escolaridade. Isso é distorcido por motivos óbvios, porém, muitos especialistas iriam concordar que se você para em uma vaga de uma pessoa com deficiência é um motivo ético, porque certamente foi criado dentro do preconceito que as pessoas com deficiência são “nada”. Por que? Porque a família não deixou conviver com pessoas com deficiência, não deixou conviver com negros, não deixou conviver com as diferenças para não traumatizar as “crianças”. Quando as “diferenças” se embrenham nas escolas, eles acham que não pode – vivi isso e eu sei – porque o seu “rebento” não pode conviver com as pessoas “diferentes”. Para esse indivíduo não existe respeito porque essas pessoas não existem, são “coisas”. Então, tratam como objetos.

Por isso brinquei no meu Facebook, pois, nos países protestantes surgiram “motorheads”, e nos países católicos apareceram os “weleys safadões”, porque a religião predominante tem éticas diferentes herdadas. A ética protestante, na sua essência histórica, é totalmente germânica e é só ver as histórias dos saxões, viking s e outros povos germânicos, que tinham uma ética e moral diferente da ética católica romana. O catolicismo herdou totalmente a ética romana e todas as suas nuances, a corrupção institucionada é romana e não anglo-saxônica, porque as leis anglo-saxônicas devem ser respeitadas a todo custo. Reis feudais ingleses só eram reis antiéticos até o catolicismo ser banido da Inglaterra, isso já começa com a rainha Elisabeth I que fez que todas as leis sejam respeitadas, assim, prosperando e botando a Inglaterra no primeiro mundo. Livro e estudos sérios, dizem que os vikings já aceitavam divórcio, já aceitavam uma lei dura da violência contra a mulher (as vezes, eram contraditórios porque eles estupravam as escravas), mas na essência, a cultura germânica aceitou muito mais fácil a cultura protestante. E indo muito além, aqui se mesclou o catolicismo com o protestantismo, assim, como se mesclou o espiritismo com o catolicismo que se mesclou dentro de uma cultura de cultuar santos. Assim, se criou um protestantismo brasileiro. Incrível que a essência daquilo se perde na nossa cultura. A objetivação é um fenômeno moral e não um fenômeno sistêmico (do sistema).


Será mesmo que Karnal está errado?




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