sábado, 29 de julho de 2017

Do nada ao suicídio: uma sociedade niilista






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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu li várias matérias sobre o vocalista do Link Park e ninguém falou sobre o assunto, se falou muito em “santificar” o ato como se fosse um ato de sublimação do próprio ato. Seria como: “ah, o cara teve seus motivos e não devemos julgar ele” e esse é o problema, se não “julgarmos” o ato em si, nunca chegaremos ao fator principal que é o niilismo social. Isso é uma questão muito séria e pouco discutida: a geração do Chester Bennington, que é a minha, foi criada sem ideologias e viu as maiores ideologias ruírem. Claro, que sempre tiveram nomes artísticos que eram depressivos e se mataram, não tiveram coragem de ver o mundo como ele é e talvez não tiveram estrutura para ver o mundo verdadeiro. São pessoas, que dentro da filosofia, chamamos de românticos. Romântico não é aquele que manda flores, faz cartinhas com coraçãozinho, ou faz declarações inúmeras, mas é aquele que ver um mundo idealizado pela visão idealista.

 O idealismo romântico é sempre achar que as pessoas devem caber dentro de um cubo que você constrói diante de uma ideia, mais ou menos, fantasiosa do mundo a sua volta. O socialismo é um idealismo ideológico que matou muito mais do que o nazismo, que aliás é um idealismo também. Assim como, essa ideia que o mercado e a democracia vão salvar a humanidade junto com a ciência, que é outra bobagem. Não que sou a favor de regimes ditatoriais, não que não acredito na tecnologia como técnicas para transcender, de repente, a limitação do nosso conhecimento, mas sempre temos fé em algo metafisico além de nós. Então, a geração do Chester que é a minha também, tem a ideia, mais ou menos, que o mundo não tem mais salvação porque as pessoas estão se matando e ainda, mesmo com a internet, mesmo com os regimes democráticos, mesmo com essa relativa liberdade, a fome e a guerra estão aí. O que fazer quando a promessa da técnica e da razão falha? O iluminismo falhou? Relativamente, sim.

O iluminismo acreditava que o ser humano iria sair da ignorância com o conhecimento e a ciência técnica, coisa que o século vinte se provou que não. Não deixamos de matar por coisas ou ideologias (como o nazi-fascismo e o social-comunismo se fez), não deixamos de acreditar em seres metafísicos que nos dominam para fazer atos errados. Seres metafísicos que eu digo são personalidades, que muitas vezes, não existem e só é mais uma desculpa para esconder o mau-caratismo de alguns. Então o que nos resta se todas as ideologias ruíram de vez? Nada. Nos resta assistir o fracasso tanto das ciências, que é lógico que só é um instrumento inventado para melhorar nossa vida, quanto as ideologias que não levaram o ser humano a nada. Povos foram quase exterminados com a ciência, o ateísmo matou quanto mais do que a religião. Quero dizer que deve haver um equilíbrio entre a intuição (sentimento) com o pensamento (a razão), como Aristóteles disse um dia. A virtude é sempre usar a ciência em beneficio humano, mas na maioria das vezes, as pessoas têm medo da ciência, tem medo de que tudo que se acredita, seja destruído. Isso tudo é um romântico e Nietzsche era um romântico.

Todo roqueiro que se preze é um pouco romântico, porque ele é contra o sistema, ele é contra aquilo que ele mesmo passou a acreditar que fez ele sofrer, o mundo é um verdadeiro inferno. Mas como um que sou, eu vejo diferente, vejo o rock em si uma espécie de válvula de escape, que muda é que sou mais “fisiológico” com a vida. Tem milhões de coisas lindas e maravilhosas, mas por outro lado, crianças morem todo dia de alguma causa, velhos são maltratados, seres humanos se explodem por causa de ideias malucas e seres humanos votam em “mentecaptos” completos. Ainda fazem pesquisas para dizer que o outro povo é o mais “idiota”, mas votam em presidentes que fazem um discurso com “bico”. Quem não teria depressão? Quem não deixaria de acreditar que o mundo tem jeito?


A depressão pode ser uma limitação que demos a nossa própria espécie em sempre achar que se tem tudo, que se ganha tudo, somos seguros da dor. A dor é um ótimo exemplo de transcendência da própria vida, porque sem a dor, nenhum santo era santo, nenhum garoto pobre era bem-sucedido e as coisas não eram superáveis. Nada vem fácil.  As coisas fáceis sempre vêm acompanhadas de desprezo, daí temos uma pista ótima, de onde vem o suicídio. 


Princesa Diana morreu por saber a verdade?



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