sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Nietzsche nos ensina sobre a Venezuela


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Por Amauri  Nolasco Sanches Junior

Muitas pessoas podem achar que Nietzsche não teria nada a ver com a questão venezuelana, mas tem muito a ver, porque tem a ver com a questão do “ubermesch”. Alguns traduzem “ubermesch” como super-homem, outros traduzem como além do homem, a questão que o termo alemão não tem tradução plausível. Eu gosto do “além do homem”, porque a ideia de “super-homem” é uma ideia de superioridade, que ao me ver, não tem muito conexão com a filosofia nietzschiana. A questão do “ubermesch” é uma questão muito além do que mera superioridade, tem a ver com a questão de transcender questões que escraviza o homem em conceito completamente, que não fazem diferença em sua vida. Na verdade, Nietzsche era um epicurista, pois, a questão da morte para Epicuro era um caso interessante. Epicuro dizia: “Acostuma-te à ideia de que a morte para nós não é nada, visto que todo bem e todo mal residem nas sensações, e a morte é justamente a privação das sensações”. Ou seja, a morte para o filósofo grego, era só a privações das sensações que temos em vida e a vida sessa com a morte. Então, por que temos que ter medo de algo inevitável?

Aqui a questão é muito além do que a morte, é depender de um tutor que te diga para onde ir e a ideia de igualdade dos ressentidos. Eu, particularmente, gosto muito mais da ideia dos ressentidos do que a ideia do “ubermesch”, pois, quando falamos de ditadores como Nicolas Maduro, falamos de ressentidos, falamos de política socialista. Não se iluda, as políticas socialistas são ambidestras, não existe só de esquerda, existe de direita também quando atinge um certo interesse da “casta” rica. Hitler tinha ideias socialistas – entendam que socialismo vai muito além do que marxismo – poderia ser de esquerda, mas a direita alemã, também apoiou a ideia eugenista nazifascista por atender seus interesses. Não teve nada a ver de esquerda ou direita, teve a ver com interesses.  Aqui tem a ver com a visão que Nietzsche tem do socialismo que é bem interessante e é uma visão do século 19. O filósofo diz:
"O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações, são, portanto, no sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins.”

Há alguma coisa semelhante do governo venezuelano? Há alguma coisa semelhante aos governos ditatoriais? Claro que há, porque todos têm seu fim para justificar seu meio de se posicionar com a massa, manobrar o pensamento como se esse pensamento fosse uma só voz. O PT tentou aqui, mas existem oligarquias que não iriam perder a “boquinha” e tiveram os olhos maiores do que a cara – porque participaram também no esquema de corrupção – e derrubaram o esquema que por sua vez, não se tornou uma Venezuela. Porém, para mim, pelo menos, não acho que o governo venezuelano tem a ver com algum bolivarianismo e sim, tem a ver com o chavismo. Simon Bolivar só foi usado como ícone de um insano que tinha uma agenda de criar uma nação socialista, uma nação que tivesse o mesmo molde que teve uma Cuba. O governo cubano foi uma ditadura, foi o exemplo mais do que claro, que a imposição é pior do que a posição e a educação, porque acabou na pobreza, acabou da igualdade dos fracos e ninguém pode negar isso. Não se pode chamar o socialismo da Venezuela de socialismo bolivariano, mesmo o porquê, Bolívar era burguês e como um bom burguês queria o seu país livre para melhor comercializar e assim, a economia andar melhor. Essa ideia do olavismo – olha a filosofia brasileira, que podemos chamar de “filofarofa” – tem sua base em um ressentimento da igreja que claro, era partidária da Espanha. Mas voltamos a Nietzsche.

A questão nietzschiana é uma questão levada a ter uma essência complemente, além daquilo que deram como o medo. Qual é a superação do ser humano diante da vida? O termo “ubermesch” pode responder, porque o prefixo alemão “uber” quer dizer “além, adiante” e não pode ser confundido com “super”. O “mesch” em alemão é o termo neutro e pode se referir a “ser humano”, porque somente “mann” quer dizer “homem” e então, não pode ser confundido como “super-homem”. No livro “Assim falou Zaratrustra” está assim: "O ser humano é uma corda, uma corda estendida entre os animais e o além-do-humano, uma corda sobre um abismo.". Qual é o abismo que Nietzsche quer dizer? O abismo que está em não querer estar diante daquilo que não está de acordo com as suas crenças, porque o socialismo, para ele, não é diferente do que a religião, porque é um idealismo e todo idealismo é uma forma de conceber uma igualdade que não existe. Olha o que ele diz:

Mas mesmo essa herança não bastaria para seus fins, ele precisa de mais servil submissão de todos os cidadãos ao Estado incondicionado como nunca existiu algo igual; e como nem sequer pode contar mais com a antiga piedade religiosa para com o Estado, mas antes, sem querer, tem de trabalhar constantemente por sua eliminação – a saber, porque trabalha pela eliminação de todos os Estados vigentes -, só pode ter esperança de existência, aqui e ali, por tempos curtos, através do extremo terrorismo.


Tempos muitos curtos através de um extremo terrorismo, através de uma relação entre eliminar a essência humanitária de sermos uma sociedade, visando não o enriquecimento cultural que pode libertar, mas somente o material, o ter e não o ser. Nietzsche diz que o “abismo” é toda a dificuldade que o ser humano pode ter na vida, uma vida que não aceita o devir, porque é uma vida automática. Tanto Hugo Chávez, como Nicolas Maduro, existem,  porque as pessoas gostam de ser tuteladas por pura acomodação. Chávez foi eleito porque as pessoas quiseram um “pai” e não um presidente, na mesmo forma, o Lula foi eleito aqui. A tutela sempre é feita pelos ressentidos.


Um ressentido é um niilista, pois, o niilista, para Nietzsche, renega a vida como ela é. Ele nega o devir enquanto o mundo, porque não aceita que a ideia dele de justiça é uma ideia inexistente. Um ressentido é um intolerante que “espuma” ódio por tudo que acha que não tem a ver com suas normas, com sua justiça. Mas, que justiça e que norma? No caso do socialistas, as normas e a justiça, é a igualdade entre os homens sendo que só se muda uma cultura educando. A negação do mundo e suas diferenças – que tem a ver com a fraqueza e não com igualdade, mesmo o porquê, nada na natureza é igual – são um caso de ressentimento daquilo que não é e o que deveria ter sido.  Quando Maduro fica colocando os Estados Unidos como uma nação inimiga – não estou colocando “santidade” – está colocando um sentimento de ressentimento claro que a Venezuela nunca foi uma nação forte e prospera. Por outro lado, vê o total aniquilamento da filosofia socialista, que a muito tempo, deveria ser colocada na prateleira como as outras. 


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