segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Rock in Rio: onde foi que esconderam o rock?



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“A música é o meio mais poderoso do que qualquer outro porque o ritmo e a harmonia têm sua sede na alma. Ela enriquece esta última, confere-lhe a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira educação. ”
Platão


Por Amauri Nolasco Sanches Junior

O termo musica veio do grego “musikê” que se traduz como “a arte das musas”, pois para os gregos a música tinha a ver com tirar melodias dos instrumentos musicais. Os instrumentos artesanais eram importantes para extrair sons desses instrumentos como as belas artes do povo e as suas inúmeras culturais. Essas musas eram as nove filhas de Mnemósine ("Memória") e de Zeus – que era muito mulherengo – e o templo dessas musas era o Museion e o termo museu, veio de “musas”. Aliás, o termo museu em várias conotações linguísticas, até mesmo a indo-europeia, era um local de cultivo de preservação das artes e ciência.

Mas essa analise etimológica não é à toa, nem quer dizer que um ritmo tem mais ligação divina do que o outro, quem gosta fique à vontade em gostar, mas se o nome é “rock” tem que ficar no rock. Existem inúmeros festivais de axé, tem vários festivais que agregam o público gay e existem e existiram roqueiros gays. Mas roqueiros são para festivais de rock e não festival de outras coisas, que claro, tem o “dedo” da Rede Globo. Mas será esse tipo de coisa retira mesmo o preconceito? Será que você colocar pessoas que são discriminadas não serão mais? Mas não é isso que está em discussão, mas o verdadeiro contexto que é o festival que está inserido o nome ou a proposta do festival. Se está “rock” em um “rock do Rio” – que é a tradução – tem que ser rock e um festival de rock e não tem nada a ver com outros estilos ou preconceito. O problema dentro da “coisa” toda é cada “macaco no seu galho”.

Dentro da filosofia devemos analisar a liberdade e a vontade mais de perto, porque quando você está com vontade é quando você se desprende daquilo que a maioria pensa ou consome. Não sejamos hipócrita, a grande maioria das pessoas não sabem o que é música e nem o porquê gosta daquele estilo, isso é falácia e nada tem a ver com gosto ou tem a ver com liberdade. Isso tem a ver com a indústria cultural (que sim Adorno acerta em algumas análises e não sou comunista), que paga rádios e paga outras mídias para tocarem incansavelmente. Tem a verdade com a convivência social que e muito mais fácil quando você gosta o que a maioria gosta, tem a ver com a rede social (e muitas vezes, não tem nada a ver com a rede social virtual) onde você está inserido. Quem tem uma convicção fraca e um conceito cultural fraco, vai aderir ao que a grande maioria produz. Isso tem a ver com a MPB (que as mídias promovem), isso tem a ver com “modinhas”, isso tem a ver com a região onde se encontra e muito mais. Por isso eu coloquei a origem do termo música, pois, isso tem a ver com a espiritualidade do ser humano enquanto seres conscientes da sua realidade.

Mas há uma diferença “gigantesca” você ouvir um Legião Urbana entendendo as letras das músicas, do que você cantar sem entender e repetir a letra sem saber o que aquilo quer dizer. Tanto que, por exemplo, todo mundo canta e gosta da música “Pais e filhos”, mas poucos sabem que é uma música contando um contexto de suicídio do protagonista (isso foi dito pelo Renato Russo na famosa entrevista para a MTV em meados dos anos 90 e já naquela época, ele reclamava disso), é uma música que fala de consciência daquilo que fizemos a vida toda. Outro que eu duvido alguém cantar entendendo a letra é o Raul Seixas – aliás, estou devendo um texto sobre o “seixismo” que rola por aí – porque as pessoas repetem muitas músicas, ora porque pensam estarem cantando sobre uma ideologia, ou está cantando sobre algo que acreditam. A música “Maluco Beleza” é a prova cabal disso, porque pensam que Raul está dizendo uma coisa e não está, é num outro contexto. Como está na própria música: “Enquanto você/Se esforça pra ser/Um sujeito normal/E fazer tudo igual” seria uma contradição das outras músicas que essas mesmas pessoas gostam. Essas mesmas pessoas se esforçam para serem pessoas “normais” e fazerem tudo “igual” e não é bem assim. E tem muito disso no Brasil, porque com inúmeras desculpas de serem colonizados por inúmeras culturas ou terem vivido em inúmeras reencarnações em outras nações, ou porque é um povo sem convicção, e é um problema educacional brasileiro.

Duvido que se tivéssemos uma certa educação, as pessoas iriam escutar Marilia Mendonça como a música “Infiel” que mostra um “barraco” de um homem sendo expulso de dentro de casa por causa de uma traição e dizem, que a cantora se inspirou no próprio pai. Não só na música você vê isso, estando eu diante da estátua do Rei Leônidas de Esparta – sim, aquele dos trezentos – numa exposição num shopping, tantas coisas o pai deveria ensinar para o filho, não, ele simplesmente disse: “olha o pintinho dele”. Não temos educação para a arte e vimos isso na exposição do Santander (no qual sou contra todo tipo de censura), onde se proibiu quem gosta de ver, não se analisou o contexto das obras e ainda mais, querem colocar o país numa ditadura só porque não concordam com aquilo que os outros gostam e apoiam. No mesmo modo que não gosto de certas músicas e ritmos, também acho que devemos respeitar o gosto da maioria. Mas existem “gostos” e existem “estar acostumado” com aquilo, estar com vontade de ouvir e estar “acostumado” em ouvir. Mas a questão é outra, é separar as coisas e os momentos, pois, uma exposição sobre Picasso, pois exemplo, não deve ter obras de outro pintor.


Existem “interesses” diversos por detrás daquilo que deveria ser um festival de rock, porque você aumentar os nichos não quer dizer que você vai despertar o interesse da maioria.  Senão vai ter conjunto de forró e nada terá a ver com rock, sinto muito. 

Defesa de Palocci disse que Lula é um 'dissimulado' (aqui)


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