segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Palácio de Cristal





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Amauri Nolasco Sanches Junior


Duas coisas me chamaram atenção e me fizeram escrever esse texto: uma é que o ser humano está transformando o outro em mero objeto. Depois é a ideia que nós filósofos não temos essa aptidão de ter relações, porque analisamos a vida muito além do que o ser humano comum. Eu não posso, por exemplo, enxergar o ser humano e seus defeitos, como o outro idealiza e nem posso “fechar meus olhos” por causa da não ofensa. A questão vai muito além do que aquilo que emerge do senso comum. Portanto, um cara que não foi ético, seja quem for, é um cara que não foi ético e ponto. Filósofos tem a tendência de serem como “moscas” ou cachorros no caso dos cínicos, a encherem o saco para fazer o ser humano sair desse mundo no qual ele vive, nem todos conseguem ou aguentam o “Palácio de Cristal” ruir.

Esse Palácio de Cristal é um palácio idealizado e construído durante o reinado da rainha Vitoria do Reino Unido – na verdade, quem construiu foi o seu consorte Albert – para mostrar o que a humanidade tem de melhor entre o artesanato (manual) e o industrial (maquinário). Acontece, que o escritor russo Dostoievsky, não acreditava muito nessa ideia de “mundo melhor” e de uma humanidade que constrói e tem ideias nobres. Os artigos publicados numa revista, vieram a ser transformado no livro “Memórias do Subsolo”, onde ele coloca tudo de ruim humano na boca de um burocrata revoltado. Assim, quando você diz que você derrubou o palácio ou castelo de cristal de alguém, você está acabando com a idealização de uma ideia daquela pessoa de um “mundo perfeito”. Acontece que não existe mundo perfeito, acontece que não existe um relacionamento sem ao menos, sinceridade. Mas o que é a verdade? O que é a ética e no que isso implica na realidade?

Quando falamos da verdade, estamos falando da realidade e a realidade não tem padronização, porém, existem termos que podemos classificar os objetos. A realidade nem sempre é os termos e tudo aquilo que enxergamos, às vezes, tudo aquilo que vimos são realidades condicionadas dentro de uma ótica social. Um grande argumento, melhor de todos, é o argumento do Mito da Caverna platônico, que seres humanos estão acorrentados dentro de uma caverna escura desde seu nascimento. Esses seres humanos estavam virados em uma parede vendo sombras, essas sombras vinham de um fogo atrás desses humanos e na parede, onde olhavam, estavam sombras que todos tinham como realidade. A realidade era incorporada em sombras por toda a vida desses humanos, mas eram apenas, outros seres humanos carregando objetos para fins diversos (Platão não deixou claro). Por razões desconhecidas, um desses seres humanos se soltou dessas correntes e encontra a saída dessa caverna, que quando sai encontra uma luz muito forte, que o cega por um momento, mas logo se acostuma com ela vê uma outra realidade. Só que ele vê flores, vê os insetos, vê os animais e vê o Sol sem artificio de chamas ou algo desse tipo e encontra uma outra realidade. Esse ser humano volta e quer livrar os outros dessas correntes, esses seres humanos rirem dele e diz que está louco, de tanto insistir, os que estão na caverna o matam.

Claramente, Platão descreve o filósofo, aquele que sai da realidade de todos e nos diz que a realidade é muito mais do que isso e é morto ou esquecido por razões obvias. Vamos a um exemplo prático, uma colega lhe pede um conselho, você é um filósofo, você não pode ir contra aos seus princípios éticos, aí ela te pergunta sobre presentes de um ex-namorado que lhe traiu, que lhe magoou, que jogou literalmente, ela na poça da lama. Você diz um “legal”, como se você não soubesse onde essa história dará – para mim traiu uma vez, não para por aí não, mas tudo bem – aí ela te acusa de menosprezar o cara por você ser escritor e o cara é personal-bombado, não é poeta, não é nada além de um pequeno pedaço de carne em pé. Ela desfaz a amizade e diz que você pode pensar o que você quiser. Claro, isso é uma história para ilustrar como estamos a todo o momento “armados” e que, um filósofo de verdade, pode derrubar o “castelo de cristal” da princesa que não pode ser contrariada. E é obvio que um filósofo pensa o que ele quiser, ele não precisa de “castelos de cristal” para se apresentar, ou para se manter, ele é “amigo da sabedoria” e não pode ficar presos em mazelas.

Quando nos deparamos não com a realidade que estamos presos, mas com a realidade de fato, a essência do “cogito” – que Descartes vai mostrar em “penso, logo eu existo” – onde nos deparamos com nossa própria existência, nós podemos ver, que há uma ética dentro da realidade. Daí as coisas fazem um pouco de sentido, porque você não é mais convencido pelos outros, você é convencido por você mesmo. Voltando a nossa colega, ao invés de ficar “nervosinha” conosco, poderia parar e pensar além das aparências (Platão ever). Por que dos presentes? Por que insiste tanto com ela e porque traiu? A nossa colega iria chegar a mesma conclusão do cara que saiu da caverna, a luz vai ofuscar a sua visão (a confusão), vai ver que o cara está te enrolando, irá ver que uma relação é feita de um contrato e esse contrato é mantido na ética. É muito melhor ser ético, você não tem que esconder nada, você não tem que tomar cuidado no seu Facebook, você nem se importa com suas redes sociais. Como diz um ditado popular: você pode não acreditar, mas presta a atenção.

Na essência criamos uma geração “mimada” que não aguenta dorzinha nenhuma, como se o mundo fosse o que eles querem que seja. A Alice sempre sai do “país das maravilhas”, porque não existe mundo melhor ou pior, aliás, o mundo e o universo não estão nem aí com você. Eu sou um cara prático e cético, eu não acredito em “carne fraca”, “castelos de cristal” e nem “mundo melhor”, pois, o mundo e a realidade somos nós que fazemos. Se você acredita em buda, não há muita diferença com a filosofia platônica, que a realidade é construída com o conhecimento, que se você trai a si mesmo, não será diferente do outro.

Meu Livro (aqui)


quarta-feira, 18 de outubro de 2017

A banalização da deficiência






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Por Amauri Nolasco Sanches Junior


Eu prometi que não ia mais escrever sobre deficiência e ia me dedicar ao meu livro que estou escrevendo de filosofia. Mas duas coisas fizeram eu escrever esse texto: uma é a frase da Laís Souza “"Não quero me adaptar à cadeira de rodas de jeito nenhum. Quero fazer o contrário: sair dela. ” (aqui) e a outra coisa, é a banalização da deficiência. Porque a questão da deficiência, em termos críticos filosóficos – como eu gosto de analisar – é um tema estético normativo social. Você não deve ser feliz se você não andar e ser igual as outras pessoas, você não pode ser um ser humano se você está numa cadeira de rodas e isso que a Laís faz, ela usa e banaliza a deficiência, se fazendo de vítima, se fazendo de “guerreira inclusão” que consegue dar uma mijada. Mijar, uns sozinhos e outros com sonda, conseguem e devem conseguir, porque o sistema digestivo pede quase, mandando que você mije e defeque. Não é mérito, é necessidade. E a imprensa faz um trabalho de “porco”, achando que eu e você não entendemos, que ela consegue controlar a “bexiga urinaria”, que é bem diferente.

Outra coisa, nós sabemos que começa essas conversas é por causa do evento do Teleton, porque é para sensibilizar. A mim não sensibiliza e sou totalmente, contra esse tipo de campanha, porque há muito dinheiro além das doações (a AACD recebe do SUS). Além que ela ganha R$ 4 mil reais por mês, quem fazia o esporte que praticava, não era barato. Não é um esporte que se pratica aqui e as outras pessoas com deficiência, não tem o mesmo direito a esse tipo de tratamento.  Claro, que esses R$ 4 mil reais são responsabilidade do COB, pois, ela estava na responsabilidade do órgão mesmo que não era o treino oficial. Em matéria da deficiência, acho que ela não é exemplo de nada e não tenho a Laís Souza, Herbert Viana, Fernando Fernandes entre outros, como exemplos de nada, só são deficientes que já tinham uma certa pratica e estão continuando o seu caminho.

Eu sou cético a certas coisas, não acredito que o mundo seja o que ele é naturalmente, eu acredito que a cultura e a alienação fazem do ser humano um ser fraco e escravizado entre ideologias e religiões. O que é justo? O que é a verdadeira questão neste caso? Na essência sempre fomos acobertados pelas religiões e pelos governos, seja lá qual forem, para não terem “trabalho” de modificar a cidade por causa das nossas necessidades. Mesmo a ciência ergonômica, com várias pesquisas, dizerem que as escadas dão maiores problemas na coluna vertebral, nossa cultura não deixa as escadas de lado. Não deixam os acentos dos ônibus da frente para os idosos ou pessoas com deficiência, quando um cadeirante quer subir no ônibus as pessoas não dão licença. Quando estamos em lugares como shopping centers, não dão licença, nos atropelam e ainda ficam de “cara feia” quando veem nós namorando. Eu não acredito muito em campanhas, não acredito em “exemplos de superação”, não acredito em resoluções definitivas. A inclusão custa caro, não só as famílias, mas ao ESTADO que tem que acessibilizar tudo e dar meios de nós, saímos de casa. Acontece que ninguém quer disponibilizar o dinheiro, ninguém quer disponibilizar recursos, ninguém quer fazer nada. Só doam para o Teleton, para ficarem com a consciências limpas.

Um exemplo bem simples, é que o prefeito de São Paulo trocou muitos ônibus, mas não teve muito troca nas vans do serviço ATENDE. A maioria das vans estão em mal estado, estão com peças “duvidosas”, a maioria dos motoristas não tem um treinamento adequado, não se tem o respeito necessário. Mas ninguém quer saber disso, isso nunca dará voto, isso não é matéria eleitoral. Nossa sociedade é capacitista, racista, xenofóbica (contraditório demais), que ainda tem a impressão que são “senhores de engenho”, não sabem mandar na própria vida, querem mandar até em general. Querem mandar em Deus e colocam palavras na boca de Jesus.


Sobre a frase que a Laís disse, não que não possa acontecer, mas é melhor sim ela se acostumar com a cadeira de rodas, porque vai ser o meio de locomoção pelo resto da sua vida. Existem coisas irremediáveis e a deficiência é uma delas, que aliás, não atrapalha a vida. A questão é a cultura ocidental que pautou a imagem da perfeição do corpo como sinônimo de felicidade. Costumo dizer o mesmo do que sempre disse, a felicidade não é fácil, é rara, é escassa e deveria ser uma palavra como “Deus” no judaísmo, uma palavra proibida. As pessoas deveriam saber que temos momentos alegres, momentos de prazer e gosto daqueles momentos. Então, se você não se achar uma pessoa “maravilhosa” para você mesmo, se você não se dar valor, não coloque a culpa na deficiência, pois, o problema não é a deficiência, mas você. 


terça-feira, 17 de outubro de 2017

O que é isto – pseudofilosofia?




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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Todo filósofo reflete um problema – problemas na filosofia não é o mesmo da matemática, pois, problema na filosofia é algo que pode ter vários caminhos ou respostas – eu acho que o meu problema é o que é ou que não é filosofia. A questão pode ser resumida em: qual o critério que temos, para avaliar o que é ou não, uma reflexão filosófica? Qual a barreira entre o caos do senso comum e lógica filosófica? Porque a lógica não é um amontoado de regras dentro de uma determinada linha argumentativa ou, reflexiva, mas são caminhos importantes para se entender um pensamento. Então, se temos uma lógica a seguir, seja em texto, seja em dizer algo, temos que ter certas regras daquilo que nós sabemos e somos especialista e aquilo que não somos peritos, que em geral, podemos chamar de autocritica.

Minha crítica, são para os que defendem que a filosofia tem “que” ter bases cientificas, pois, eu acho que há um grande problema nisso, pois, isso atrapalha o debate. Como falar de ética comportamental, se ainda a ciência empírica, não descobriu como o cérebro funciona? Um certo, ressentimento nietzschiano aparece quando a ciência não é muito falada – afinal, quem se interessa de uma descoberta de fosseis? – e a filosofia, media todos os debates possíveis. E ainda pior, a ciência não cortou seu “cordão umbilical” da filosofia. Mas, filósofos cientistas, insistem em inventarem termos e jargões que não ajudam nada ao debate. O que seria a pseudofilosofia? Vindo de um filósofo é muito estranho, pois, na filosofia não dizemos se algo é pseudo ou não, mas o nos perguntamos “o que é isto? ”.

Até outro dia o filósofo cientista argentino, Mario Bunge, era desconhecido na minha lista de filósofos. Fiquei conhecendo ele graças ao blog cientifico, Universo Racionalista, com a sua adoração não só pelo filósofo argentino, mas também, por Carl Sagan (1934-1996). Nada de errado, afinal, Sagan teve obras memorável e é claro, nem todas as coisas que disse eu concordo. Mas voltamos a Mario Bunge. Bunge parece que tem uma certa implicância com o existencialismo heideggiano (filósofo Martin Heidegger 1889 a 1976), que na sua visão, é uma visão de pseudofilosofia (aqui). Sartre usou também algumas posições existencialistas de Heidegger, ele também é um pseudofilósofo? Será mesmo que a filosofia é mesmo somente voltada ao discurso lógico? Será que um filósofo pode dizer que algo é ou não “pseudo”?

O fato de Heidegger ser do partido nazista não faz dele um filósofo menor, há vários filósofos que foram de regimes totalitários – até mesmo eram a favor deles como Hobbes ou Maquiavel – que não tiram o mérito de suas obras. Se o “Übermensch” nietzschiano foi usado pelo governo fascista (Mussolini) e o governo nazista (Hitler), isso não tira o mérito das obras de Nietzsche, pois, aliás, o “filósofo do martelo” nunca gostou tanto da Alemanha assim, ele adorava as cidades italianas. O ESTADO simplesmente, usa as filosofias e seus filósofos, sempre quando querem convencer as massas a suas “insanas” resoluções o que é melhor ou não para a nação correspondente. Por isso, não vou chamar o “Übermensch” de pseudofilosofia, por causa do nazismo ou por causa do fascismo italiano, ter usado. E além do que, como disse antes, a filosofia não pode e não tem que ditar verdades absolutas, ela pergunta a origem das verdades e se aquilo é mesmo a verdade. Mas a realidade é estranha, porque achamos que sempre ela não existe, porém, ela está na nossa frente. Politicamente, culpar os europeus por causa das inúmeras ditaduras sul-americanas só pelo conceito de um filósofo – dando poder absoluto ao Heidegger – é uma ignorância política tremenda. Porque somos herdeiros da cultura latina-grega, então, não sabemos ter governos democráticos sem ter interesses diversos.

Vamos ao pseudo. Esse prefixo é usado na nossa língua para indicar se aquele teor é falso ou que o conteúdo não é considerado real ou verdadeiro. Frequentemente, o prefixo é também usado como uma gíria, sempre colocando uma classificação duvidosa, mentirosa ou falsa. Ai que começa o problema, qual o critério a medir o que é ou não filosofia? Bem resumidamente, pois, eu quero expor brevemente o papel da filosofia dentro do pensamento ocidental. O termo deriva de duas palavras gregas arcaicas, uma é “philia” que seria um amor de amigos ou amizade, outro termo é “sophia” que pode ser sabedoria, mas também pode ser saber. Acontece que a “amizade com a sabedoria” – gosto mais assim – não pode ser assumida como pseudo por causa do seu próprio conceito. O racionalismo – já que Bunge se intitula racionalista – coloca algo duvidoso, porém, sem parcialidade conceitual.  Nesse caso, há parcialidade e a filosofia não lida com o falso ou verdadeiro e sim, com que é a causa dessa verdade.

A pergunta é: por que devo saber se aquilo é falso ou não? Posso ver um ponto filosófico tanto na ilíada, como posso ver vários pontos filosóficos no filme Rambo. Posso ver a causa do pensamento de Gandhi, no mesmo modo, posso analisar a causa do pensamento de Hitler, de Mussolini ou de Stalin. Isso não faz da minha análise crítica, uma pseudofilosofia, só porque, não apoio o nazismo, o fascismo ou o socialismo. No mesmo modo, só porque não provaram que o subconsciente ou o inconsciente, faz a psicanalise de Freud – acreditem, ajudou tanto eu como muitos deficientes que conheço – como uma pseudociência, que acaba sendo uma contradição (vou escrever um texto sobre, um dia). A questão é que a filosofia não tem pontos falsos e nem pontos verdadeiros, porque ela vai perguntar o que é um “ponto”. Isso desde Sócrates, que queria descobrir se existia homem mais sábio do que ele, e começou a investigar e ver outras coisas que por ventura, acaba sendo vários pontos em comum. Não há nada de muito longínquo entre o “a-tomo” de Demócrito de Abdera e o átomo do mundo moderno. Senão, vamos chamar o filósofo grego de pseudofilósofo.

O que é a verdade? Ora, tudo aquilo que é verdadeiro tem a ver com tudo aquilo que é real, porque o sinônimo de verdade é a realidade. Assim, podemos perguntar: o que é uma filosofia (amizade com a sabedoria), verdadeira ou falsa? Tudo que é verdadeiro ou falso tem a ver com o que achamos normal ou não, ou seja, aquilo que é normal ou não depende dos valores aprendidos. A grosso modo, nem sempre uma “realidade” aprendida é uma “realidade” de fato, porque há muitas coisas no meio dessa “realidade” aprendida que mexe com o poder. Posso dar um exemplo simples, que esse texto que estou escrevendo, na verdade, não existe. as letras que estão aparecendo no computador, são na verdade, algoritmos escritos por algum programador e é lido por um processador. Esse processador transforma esse código em letras e elas podem ser vistas, mas não chamamos de pseudotexto só porque não entendemos o conceito de alguns algoritmos. É o que parece que acontece na afirmação de ser ou não, pseudofilosofia, porque parece que alguns conceitos não são compreendidos. Só que o existencialismo, para entendemos, temos que fugir da lógica um pouco, pois, tem a ver com o ser.


O ser é um ser quando compreendemos que existem outros entes no mundo, é o que quer dizer o “Dasein”. O ser-aí não é o próprio filósofo, mas o ente se compreendendo como um ser vivente dentro da realidade, ou seja, se eu sou Amauri é que compreendo que a minha natureza e tudo que eu sou, sou por causa do outro. Heidegger está se referindo ao homem e seu lugar no mundo, que chamou de ser-ai-no-mundo. Como isso é uma pseudofilosofia? Como o ser-aí é o próprio Heidegger? Não faz nenhum sentido achar que o conceito de Dasein é um conceito que demonstra ao próprio filósofo, chega a ser risível. 


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A moral e o “pelado” do MAM



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Vamos colocar algumas questões no lugar antes de argumentar a moral luso-católica-cristã que temos aqui no Brasil – e não adiante dizer que é evangélico que a moral é igualzinha. Para começar, não é que não tenho nenhuma moral, a moral é o que faz o ser humano ser uma criatura diferente dos outros animais. Quando digo moral, estou dizendo num modo kantiano – apesar que tenho algumas críticas a esse sistema – no qual eu me permito me colocar no lado daqueles que são abusados, daqueles que são discriminados, daqueles que eu acho que não gostaria que alguém fizesse comigo o que fizeram para eles. Afinal, todo cristão deveria seguir o preceito puro de Jesus Cristo, que é da mesma forma que eu julgar, eu serei julgado. Se eu não quero que façam comigo, eu não farei com o outro. A questão vai muito longe e requer páginas imensas e capítulos enormes de livros.

Só que eu sempre duvido da moralidade do senso comum, pois, algumas vezes, ou muitas vezes, essa moralidade é incoerente. Claro que da mesma forma que eu acho que uma pessoa com deficiência “pelada” (seja homem ou mulher), chamaria a atenção de possíveis assediadores ou estupradores, por existirem várias deficiências piores, e não chamaria a atenção para práticas sexuais (como se eu tivesse que dar alguma satisfação dela a alguém); deveriam ser respeitadas as classificações etárias na exposição e o aviso que ali teria exposto um homem nu dentro de um contexto que a criança não vai entender. No mesmo modo acho meio complicado levar crianças num passeio no shopping ou num supermercado, porque ela não entende o discernimento do comprar, do querer e etc. Mas, porque no meu pensamento tem sempre um “mas”, há muita hipocrisia dentro da questão e eu vou explicar bem didaticamente (coisa que nem o Ghiraldelli conseguiu explicar).

A arte é uma expressão como a fala, a mimica (mimikós), a escrita e todo ato de expressar aquilo que se sente. A artes cênicas e as artes de dança, contem encenações que se quer passar dentro de um contexto e dentro da base de contexto, tem todo um script dentro daquilo. O que eu vejo? Que não houve um ato de pedofilia e sim, um ato de irresponsabilidade da mãe que gerou polêmica, expôs o artista a uma situação que pode estar correndo risco de vida, o museu que permitiu a criança de entrar. Por outro lado, existe sempre aqueles que querem falar e não sabem o que estão dizendo, porque além de contextualizar dentro da sua visão moral, ainda querem impor várias regras que eu não quero seguir e nem muita gente. Por outro lado, existem várias questões que merecem uma atenção melhor.

Primeiro, pedofilia não é um ato de ficar nu em uma sala com uma criança. O ato é o agir e não agir, é a consciência fazer o que a vontade de ir até a coisa ou a pessoa, fará você ir. Nem todo assediador de uma mulher ou homem com deficiência é um “devote” (devoto da deficiência da pessoa) e nem um estuprador de uma criança, é pedófilo. Pela simples razão, que o desejo tem a ver com a “vontade” sem um controle, ou um discernimento sobre aquele ato. Portanto, muitas vezes, o desejo é aquilo que te falta ou aquilo que você aprendeu a gostar. Um pedófilo é um criminoso, sem dúvida nenhuma, porém, temos que ter cuidado o que é pedofilia mesmo e o que não é pedofilia. O que é um ato de “sem-vergonhice” e aquilo que é uma “doença” mental, que no caso da pedofilia, faz jus as doenças mentais que se classificam como “maníacos”. Porém, um certo cuidado deve ter em não acusar as pessoas de coisas que não fizeram e pagar por isso.


Juridicamente, o que procede a pedofilia é o abuso (o ato e em si), que é um ato de violência. No modo médico, independe de ter ou não, o abuso, pois há vários fatores psicológicos e corporais no meio (isso pode ser como diagnostico de tudo, porque a medicina trabalha com evidencias cientificas). Mas não há nenhuma especificação de algum traço da questão erótica dessa obra e nem mesmo no vídeo em questão. O que acontece é que há, muito explicitamente, uma ação moralista que quer minar a educação conforme sua própria moral. Só isso! 

Psiquiatra diz não conter erotismo na exposição do MAM (aqui)