quarta-feira, 4 de outubro de 2017

A moral e o “pelado” do MAM



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Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Vamos colocar algumas questões no lugar antes de argumentar a moral luso-católica-cristã que temos aqui no Brasil – e não adiante dizer que é evangélico que a moral é igualzinha. Para começar, não é que não tenho nenhuma moral, a moral é o que faz o ser humano ser uma criatura diferente dos outros animais. Quando digo moral, estou dizendo num modo kantiano – apesar que tenho algumas críticas a esse sistema – no qual eu me permito me colocar no lado daqueles que são abusados, daqueles que são discriminados, daqueles que eu acho que não gostaria que alguém fizesse comigo o que fizeram para eles. Afinal, todo cristão deveria seguir o preceito puro de Jesus Cristo, que é da mesma forma que eu julgar, eu serei julgado. Se eu não quero que façam comigo, eu não farei com o outro. A questão vai muito longe e requer páginas imensas e capítulos enormes de livros.

Só que eu sempre duvido da moralidade do senso comum, pois, algumas vezes, ou muitas vezes, essa moralidade é incoerente. Claro que da mesma forma que eu acho que uma pessoa com deficiência “pelada” (seja homem ou mulher), chamaria a atenção de possíveis assediadores ou estupradores, por existirem várias deficiências piores, e não chamaria a atenção para práticas sexuais (como se eu tivesse que dar alguma satisfação dela a alguém); deveriam ser respeitadas as classificações etárias na exposição e o aviso que ali teria exposto um homem nu dentro de um contexto que a criança não vai entender. No mesmo modo acho meio complicado levar crianças num passeio no shopping ou num supermercado, porque ela não entende o discernimento do comprar, do querer e etc. Mas, porque no meu pensamento tem sempre um “mas”, há muita hipocrisia dentro da questão e eu vou explicar bem didaticamente (coisa que nem o Ghiraldelli conseguiu explicar).

A arte é uma expressão como a fala, a mimica (mimikós), a escrita e todo ato de expressar aquilo que se sente. A artes cênicas e as artes de dança, contem encenações que se quer passar dentro de um contexto e dentro da base de contexto, tem todo um script dentro daquilo. O que eu vejo? Que não houve um ato de pedofilia e sim, um ato de irresponsabilidade da mãe que gerou polêmica, expôs o artista a uma situação que pode estar correndo risco de vida, o museu que permitiu a criança de entrar. Por outro lado, existe sempre aqueles que querem falar e não sabem o que estão dizendo, porque além de contextualizar dentro da sua visão moral, ainda querem impor várias regras que eu não quero seguir e nem muita gente. Por outro lado, existem várias questões que merecem uma atenção melhor.

Primeiro, pedofilia não é um ato de ficar nu em uma sala com uma criança. O ato é o agir e não agir, é a consciência fazer o que a vontade de ir até a coisa ou a pessoa, fará você ir. Nem todo assediador de uma mulher ou homem com deficiência é um “devote” (devoto da deficiência da pessoa) e nem um estuprador de uma criança, é pedófilo. Pela simples razão, que o desejo tem a ver com a “vontade” sem um controle, ou um discernimento sobre aquele ato. Portanto, muitas vezes, o desejo é aquilo que te falta ou aquilo que você aprendeu a gostar. Um pedófilo é um criminoso, sem dúvida nenhuma, porém, temos que ter cuidado o que é pedofilia mesmo e o que não é pedofilia. O que é um ato de “sem-vergonhice” e aquilo que é uma “doença” mental, que no caso da pedofilia, faz jus as doenças mentais que se classificam como “maníacos”. Porém, um certo cuidado deve ter em não acusar as pessoas de coisas que não fizeram e pagar por isso.


Juridicamente, o que procede a pedofilia é o abuso (o ato e em si), que é um ato de violência. No modo médico, independe de ter ou não, o abuso, pois há vários fatores psicológicos e corporais no meio (isso pode ser como diagnostico de tudo, porque a medicina trabalha com evidencias cientificas). Mas não há nenhuma especificação de algum traço da questão erótica dessa obra e nem mesmo no vídeo em questão. O que acontece é que há, muito explicitamente, uma ação moralista que quer minar a educação conforme sua própria moral. Só isso! 

Psiquiatra diz não conter erotismo na exposição do MAM (aqui)

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