segunda-feira, 27 de novembro de 2017

A DEPUTADA E OS DIREITOS HUMANOS



Resultado de imagem para alice do país da maravilha





Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Outro dia, eu estava lendo um artigo no Estadão da deputada Mara Gabrilli, contando um pouco da sua visão sobre os direitos humanos para pessoas com deficiência.  Em uma outra entrevista, acho que foi para a Folha de S. Paulo, ela disse que se sente envergonhada de ser do PSDB depois que o senador mineiro, Aécio Neves, ter te enganado. Duas questões que não querem calar: primeiro, o porque ela não sai do partido que não concorda mais da sua convicção? Porque se eu não estou satisfeito com as convicções de um partido (ideologia) ou uma religião (crença), eu não sentirei mais obrigado a seguir aquilo, não terá mais as minhas convicções naquilo. Depois, todo mundo sabe, que discursos muito bem montados são discursos retóricos, ter uma boa retórica, é uma coisa herdada dos senadores romanos.

A questão desse texto, não é a vergonha que ela diz sentir pelo partido e pelo sanador mineiro, é sobre os direitos humanos. Lembramos sempre, que as medidas que garantem os direitos universais do homem e todos os seus diretos como pessoa humana, seja ela qual for, foi feita logo após o fenômeno nazifascista. Isso a nobre deputada se esqueceu. Também acho, porque não faço media com ninguém, que vários fenômenos conceituais nazifascistas vieram dos que fizeram a resolução. Os norte-americanos inventaram a eugenia. Os norte-americanos inventaram medidas muito piores, do que o Apartheid sul-africano, ou a própria escravatura. E nós, como a cara deputada deve saber, só tivemos algum direito de sair as ruas a partir dos anos oitenta do século passado. A ONU construiu uma resolução dos direitos das pessoas com deficiência, ratificada pelo Brasil em meados do novo milênio. Porém, sem sombras de dúvida, não serviu de nada ser radicalizar a convenção. Não mudou a educação, não existe auxiliar de nada dentro das escolas. O transporte não mudou nada. Não mudou nada temos um direito de viver e não poder trabalhar. Que aliás, a dona deputada, deveria exigi que tenha fiscalização do cumprimento da lei de cotas de empresas, que por motivos lógicos, foi cortado.

Tirando a parte do povo carcerário com deficiência – não sou a favor da pena de morte, mas também, não sou a favor de melhorar a vida de pessoas que escolheram ter essa vida. Pior ainda, se ficou paraplégico, porque é um efeito diante da causa. Mas, claro, que devesse dar uma outra chance, mas não deve dar melhoria, pois, não seria um castigo – eu concordo com a maioria do texto, mas não concordo de se escrever um texto e não fazer nada e seu partido, que sente agora “vergonha”, não faz muita coisa em relação as pessoas com deficiência. Vamos pegar o ensino médio e o ensino técnico aqui em São Paulo, administrado pelo Centro Paula Souza, onde não tem acessibilidade das etecs, não tem interprete de libras, não tem de auxiliar para ajudar nos gabaritos, não existe organização entre outras coisas. Como a deputada faz um discurso de respeito dos direitos humanos, se o governo do seu partido não respeita a própria legislação? Fora a questão do transporte municipal porta-a-porta, que não faz jus ao que está nem no estatuto da pessoa com deficiência, que insistem em chamar de, Lei de inclusão.


Você ser uma “parede” entre as pessoas com deficiência e o governo na questão do BPC e o LOAS, não te faz ser uma pessoa justa, já que defendeu uma aposentadoria máxima por uma atleta que ficou deficiente por causa da sua teimosia. Apoiou e apoia um evento de uma entidade que não faz nada para incluir, porque a AACD tem uma filosofia clara de dependência dos 0 até os 12 anos de idade, onde o pai tem imensa obrigação de além de pagar, tratar eles como deuses. A deputada deve saber que a entidade expulsa quem não concorda com seu tratamento, não concorda com seus métodos, não tolera que pessoas com deficiência prove que eles estão errados e que temos sim, a capacidade de ter uma vida independente. Não deveria pontuar “direitos humano” se nem seu próprio partido, o respeita sem ao menos, respeitar o nosso direito de acessibilidade e de inclusão. Construir rampas é muito fácil, ter uma lei mequetrefe de cotas de empresa é fácil, é o básico, fazer o discurso virar ação, é o difícil. 

domingo, 26 de novembro de 2017

Nem Bolsonaro, nem Lula





Resultado de imagem para bolsonaro e lula



Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Como eu escrevo manchetes como escritor “freela”, eu leio milhares de notícias que circulam pela a internet e posso assegurar, que o Brasil hoje, não tem partidos de direita fortes e grandes. Existem partidos conservadores menores, mas não partidos de direita expressivos dentro de um cenário mais popular. Porque aqui no Brasil, se colocou o liberalismo no rol da direita e não é bem assim, se você ler obras de vários economistas famosos lá dos anos 40 e 50, vai constatar que os conservadores usurparam o liberalismo para caber só na economia. Porém, o liberalismo é uma filosofia que surgiu como uma resposta política do iluminismo a liberdades individuais – como acredita também a esquerda democrata social – onde cada indivíduo responde pela sua conduta e pela sua vontade.

Acontece que nem a direita me agrada e nem a esquerda, que ao meu ver, são apenas “rótulos” de uma política de interesses ideológicos, religiosos e de caráter, misterioso. Embora, eu ache com bastante convicção, que existem várias conotações ideológicas que podemos chamar como esquerda, porque, a esquerda não é só comunista. Nunca existiu uma nação comunista, nunca existiu uma nação totalmente comunitária, porque o ser humano é movido pelos seus próprios interesses e mudam conforme esses interesses vão mudando. Acontece que o Brasil nunca houve uma modernização, nunca houve uma mudança definitiva dentro das premissas únicas de evolução, há somente, interesses e muitos pensamentos que não cabem dentro do mundo hoje. Afinal, quem quer mesmo, votar em dois candidatos despreparados? Não me venham se sabem ou não de economia, eu quero saber se sabe administrar a máquina do ESTADO. O cargo maior do executivo, não existe só ele para governar, é o máximo que uma nação pode ter. por isso, devemos tomar cuidado quem é o porquê, colocar o presidente lá, não é um jogo de futebol.

A política brasileira é o reflexo da sociedade brasileira, não me isento de ter feito algo “não ético”, então, eu não tenho aquele discurso de sempre achar que políticos que não tem ética. Ética tem a ver com caráter e caráter, queiramos ou não, aprendemos dentro do nosso bercinho e no colo da nossa mãe. Se eu e meus irmãos somos pessoas honestas e trabalhamos para conseguir as coisas, é porque aprendemos a valorizar nossa consciência e valorizamos a ética. Acontece, como somos animais sociais (Aristóteles diz em grego “politikos” que quer dizer “relativo ao cidadão ou ao ESTADO” que veio de “polites” que quer dizer “cidadão”), somos animais morais. Se somos animais éticos, somos animais morais relativo ao costume, as regras sociais diante ao outro em um estado de direito. O que é um estado de direito? O termo “direito” ficou banalizado, porque todos dizem ter algum direito, parece que todo mundo para ser feliz tem que ter o tal direito. Um estado de direito são leis participativas que visam assegurar o direito de todos em uma convivência mutua entre as partes, que pode ser em leis da justiça, quando chega ao patamar de desrespeito, ou de conscientização, quando há preconceito.


Portanto, não vou votar nem no Bolsonaro e nem no Lula por uma simples razão: não voto em partidos e nem em ideologias, se o cara defende uma agenda mais progressiva, ou o cara defende uma agenda mais conservadora (aqui no Brasil não sabem o que é conservadorismo político e confundem com conservadorismo moral), tanto faz, o que me interessa é o que ele propõe em concreto. Nada de discurso populista, discurso ideológico, discurso de pessoas que não sabem nem o que estão dizendo. Será mesmo que vamos perceber? 


quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Por que as pessoas não leem?



Resultado de imagem para pessoas que não le





Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Concordo com Schopenhauer, que pessoas que não tem ideias próprias não podem ser chamadas de escritores, acho que esse é o problema da coisa. A questão é as pessoas se trancarem em “bolhas ideológicas” dentro daquilo que concordamos, porque é muito mais cômodo para a própria pessoa. Daí a ideia de Schopenhauer faz sentido, a questão é você saber ter as ideias próprias, pois, pensar por conta própria é algo muito difícil. Nada tem a ver com a baixa escolaridade, e muitas vezes, nada tem a ver com o não entendimento das palavras. A questão é outra e muito mais grave: estamos numa zona de conforto que não se quer sair. Isso, o filósofo prussiano Immanuel Kant, já dizia no século dezessete.

A alienação não é um fator dado, acho com muita convicção, que a alienação é uma escolha como outra qualquer, quanto mais, na era do Google. O que pseudofilósofos dizem são verdades e o que escrevemos, são “fake News”, e é um fenômeno estranho dentro da gama de conhecimentos que estamos envoltos. Isso tem a ver com as crenças das pessoas. Aquilo que se acredita, se torna aquilo que te levará a um conforto. A questão pode ser vista na seguinte forma: estamos acorrentados desde nossa tenra infância e só somos condicionados a enxergar sombras, essas correntes são os valores e as crenças que somos ensinados desde a infância, a ficar dentro nesta caverna. O símbolo da caverna é milenar, até arrisco a dizer, que o símbolo da caverna é o símbolo da forma de morte e renascimento, o símbolo da ilusão de Platão. Sim, amigos. Platão ao dizer que os homens estão em uma caverna acorrentados, está, claramente, dizendo que somos condicionados à só enxergar ilusões. A maioria da humanidade, está dentro desta mesma caverna.

Não é que você só lê jornais como Estadão, Folha entre outros, que te faz ser o cara que saiu dessa caverna, quem sai dessa caverna é aquele que analisa a cada linha, o que você está lendo. Uma notícia não é um post do Twitter que tem 140 caracteres, aí você começa a entender o que as pessoas estão pensando. Não, não é. Escrevo notícias para o Blasting News, que é uma revista eletrônica norte-americana, que tem como base, um conceito de social jornalismo. Isso é bom, porque os blogueiros que tem a capacidade de escrever noticia, vão passar a ter mais cuidado enquanto fonte segura. Isso mesmo, se nós não tivemos fontes seguras eles não liberam as notícias. Se eu tenho lá que “PROCURADORIA DESCOBRE NOVOS DESVIOS PARA PT E PMDB” ou “SENADOR RENANCALHEIROS PODE PERDER O MANDATO”, é porque mostrei a eles fontes seguras de notícias, geralmente de sites de notícias confiáveis, para eles liberarem. Se sou chamado de produtor de “fake News” é porque estou mexendo com aqueles, que Platão diz, enxergar as sombras.

As sombras são geralmente a realidade mostrada a partir de uma crença religiosa ou ideológica, nem sempre ideias religiosas são espirituais, nem sempre ideologias são realmente, modos de fazer política. E há sim, religiosidade política quando você condiciona a sua vida a um partido e a um candidato, que é o caso do Lula (PT) e o Bolsonaro (PSC), que são humanos e podem sim errar. Ou, crenças religiosas sobre fatos históricos que levaram a situações que achamos serem confortáveis, como o regime militar, ou outros momentos. Vivemos numa caverna, mas uns saem e outros, não.

Geralmente, aquele que sai enxerga um outro mundo, não aquele que programas policiais mostram ou os telejornais costumam achar pertinentes, mas aqueles que transcendem esses momentos. Se eu vejo casos imensos de corrupção, não enxergo que o pais não tem jeito ou o Brasil precisa de um “messias” (muito menos uma ditadura), enxergo uma realidade de fora da caverna que é a verdadeira. Lutamos para enxergar a verdade, tanto é, que Platão coloca que o homem que saiu da caverna tem seus olhos ofuscados, pois, ofuscar é você acostumar ao escuro e não ter olhado a luz verdadeiramente. O que é a luz?  O conhecimento. A informação só vira conhecimento quando se entende realmente, essa informação. A erudição não é citar obras de outros escritores, escritores originais são verdadeiros escritores, filósofos só são filósofos se tiverem ideias originais. A maioria dos filósofos hoje, pelo menos ao que li, não são originais.

Filósofos religiosos não são filósofos. Filósofos ideólogos, não são filósofos. Isso quer dizer, que os olavettes não são seguidores de um filósofo, mas de um intelectual. Um intelectual joga ao vento o que sabe, um filósofo analisa verdadeiramente, sem achar que está com a verdade ou não. O que o intelectual Olavo de Carvalho faz é jogar o que sabe ao vento, só que a maioria das coisas não faz sentido, porque a filosofia também tem seus métodos. Então, é apenas um intelectual que vive de polêmicas igual o Paulo Ghiraldelli Jr entre outros, que jogam o que sabem ao vento sem ter uma análise própria, particular. Citar outros filósofos, é uma coisa, distorcer outros filósofos e fatos históricos a favor de suas crenças, além de ser desonestidade intelectual, ainda te faz ser menor.


Como cheguei a isso? Porque eu leio. Não leio só noticia, não leio só o que me agrada ou é confortável ao que acredito (seja religioso ou político), eu leio até do que eu não concordo. Mas eu leio. Não critico uma manchete só pelo título, não critico um filósofo só por causa de um outro que crítica ele. Eu tenho que ter o mínimo de base para uma crítica consistente daquilo que me propus criticar. A crítica dentro da filosofia, não é uma crítica de julgamento, uma crítica filosófica, é uma análise minuciosa daquilo que eu quero analisar. Assim, no livro “A Arte de Escrever” do filósofo Arthur Schopenhauer (1788-1860), está que só quem é um erudito é aquele que lê pouco, mas aquilo que ler, vai “digerir” melhor o que o autor disse ou escreveu. Ele está certo? Acho que houve um exagero do filósofo, mas, certamente temos que ler devagar as obras literárias, as obras filosóficas, as manchetes dos jornais. Pensar, ter a coragem de questionar (não opinar, que é diferente), ter a capacidade de pesquisar. Só assim, seremos um outro povo, cidadãos de verdade. 


Quem quiser fazer parte dessa plataforma de noticia (aqui)

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Teleton, para quem mesmo?








Por Amauri Nolasco Sanches Junior

A bastante tempo venho escrevendo sobre o Teleton e a bastante tempo, venho sempre batendo na mesma tecla, que o capacitismo não vem de fora dos centros de reabilitação – não todos – mas, o capacitismo também está nas entranhas do movimento. Uma prova que o Teleton é capacitista, mercadológico e sem servidão nenhuma, é o que minha colega Claudia Borges disse em um post do seu Facebook:

<<Ao atender uma moça me pede o nome do médico e especialidade, me transfere para marcar consulta, a outra moça pergunta é paciente do Dr. a muito tempo respondo que sim, e também da AACD, ela me pergunta em que andar passa com ele? Você é público ou Convênio? Respondo estou na dúvida se 1 andar ou segundo, e sou Convênio, ela me responde vou te transferir para o 2, pois aqui só paciente particular, e cada consulta é R$ 400,00, me transferiu novamente e mesmo sendo convênio só consegui vaga para 18 de Abril do ano que vem... Agora me explica quem esse teleton ajuda? Pois nem mais convênio tem facilidade, lá dentro quem tá mandando na rapidez da fila de espera e do atendimento é quem tem grana viva. E o povo doando para ajudar quem já tem para pagar....>>>

Eu acho que não há mal nenhum em cobrar em uma consulta, afinal é e sempre foi uma “coisa” particular, mas a AACD deveria ser muito mais sincera e dizer para todo mundo que cobra, que o dinheiro para o Teleton é uma ajuda de custo a mais para a construção de centros de reabilitação.  É “espetacular” as pessoas acreditarem ainda em uma entidade que não tem moral nenhuma, para dizer qualquer coisa sobre reabilitação, sobre inclusão. Porque quem faz a verdadeira inclusão não é a AACD e nem o Teleton, tenho até provas, que nada lá é de graça, nada lá é certo ou maravilhoso para se abrir uma emissora de televisão, para esse tipo de espetáculo. E não venham dizer: “ah, na minha cidade ela funciona”,  “ah, eles sempre me trataram muito bem e não tenho reclamações”, porque eu sei o porquê da maioria dizer isso.

Tem mais uma outra coisa, ninguém aqui está falando de coisas que não existem, porque existem e muito, num dos comentários do post de colega, havia uma moça dizendo que não fazem RX pelos SUS. Dês de 2013 venho relatando que AACD não faz RX por causa do caso grave da minha noiva, ainda, tenho ressalvas de muito antes em um caso ou outro do que vivo e as pessoas ainda acham ser “mentira”. O caso mais recente da AACD foi descobrir que o entortamento do meu pé, não é uma questão do pé ou da perna, a questão do entortamento do meu pé é a bacia. Inevitavelmente, terei em minha velhice, uma bacia deslocada e muitas outras coisas dentro de um tratamento “porco” dessa entidade. Minha colega Claudia, vai ser atendida em abril, que já é um ganho, pois, muita gente aguarda cirurgia e não tem como recorrer.


O Brasil está falido em suas instituições que deixam a discriminação ser a pauta da vez, faliu a ética e a moral para consultas serem marcadas muito tempo depois. É capacitismo sim, infelizmente, muito comum em nossos dias.  

Generais  militares preocupados


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A velha história do transporte acessível





Resultado de imagem para serviço atende






Por Amauri Nolasco Sanches Junior

A muito tempo venho falado que as pessoas com deficiência estão se iludindo se pensam ter algumas representações em alguma instancia – já expressei meu total apoio do Partido da Acessibilidade e Inclusão Social como uma representação concreta – estão totalmente enganados. Nenhum partido fara nada a não ser piorar aquilo que já está ruim, assim, a representação de nós, pessoas com deficiência, ou fica a cargo dos movimentos populares, ou fica a cargo dos conselhos e secretarias que não tem poder algum dentro do governo. Seria igual uma medalha de honra sem ter valor nenhum, sem alguma representação, sem nada que possa dizer que somos atendidos e muito bem tratados. Ou você faz algo pela causa, ou faz por você mesmo, ou fica à mercê de serviços públicos sem nenhuma eficácia. Aqui em São Paulo, ficamos à mercê de empresas de ônibus que além de conservarem muito mal os ônibus, além de não treinarem as motoristas de ônibus ainda, conservam muito mal as vans do serviço de vans acessíveis porta a porta, ATENDE.

Não vou contar a história do serviço ATENDE, mesmo o porquê, não é nossa finalidade dentro do texto em si. Mas, existem três modalidades dentro do serviço, a modalidade regular que atende tratamentos de semana, a modalidade eventos de finais de semana e a modalidade eventual, que são de atendimento médico. O regular também leva a consulta medica, mas são tratamentos mais diários que dependem de toda a semana, o eventual, seria uma vez por mês. Vamos falar da modalidade eventos que dão milhares de dor de cabeça não só para mim, mas para todas as pessoas que tem um movimento – também dá muita dor de cabeça para o conselho municipal das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida – que tem que ir em eventos. Para entender a situação temos que entender qual o papel importante dos movimentos dentro do segmento das pessoas com alguma deficiência.

As pessoas com alguma deficiência não têm mobilidade o bastante em uma rua do Brasil, são ruas com buracos, ruas sem nenhuma pavimentação, calçadas irregulares (que chamo de calçadas personalizadas), calçadas pequenas, calçadas com buracos e outras coisas – como se não pagássemos impostos de tudo que compramos e até pagamos impostos dos aparelhos que compramos (mesmo os que adquirimos pelo governo) – que dificulta o trafego e dificulta as pessoas com deficiência terem uma vida mais ou menos, “normal”. Os movimentos têm o papel de não só lutar pelos direitos das pessoas com deficiência, mas tem o papel de tirar essas pessoas de dentro de casa para o mundo lá fora. A questão das pessoas com deficiência vai mais além do que o capacitismo, porque a questão das pessoas com deficiência vai além do “direito”. Arrisco dizer que passa a ontologia (do grego onto que é homem e logos que é estudo), o estudo do ser que se transforma dentro do arquétipo (que vem do grego arké que quer dizer “principio”) que são a imagem que temos das coisas e para as pessoas com deficiência, o arquétipo da deficiência ao longo dos séculos, é um motivo muito plausível para se ter a duvida da capacidade.

Quando não tem transporte, aonde o movimento vai fazer esse tipo de trabalho? Se não houver transporte, como as entidades terão capacidade de tratamento? Se não houver transporte, como vamos estudar, como vamos ter lazer, como poderemos trabalhar? E ainda defendo que mesmo se houver um usuário na van, aquele usuário paga seus impostos, seus familiares paga seus impostos para cada van custar R$ 14.000 mil reais para a prefeitura. Usualmente, elas não saem de graça, elas não são caridade do poder público, custa muito para o contribuinte que tem que arcar com serviços públicos de má qualidade. Elevadores quebrados, pisos de dentro da van inadequados, entre muitas coisas, que saem de cada bolso de um suor obrigado, massacrado de não ter, muitas vezes, como sustentar sua família. Mas, é obrigado a sustentar o poder público e o dinheiro não volta, nem no transporte, nem na saúde (tratamentos nos postos de saúde das periferias não existem), nem mesmo na educação. Não precisamos ideias capacitistas de assistencialismo teletonianas, que alimentam mais a incapacidade da sociedade de nos ver como ser humano. Mas, precisamos de uma educação inclusiva, uma eliminação definitiva a ideia inata (arké platônico), de uma imagem inexistente de uma pessoa incapaz. Sem o transporte não podemos nos locomover (direito a ir e vir), não podemos ter saúde (direito a vida), não podemos ter educação (direito ao aprendizado) e também, acima de qualquer imagem, não temos nem como trabalhar naquilo que escolhemos (direito da livre escolha).

Espero, sinceramente, que o prefeito João Dória – acima de qualquer ideologia política partidária – arrume tudo isso, que até o momento, está gerando imensas confusões. Primeiro, que dez dias para marcar um evento é muito e gera confusão, por exemplo, mandei fichas para o dia 15, 19 e 26, e somos informados que as fichas não chegaram e não vamos poder ter o evento nesses dias. Segundo, nenhum técnico que faz a programação do horário do transporte regular, andou no trajeto que ele acha conhecer. 20 minutos de uma estada a outra a 50 km é até motivo de piada, porque sempre agora, eu chego atrasado na minha fisioterapia. Terceiro, a qualidade da maioria das vans é péssima, as molas de carreto as vans pulam muito, a qualidade é “podre” e nem uma carrocinha de cachorro poderia ser desse jeito.


Como diria o orador romano, Cicero, “até quando iremos aguentar isso?”. 

Filósofa é agredida em aeroporto

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Os surdos têm a sua vez



Enem 2017 - prova de redação (Foto: G1)



Por Amauri Nolasco Sanches Junior

Mesmo alguns colegas, por razões ideológicas ou praticas, fazerem duras críticas, o tema da redação do ENEM foi interessante. Mesmo o porquê, a questão da educação para surdos – esse politicamente correto ficar chamando de pessoa com deficiência auditiva é muito chato – não é debatida e tem muito a ver, não só os surdos, mas outras deficiências. Na ilustração está: “SOU SURDO E PÓS-GRADUADO EM MARKETING. E NA SUA EMPRESA, TEM ESPAÇO PARA MIM? ” e embaixo está escrito: “TRABALHO NÃO TOLERA PRECONCEITO, VALORIZE AS DIFERENÇAS”. É uma verdade e ninguém enxerga e ainda chama o ENEM de “comunista” por defender as minorias, trabalhando, para quem dirige as empresas não eticamente. Na verdade, bem educadamente, devo dizer que a grande maioria nem sabe o que é socialismo e comunismo.

Voltando ao tema do ENEM, já expliquei milhares de vezes que dentro da publicidade e do marketing há sim, uma grande gama de preconceito e desrespeito. Mas, se as pessoas não têm ética nem em coisas simples como as vagas de pessoas com deficiência – inclusive, uma mãe se machucou muito ao tirar a filha do carro, vejam aqui – quanto mais, contratarem pessoas com deficiência nas empresas? A ética tem a ver com o caráter, com o costume de uma sociedade, se uma pessoa está vendendo um trabalho – sim, senhores de engenho não existem mais – o empresário ético não está preocupado em seu estado físico e sim, sua total eficiência. A questão é como lhe dar com a diversidade, porque além do mais, o investimento pode voltar em dobro. O que é um investimento de adequação para surdos? Software até mesmo gratuitos, o mínimo de adequação, para de repente, ter uma eficiência mais eficaz do que uma pessoa que não tem uma deficiência. Pessoas sem deficiência estão preocupado com a sexta-feira, pessoas sem deficiência está preocupado em viajar, está preocupado com a saída da sexta-feira à noite e se encher de cerveja. As pessoas com deficiência podem sim fazer isso, mas de um jeito muito diferente, sem reclamar e muito mais, com vontade de trabalhar. Daí é um negócio meio platônico-espinoziano.

Platônico, porque o amor para o filósofo grego, é tudo aquilo que lhe falta. Para nós, pessoas com alguma deficiência, nos falta trabalho naquilo que gostamos e estudamos. Afinal, investimos nos estudos comprando livros, nossos pais levaram a escola, fizeram fichas para o transporte público, investiram em aparelhos como transplante coclear, cachorro guia, cadeira de rodas, aprendizado de libras, aprendizado de leitura de lábios, bengalas, muletas entre outras coisas, como aguentar a má-educação de entidades como a AACD. Sempre aquilo que nos falta é aquilo que nos traz prazer em fazer, traz uma oportunidade em mostrar nossa eficiência e vontade. Para sermos felizes, dizia Baruch Spinoza, que viveu no século dezessete, temos que potencializar a nossa vontade ao ponto de você fazer aquilo com muita paixão. Juntando aquilo que falta (oportunidade) e aquilo que lhe traz prazer (vontade, que para mim, é como ter tesão).


A redação do ENEM é um modo de provocar a discussão que a uns 30 anos estamos tentando começar ela – que começa com a lei de cotas de empreses para pessoas com deficiência – porque, a discussão é preciso e está muito além da ideologia de esquerda e direita. Está além da moral, porque a moral está relativa dos costumes, mas, essa discussão tem a ver com o próprio costume e caráter. A questão é a ética das empresas, a ética dos costumes, é modernizar o Brasil que só tem teias de aranha, e essas aranhas, são o preconceito. Parabéns MEC. 

Jornal norte-americano diz que Lula e Dilma enganaram o mundo