domingo, 25 de março de 2018

O que seria liberdade? Não é marca de chocolate







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Quando nós escolhemos ser escritores, ou filósofos, temos que ter uma certa liberdade para expressar as nossas ideias. Senão, as coisas não andam em qualquer texto, quanto mais, quando damos alguma notícia em sites especializados. A algum tempo venho escrevendo notícia para um site norte-americano e que tem um viés de popularização da noticia, trocando em miúdos, você escreve o que você leu na sua visão e no terceiro pessoa. O interessante, é que, nós não podemos expressar nenhuma das nossas opiniões sobre o que noticiamos. Acho que é valido, porque o site fica visado por aquela visão, mas, acho também, que o site começa a ter certos vícios que no nosso país contem. Fico lendo as outras notícias e fico achando que estou lendo sites de fofoca, ou blogs de notícia – muitas pessoas pensam até que o site na verdade é um blog – ou até mesmo, textão do Facebook que algumas pessoas gostam de postar.

Nada de errado ter regras, uma empresa te dará as ferramentas e você dará a força de trabalho. Assim é a base capitalista. O problema é quem avalia e “corrigi” os textos, que ao que parece, temos que desenhar. A última notícia recusada, eu noticiava a questão da desembargadora que agrediu gratuitamente, a professora com Síndrome de Down, Débora Seabra. O avaliador (que tem o nome junto ao meu de corretor mais quem corrigi sou eu), disse que o texto estava confuso e que não daria nem para corrigir os erros de português. Ok. Eu li e reli e não achei em nenhum momento um texto confuso, já que, não fiz um texto noticiando o caso, eu trouxe dentro do texto algo para dar o comentário, que nem posso escrever adjetivos. A muito tempo que venho sentindo que vários desses avaliadores nem corrigem, nem leem, porque se lessem, não estariam dizendo que eu estava escrevendo confusamente. Quando eu encontro esse tipo de frase ou parágrafos, eu corrijo. Claro, algumas coisas me escapam e vou encontrar lá na terceira leitura.

A questão que fica, além da questão gramatical, é a da liberdade. Liberdade é algo primordial para o ser humano exercer a sua vontade, e essa vontade, é o que faz exercer dentro de uma única escolha possível. Mas como exercer essa escolha? Tudo que dissermos é uma escolha. Tudo que escrevemos é uma escolha. Nem tudo que dizemos, podemos falar. Às vezes, ofendem, outras vezes, podem representar uma linha de raciocínio que podem tirar as pessoas da ilusão. Quando dissolvem as ilusões, dissolvem as “sombras” que se pensou ser verdade. Mas o que é a verdade? O que é a realidade e o que é a ilusão? Não sabemos. Mas podemos questionar tudo que nos é imposto, tudo que a nossa cultura nos impõem e não é questionado. Descartes, filósofo francês do século XVI, dizia que nos resta a dúvida e a nossa única certeza é a nossa própria existência. O “penso, logo existo”. Quando olhamos esse texto, podemos duvidar da sua existência, porém, não podemos duvidar de quem está lendo que sou eu. Mas, como saber que esse texto é uma ilusão? O que sentimos além de pensar?

Sentir e pensar é a consciência. A consciência é o sentir entre você e o objeto – o fenômeno da existência – enquanto, o objetivo e o subjetivo entre você e a realidade. Ou seja, quando você não consegue ler um texto, você está envolto em símbolos de conceitos e realidades que constroem nossos valores. Crenças. Essas crenças e valores, vão moldar a realidade e tudo que vimos e lemos. Não tem jeito. Somos animais que criamos símbolos e assim, somos animais simbólicos. Por que? Talvez, dentro da evolução, criamos nomes e termos para simbolizar a realidade, ou seja, quando dizemos “aquela pedra”, o termo “pedra” só é um nome para designar um acumulo de minerais que endurecem e se transformam, em objetos. Pedra não é um nome natural. E outra coisa, em outras línguas tem outros nomes, como em inglês “stone”, em francês “pierre”, em alemão “Stein” e por aí vai. Na verdade, pedra veio do grego “pétra” e daí veio para o latim como “petra” que é a entidade natural, rígida do reino mineral. Na essência, tudo não passa de um símbolo, não tem uma conotação essencial universal. Podemos chamar pedra aqui e em outro lugar do universo, pode chamar outro termo.

Imagine se não tivéssemos nenhuma linguagem – que já estão em pesquisa, que algumas espécies, tem sim linguagens rudes – haveria o ser humano ter promovido esse progresso todo? Como tecnólogo – além de filósofo e publicitário – a tecnologia como está, só chegou a esse ponto, graças a invenção de uma linguagem própria. Portanto, quando falamos de linguagem, estamos falando não só de letras, mas o fenômeno de darmos sempre, uma certa simbologia aquilo que queremos dizer. Se você não tem a mesma visão, você não vai entender. Aí entra um dos melhores argumentos de toda a filosofia, na minha visão: não há fatos eternos e tão pouco, verdades absolutas. O filósofo prussiano, Nietzsche, entre outras coisas, acertou nessa, quando elaborou essa frase e ele se baseou lá no filósofo pré-socrático, Heráclito. A base da filosofia heraclitiana, é que tudo vai fluir e quando tudo flui, não entramos na mesma água duas vezes num mesmo rio.

Tanto Heráclito, quanto Nietzsche, vão dizer que o tempo muda com as circunstancias vão sendo escolhidas – no caso de Heráclito, não tinha essa ideia de tempo e que tudo pode mudar, mas, não temos escolhas. O que o filósofo argumenta, é que o tempo muda conforme o pressuposto dos fatos – e os fatos não podem mudar o ser, o ser é único e exige uma personalidade. Segundo Nietzsche, somos únicos em sentir e não em só, pensar. O que seria a liberdade? O “instinto” da vida. Duas coisas que Nietzsche dizia era o amor fati (amor ao destino), também, o Eterno Retorno. O Amor Fati, era aceitar o fato como ele é realmente, não no sentido de aceitação, mas no sentido de não chorar por aquilo que não pode ser mudado. Você pode evoluir e ser acima daquilo e esquecemos tudo que aconteceu. Para Nietzsche, não existe o amanhã, mas o hoje é a vida sendo vivida na sua plenitude. O Eterno Retorno é imaginar que há muitas criações em tempos eternizados. Se houve vários começos da humanidade? Isso não é novidade dentro da filosofia. Se, realmente, a humanidade como conhecemos, tivemos vários começos?

Mas, o que isto tem a ver com a liberdade? O princípio da Liberdade de Expressão é a linguagem, sem ela, não haveria um progresso da humanidade e muito menos, esse texto. A filosofia como o começo racional das mitologias – a filosofia vai tratar de outras maneiras os símbolos dentro dos mitos – começou graças a linguagem como símbolo mor da comunicação. Mas, eu não concordo com o iluminismo que a mitologia é uma parte da religião, pois, a mitologia é muito mais do que a religião, ela não religa a nada. A simbologia dos deuses antigos tinha a ver com a natureza do ser humano e do planeta, não tinha nada fora do planeta e era, de certa forma, um meio de indagar sim a nossa origem. De onde viemos? Da Terra? Era uma visão bastante rudimentar, mas, era uma visão ancestral bastante compreensível. A filosofia deu o rumo a vários estudos dentro dos símbolos, dentro das mitologias, dentro da natureza de um modo geral. A linguagem como modo de expressar desses estudos, são bem-vindos como modo de ver a essência da realidade. Entramos no “conhecer a ti mesmo” socrático, porque conhecendo a si mesmo, a realidade se mostra sozinha.

Se sei da minha capacidade da escrita eu não vou errar, porque sei da minha responsabilidade. Se estou confuso diante do texto e não me faço entender, o problema é da lógica e estarei prejudicando a mim e ao veículo que está meu texto. Minha liberdade tem certa restrição de respeito ao outro. Você só percebe isso deixando o falso ego e aquilo que chamamos de orgulho de aparecer, de admitir seus erros. A liberdade tem que ser plena no meio jornalístico, e, não tem o que discutir.

Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News

quarta-feira, 21 de março de 2018

Por que não casal de cadeirantes?







Umas das coisas que sempre leio em grupos de pessoas com deficiência desde o Orkut, é que “cadeirante basta eu”. Como conheço bastante vários casais de cadeirantes e tenho uma experiência de namorar uma cadeirante – que amo muito – resolvi fazer uma reflexão muito importante. Para começar, sim, você dizer que “cadeirante basta eu” é uma frase de extremo preconceito. Todo pré-conceito, é uma análise sem o critério dos fatos decorridos dentro dos fatos que são, pois, você não vê no seu convívio casais cadeirantes, não quer dizer que não existam e não quer dizer que eles têm ou não dificuldades. Um namoro ou casamento, não é uma união de conveniência e sim, uma união afetiva e de escolha. Temos casais de todo tipo e de todas as conotações dentro do segmento – até mesmo relacionamentos homossexuais – que seguem esse critério e o que eu observo, que muitos não se aceitam.

Duas coisas podem constar que as pessoas não se aceitam é elas dizerem “cadeirante basta eu” e a famosa pergunta, “você namoraria uma pessoa com deficiência? ”. Um cadeirante dizer que um cadeirante no relacionamento já basta, mostra que o cara quer status quo ou uma espécie de enfermeira. Como disse, um relacionamento não é uma iniciativa de conveniência e sim, uma iniciativa de afetividade de escolha de ficar ou não ao lado de uma pessoa. Não é só uma iniciativa de uma só pessoa, mas de duas pessoas que se amam. Portanto, não acho que as pessoas tenham que se limitar em ficar achando que um relacionamento só é feito de sexo, ou só de sentimento, mas, deve haver um equilíbrio (já escrevi sobre a campanha “eu também fodo”).

Não acho que isso tenha a ver com o gênero, apesar que um homem andante tem muito mais chance de casar com uma cadeirante do que ao contrário. Por que? Porque vivemos num país bastante machista (podem os machinhos alfas me xingar que estou pouco ligando), onde o homem ainda tem que pagar, o homem tem que bancar e o homem tem que ser o “macho” do relacionamento. A mulher, quando é educada dessa forma, se acha insegura em ter um marido cadeirante que não poderia garantir uma vida, relativamente, normal entre um casal andante. E como vivemos num país ignorante no sentido de ter uma escola de verdade, ou de serem “analfabetos funcionais”, há ainda muita discriminação quanto ao homem cadeirante. Ao apresentar a família sempre recai a mulher a questão: “o que ele pode te oferecer? ”. “Como ele vai trabalhar e te dar o que você precisa? ”. Isso deixa bastante pressão as pessoas que tomam a decisão de ter um relacionamento como esse. Daí, em milhares de casos, a pessoa prefere não ter esse tipo de pressão e escolhe uma pessoa mais fácil de ser aceita.

Por outro lado, existem pessoas corajosas que aceitam tudo por um amor verdadeiro e casam com um cadeirante e muitas vezes, dão muito certo. Sei de cadeirantes que se casam e vivem muito bem. Sei de casais com síndrome de down. Os casais que tenho conhecimento vai aos milhares. Que tiveram coragem o bastante para superar muitas dificuldades e muitos preconceitos sociais. O que acontece é que essa coragem não é seguida e não é uma visão geral, afinal, qual a “vantagem” de enfrentar essa empreitada sozinho? Uma das características do nosso povo é não gostar de ser rejeitado, das pessoas olharem com cara feia para ele, porque somos um povo que carrega uma cultura. Por isso mesmo, psicólogos podem comprovar, que o “politicamente correto” pegou por aqui, porque todo mundo não gosta de ser rejeitado e a rejeição dói.

Ora, acontece que no mesmo modo que uma andante ou uma andante, rejeita um cadeirante por ser cadeirante por causa dessas pressões dói, o mesmo podemos dizer, que a frase “cadeirante já basta eu” pode doer para outra pessoa. Pode ser que uma cadeirante esteja afim de um relacionamento e é rejeitada por ser cadeirante, no mesmo modo, pode ser o inverso. Eu sei que vão dizer “ninguém é obrigado” e, claro, ninguém é obrigado de nada. Mas eu tenho comigo uma coisa que sempre minha mãe dizia: “não faça com os outros o que não gostaria que os outros fizessem com você”, acho eu, uma regra de ouro.

Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News

segunda-feira, 19 de março de 2018

MATRIX dos HIPÓCRISTAS




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O canal Hipócritas do YouTube, tem ideias muito boas e até concordo com alguns posicionamentos do canal, mas o ultimo vídeo, usando o filme Matrix não concordo. Porque não acho que a verdadeira realidade está com a direita (dita conservadora), e muito menos, num documentário revisionista que fomenta alguns dos preconceitos que o mundo tenta sempre eliminar. Para “sair da Matrix” não importa o lado, importa o posicionamento de onde você se encontra na Matrix e a ideia de uma realidade que não é realidade, vimos dentro da filosofia platônica. Na verdade, quando assistimos o primeiro filme da trilogia, podemos dizer, que se trata além da Alegoria da Caverna, tem também quase todo livro A Republica de Platão.

Com a figura do seu mestre Sócrates – mais seus amigos e até seu irmão – Platão expõem em forma de diálogo com o que ele pensava sobre a justiça. Para isso, ele começa a idealizar uma “politéia” ou Estado, que fizesse jus ao que seria uma justiça imparcial e sem pesar para nenhum lado. Então, ele expõe a ideia de seres humanos presos em uma caverna porque o ser humano se fecha em “bolhas conceituais”, que só enxergam aquilo que permitem enxergar.  Para o filósofo, não só existem uma realidade além daquilo que estamos vendo, mas, são poucos que quebram a corrente das amarras sociais e se aventuram a pensar além da sua realidade. Portanto, a realidade não é algo concreto e não pode ser algo de absoluto, porque acabamos vendo meras ilusões. A noção que temos de justiça, de política, de religião ou do que valorizamos como realidade única – até mesmo valores tradicionais que não são contestados e nem posto numa peneira para saber se faz mesmo o bem – são apenas meras sombras de uma vida ilusória e pobre.

Quando vimos o filme nós observamos que a ideia do programa neuro-implantado não é uma realidade só de um lado, mas de todos os lados. O próprio Platão faz uma dura crítica à política e a condenação do seu mestre, que evidentemente, teve conotações políticas. No próprio filme, podemos observar um menino monge budista que está tentado controlar a natureza da realidade de uma colher e diz para Neo, que, na verdade, a realidade a colher não existe. Ou seja, a natureza das coisas pode ser mudada conforme a maneira que olhamos para elas (física quântica?). O próprio Buda dizia que a realidade que estamos acostumados a verdade, não existe e tudo não passa de mera ilusão (maya) e tudo depende da maneira que você enxerga o mundo. Por isso, seu maior ensinamento, é largarmos o nosso ego e ver além dessa realidade. Que pode gerar uma certa confusão aí. O ego freudiano, é a construção de uma personalidade e é o que o indivíduo é e controla tanto o id como o superego.  O que Buda disse do ego – de alguma maneira, Jesus disse quando nos ensinou a dar a outra face – é o nosso falso eu que são mascaras sociais dentro de uma especifica cultura. Nada é permanente, tudo é transitório. De alguma maneira, Heráclito, Platão e entre outros, vão dizer a mesma coisa, que a realidade não pode ser permanente e não pode considerada absoluta.

Feita algumas considerações do filme – uma análise mais profunda daria um livro todo só o primeiro filme – podemos ver que “sair da Matrix” (realidade construída do falso ego), não basta pensar diferente, existe uma desconstrução de tudo que você construiu como conceito e como verdade absoluta. Essa verdade absoluta está inserida também, a moral que tanto a direita prega e quanto os “conservadores” gostam. Por que o documentário Brasil Paralelo é conservador? Tudo que pressupõe mudança, não importando ser filosofia vinda do marxismo ou não, é um movimento de esquerda. Se é revisionista, é de esquerda. E também, em nenhum momento desse documentário podemos dizer, existe algo de diferente com que várias teorias dizem ao longo dos meus anos de internet. O documentário não diz que muitos dos progressos que o Brasil tinha como importante, não foram feitos – principalmente, no reinado de Dom Pedro II – por causa de intrigas religiosas. Como um documentário revisionista que visa defender a monarquia pode nos tirar da Matrix? Como um filósofo que defende uma religião pode nos tirar de uma Matrix?

Eu não vejo a imagem do poder da Matrix como só da política. Para “sair” da Matrix, temos que ter em mente, que temos nos transcender daquilo que temos como verdade. Matriz são as vísceras na qual são desenvolvidos os fetos e o embrião entre os mamíferos, ou seja, o útero. Toda a matriz e onde alguma coisa é gerada, seja animais mamíferos, seja empresas, que é onde tudo pode ser criado. Para “sair da Matrix”, temos que nascer, perceber uma outra realidade dentro de um mundo além da matriz, nosso lugar confortável. No próprio filme, mostra esse lugar confortável para não se saber, que a sua energia está sendo utilizada para alimentar as maquinas. Platão coloca isso dentro de uma caverna, onde sombras são criadas por aqueles que administram essa caverna. O filósofo francês Michel Foucault usou essa imagem, muito provável, e elaborou a teoria do discurso que se comprova com a redes sociais. Criamos matrizes conceituais para defender aquilo que acreditamos, aquilo que nos é simpático graças a crenças que alimentam nossos valores.

A pílula azul e a pílula vermelha não querem dizer algo ideológico, isso vai bem mais além do que uma suposta ideia de “marxismo cultural” e até mesmo, um “olavismo cultural” (que vem do filósofo Olavo de Carvalho). A pílula azul representa a liberdade, o nascer para o mundo real no qual existe fora da Matrix. Já a pílula vermelha, quer dizer a ditadura, a imposição e o consentimento do mundo da Matrix. O mundo de Matrix, é o mundo simbólico do conceito prisioneiro de uma só questão. A direita é conservadora por natureza (que não se pode mudar essas instituições), então, há uma questão importante: se essas instituições estão corrompidas, as morais distorcidas e a ideia espiritual é deturbada para um bem somente daquele que detém o poder, pode ser conservada? Se sim, acho, que se deve analisar qual a questão que queremos conservar no Brasil, se uma direita que não deu certo (até houve duas ditaduras), ou uma esquerda que não deu certo no mundo inteiro e existe mais uma questão. Esse conservadorismo que eu expus, é o conservadorismo político, que não tem nada a ver com o conservadorismo moral. Aliás, conservar tudo que está aí, também transforma numa forma cultural, em empobrecimento da cultura o funk.  

Vamos começar com a família (vamos tentar ter o caminho fora da Matrix). A família não é uma instituição e sim, uma escolha afetiva de construir vínculos um ao outro e isso tem a ver com uma questão até espiritual. Isso não quer dizer que existe perfeição, quando uma das partes se sente enganada, se sente deslocada e até rejeitada pelo outro – vários seres humanos que praticam a traição como forma de ter um status quo social – existe o divórcio. Não acho incompatibilidade de gênio é um bom argumento, pois, existe o período do namoro para ver isso. Também existem família homossexuais e heterossexuais, que muita gente confunde com casal. Famílias são uma coisa, casais são outra coisa. Quando começamos a colocar as questões em dúvida (entramos em Descartes e no duvido), podemos dizer que estamos saindo da Matrix. Quando o indivíduo começa a se colocar como um ser existente e as outras coisas podem ser duvidadas, então, sim, você está saindo do mundo da Matrix.

Sair da Matrix é muito mais do que uma pauta revisionista, mas, defender uma pauta onde tudo e todos devem realmente ser questionados.

Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News


Assistam o video:

MATRIX vs. BRASIL PARALELO

quarta-feira, 14 de março de 2018

Cientista e cosmólogo – morre Stephen Hawking




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O reconhecido e polemico cosmólogo, Stephen Hawking, morre nesta quarta-feira (14), ais seus 76 anos de idade. A morte do cientista foi anunciada pela família do físico britânico. Os filhos de Hawking deram o comunicado dizendo: “Estamos profundamente tristes porque nosso querido pai faleceu hoje” pela agencia britânica Press Association.

Stephen Hawking nasceu no dia 8 de janeiro de 1942 em Orford, na Inglaterra, curiosamente, 300 anos após a morte do cientista Galileu Galilei. Quando completou 8 anos de idade, se mudou para St Albans, que é uma cidade inglesa localizada 30km de Londres. Uns dos mais conhecidos cientistas da atualidade e do mundo – ficando atrás, talvez, de Carl Sagan e Newton – estudou na University College, de Orford, que também foi a universidade que estudou seu pai.

Na verdade, Hawking queria estudar matemática, enquanto sua família o queria como estudante de medicina. Como matemática não estava disponível na grade da universidade, ele acabou escolhendo física e se formou em 1962. No terceiro ano formado, o físico recebeu a primeira premiação na classe de licenciatura em Ciências Naturais e ao longo de sua carreira, foram 15 medalhas e prêmios. Ele saiu de Orford e foi para Cambridge fazer uma pesquisa na área de cosmologia, já que não havia essa área na universidade onde estudava.

Hoje, é doutor em cosmologia. Foi professor de matemática na Universidade de Cambridge, onde era professor lucasiano emérito – o mesmo cargo de cientistas como Charles Babbage, Isaac Newton e Paul Dirac – ele era diretor também do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica da mesma universidade. A principal área de especialidade de Hawking, era cosmologia e gravidade quântica.

Escreveu 14 livros e os mais populares são “O Universo em uma Casca de Noz” e “Uma Breve História do Tempo” (eu li e recomendo). Em 2014, sua história de vida foi retratada no filme “A teoria de Tudo", que venceu um Oscar.

Referencia:

Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News




Esse vide eu fiz no ano passado para comentar o livro que estava lendo sobre a mente de Stephen Hawking


segunda-feira, 12 de março de 2018

Por que não se acredita no amor?




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Pior do que a pergunta: “você namoraria uma pessoa com deficiência? ” é as pessoas não acreditarem no amor, porque sofreram várias coisas na sua tenra infância, ou, seus relacionamentos não foram como o seu ideário, se formou. O problema da sociedade pós-moderna foi a imagem hollywoodiana do amor, com jantares, com velas, com flores e um ar de família Doriana (de margarina), pois não é. Muito menos nas camadas muito mais pobres da nossa sociedade contemporânea. A geração Nutella, cresceu achando que seu mundo poderia ser um mundo lindo, um mundo mais ou menos, como o “Fantástico Mundo de Booby”. Depois que o Merthiolate parou de arder, a coisa começou a declinar para a geração de pessoas que não podem ficar frustradas.

A título de exemplo, vamos imaginar uma pessoa que tem uma família muito pouco estruturada, um pai que não sabe cuidar de si mesmo, tem um monte de traumas e transferi esses traumas para seus filhos. Essa pessoa vive na pobreza, é discriminada por alguma coisa que carrega na sua natureza (como etnia, deficiência e etc), sua aparecia é estranhada pela maioria, ainda frequenta uma religião que acha que por seguir Jesus, fara a cura de sua aparência. Agora imagine que essa pessoa conhece uma pessoa no qual se apaixona, ela foi criada numa religião que não pode assistir TV, não pode brincar de certas brincadeiras, ainda, não foi curada da sua aparência, porque essa mesma religião, diz que ela tem pouca fé. Essa paixão não chega nela, ou na melhor das hipóteses, chega para tirar uma onda da cara dela (o bullyng é uma cultura brasileira desde o império português), mas não chega, não falou por causa da sua cor, da sua deficiência ou por outros motivos e a coisa passa batido. Você já foi trucidado por uma religião que diz que você não se curou por causa da sua pouca fé, você já foi trucidado moralmente por um pai que desconta os seus traumas nos filhos, você acha que mundo é uma “merda” e quer que ele se exploda, ainda, sua paixão não se declara para você. Tá ok. Esse é um ótimo motivo para não acreditar no amor.

Agora imagina você conhecer uma pessoa, essa pessoa fica com você e com outras pessoas ao mesmo tempo, como seu próprio pai fez com a sua mãe, ele simplesmente, acha que você é mais uma pessoa do seu cardápio (sim, existem pessoas assim). Você fica quatro ou cinco anos com essa pessoa, você acha que o mundo é assim, as pessoas brincam com os sentimentos das outras. Daí você conhece um carinha legal, que dará amor, dará carinho e tem boa índole, uma boa cabeça e sabe muitas coisas. Mas ele não arranja um emprego (para o mundo pós-moderno, esse tipo de sujeito é um “merda” total e é um pecador), não consegue empregos freelances, não compram os seus livros e não acham que ele tem uma opinião boa. Mas, ele está pouco se fodendo. Ele sabe que não sabe e os outros que pensam saber não sabem, mas, a pessoa já modelou toda a sua frustração nele e ainda deixa muito claro que não acredita no amor. Daí tudo que você passou é culpa dele. Mesmo ele não tendo mais ninguém, e essa pessoa imagina que ele tem outras pessoas. Mesmo ele tendo se dedicado quase a sua vida a você, ainda projeta o que aconteceu na sua vida a essa pessoa.

Num mundo pós-moderno, que projeta toda a dimensão do amor a algo limpinho, perfeito com pessoas bonitas, com pessoas perfeitas que nem sequer, tem uma celulite ou dentes amarelos, isso é muito mais comum. Você não sabe amar verdadeiramente e viver esse amor com todo seu esplendor e seu sossego, você projeta o ideário que viu em algum filme. Isso acontece porque não sabemos – pela educação que tivemos – a separar o mito daquilo que a vida é realmente, porque fazemos de nós, seres em um sonho a parte. Não. Existem as transas. Existem pessoas que são sem-vergonha. Existem pessoas sinceras. Existem pessoas que são religiosas. Existem pessoas ateias e acreditem, existem pessoas que dão a sua vida a ciência. Existem pessoas que fazem do seu mundo, uma verdade absoluta e as verdades não são absolutas. Sua religião, por exemplo, é mais uma interpretação de um livro sagrado dentro do que se acredita ser o Eterno. Sua ideologia política, só é mais uma interpretação a milhares de interpretações politicas ideológicas, que existem no mundo. São interpretações, são verdades que podem mudar. Não é uma verdade absoluta.

Não podemos tomar banho na mesma água, não podemos ter os mesmos conceitos toda a vida, não podemos amar como você imaginou. Porque não somos o que você quer, somos o que desejamos ser e isso não vai mudar. Nem se você disser que não acredita no amor. E isso nada tem a ver com a deficiência ou a cor de pele, até mesmo, sua opção sexual. Isso tem a ver com que você faz com seus conceitos. Se você desacredita por causa dos outros, você é moldado graças aos outros, se você é moldado pelos outros, você não tem personalidade. Deixar de acreditar no amor. Deixar de acreditar em qualquer coisa, porque as pessoas te fizeram mal, sinto muito, as coisas são confusas dentro de você. Conhecer a você mesmo é a resposta.


Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News

sábado, 10 de março de 2018

Pessoa com deficiência ou deficiente?




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Acho que estamos indo em um caminho que está sendo errado. Nós, pessoas com alguma deficiência, estamos trilhando. Primeiro lugar: vamos nos posicionar em uma coisa, pois, acho que o seguimento não está muito sabendo o que fazer com as abordagens que se deve fazer. Segundo há um erro conceitual com a nomenclatura decorrente segundo a maioria prega, como eu não sigo a maioria, eu posso usar tanto como pessoa com deficiência como deficiente. Não me sinto desconfortável. Por que não me sinto desconfortável? Porque se olharmos a etimológica da palavra, vamos ver que tanto deficiência como deficiente, vêm da mesma origem latina “deficiens”. Na verdade, existia o verbo “deficiere” que tinha o significado “desertar, se revoltar, falhar” e tem a junção DE “fora” mais FACERE “fazer, realizar”. Isso está, aliás, no meu livro “O CLUBE DAS RODAS DEAÇO: TRATADO SOBRE O CAPACITISMO”.

Vamos lá. Qual o objetivo da inclusão? Há uma grande lacuna quando lemos notícias como “DIRETORA NEGA AGRESSÃO A UM GAROTO COM DEFICIÊNCIA MENTAL” e a notícia “PARQUE AQUÁTICO TOTALMENTE ACESSÍVEL PARA PESSOAS COMDEFICIÊNCIA É INAUGURADO NO TEXAS”, porque há um nível educacional muito longe do ideal em nosso país e muito mais, bem feito, nos países desenvolvidos como EUA. Claro, que devemos achar soluções dentro da nossa realidade que vivemos, porque, a cultura norte-americano foi construída dentro do pragmatismo, ou seja, eles são muito mais práticos. O que é melhor, fazer ou ouvir o povo reclamar? Fazer ou não ter turistas para arrecadar mais dinheiro e fazer a economia girar? Pensamos. Um país inclusivo pode receber turistas com deficiência, assim, gerar mais recursos para nosso próprio país. No mesmo modo, um povo feliz é um povo tranquilo, que tem uma vida mais estável, mais segura e não vai tanto, causar problemas. Não criando problemas geram mais PIB, e gerando mais PIB, geram mais recursos para a indústria e gerando mais recursos para as indústrias, geram mais empregos. Isso não quer dizer que o empresário ficara mais rico e o trabalhador ficara mais pobre, porque isso gerara mais emprego e gerando mais empregos, a economia sobe. Mas, me parece que o capitalismo está em crise pelo mesmo “monstro” que o próprio capitalismo criou, a globalização. A internet criou novas mídias. As informações não são mais manipuladas, não estão em uma “mão” apenas. Então, em muitas “mãos”.

Quando empresários norte-americanos investem em parques temáticos com adaptações para cadeirantes – parece que até a Disney passou por uma reforma dessas – eles viram que as pessoas com deficiência podem ser um público consumidor. Pensamos. Podemos ser cadeirantes – estou dizendo cadeirante por causa que vivo num mundo cadeirante, mas, estendemos para outras deficiências – mas podemos querer se divertir, querer estudar, querer trabalhar ou sair nas ruas para ir numa miséria, padaria comer um sonho. Os Estados Unidos da América viram que a inclusão pode ser beneficiaria a economia, beneficiaria aos modos de produção e beneficiaria dentro do turismo econômico. Ponto. O resto é analise ignorante de gente que não sabe nem o que está falando. E isso se estende aos países europeus e até o Japão.

Isso não quer dizer que “amo” os Estados Unidos, eu tenho minhas críticas sim, mas, assim como eles, outros países aprenderam a lição que povo infeliz, país desgovernado. Elegem “salvadores da pátria” que destroem tudo, economia, estrutura e o que é pior, destroem até mesmo, a dignidade humana. O nazismo, o fascismo, o comunismo soviético são provas disso. O ser humano, por mais que muitos pensadores digam, não são um bando de gado que fica quieto sabendo que vai se ferrar no final, temos consciência que precisamos no mínimo de dignidade humana para viver. Ai que erra alguns setores do segmento das pessoas com deficiência aqui do Brasil.

Muitas pessoas com deficiência o são após terem tido algum trauma durante a vida, porém, a grande maioria nasceu assim. Deveriam ter uma cadeira de rodas decente, mas, as mesmas cadeiras de rodas ou outros aparelhos, não podem ser de qualidade, porque são caros. Qual é a prioridade, termos condição de ter um carro ou de ter uma cadeira de rodas mais barata? Depois, as crianças devem ser alimentadas e terem um tratamento decente, muitos pais não têm condição de pagar um tratamento e poucas instituições ter a seriedade necessária para tal (a que faz a campanha maior do nosso país, não tem essa seriedade). Os tratamentos são começados muito tarde, tão tarde, que eles nem surte efeito esperado (se surte algum). Começa, haver dificuldades dentro da sociedade de adaptação, a má educação faz que a sociedade nos veja como sinônimos de santos, assexuados, coitados, sem a menor vontade de lutar por uma vida mais digna, porque não podemos ter essa vida digna. Outro dia li que um cadeirante caiu e o motorista não pode ajudá-lo, porque os passageiros não puderam compreender a situação. Por que? Não se tem uma educação de verdade e não acham que podemos e temos o direito de sair.

Depois a criança deve ter uma escola para estudar. As escolas públicas são pagas por TODA a sociedade, inclusive, uma escola pública também é sustentada pelos parentes e os pais da criança com deficiência. Deve ter a adaptação física e se deve ter o treinamento necessário para os professores e profissionais das escolas, e claro, DEVE ser obrigatório. E ainda sou mais radical, se deve ter esse tipo de conduta ensinada, nas universidades. Mas, claro, quem tem a boa vontade sempre corre atrás de ser um bom professor. Porque, também, acho que fizeram uma grade escolar muito intensa e de pouca eficiência (como tudo no Brasil), onde a quantidade vale mais do que a qualidade. Isso atrapalha, em partes, com a socialização das salas de aulas e não fazem o papel social. Isso nada tem a ver com ideologias, isso tem a ver com inclusões das minorias e essa inclusão, faz parte de um plano de uma sociedade justa (sim, sou socrático platônico nesse aspecto).

Depois fizeram a “esperteza” de fazer cotas em empresas e não em universidades para pessoas com deficiência, o que gerou a desculpa de não temos qualificação. Nem sou muito a favor de cotas para universidade, mas, já que as maiorias queriam cotas, que pelo menos, se qualificassem. Acontece que o segmento das pessoas com deficiência, sempre foi meio perdido, porque não sabem o que priorizar. A luta pela inclusão não pode ser uma luta de maneira desordenada, mas, tem que ter uma certa ordem de prioridades que o próprio segmento de PCDs, não respeita.

Por fim, eu acho que existem coisas muito mais priorizadas do que as nomenclaturas como se devem ser chamadas as pessoas com deficiência ou deficiente. Claro que num ponto muito mais esdrúxulos, a questão de nomenclatura é importante, como no caso de pessoas com de necessidades especiais, que por ventura, faz a imagem de pessoas especiais. Não somos especiais. Somos seres humanos que queremos viver o que todo ser humano vive, todo ser humano deseja, todo ser humano sente. Fazemos até filho (podem acreditar), e o mais importante, somos membros de uma sociedade e sim, estamos no século XXI e as questões que nos sãos colocados no nosso estereotipo, são questões já abandonadas a muitas décadas lá fora. Portanto, mude seu paradigma, você consegue.


Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News