segunda-feira, 12 de março de 2018

Por que não se acredita no amor?




Resultado de imagem para não acreditar no amor





Pior do que a pergunta: “você namoraria uma pessoa com deficiência? ” é as pessoas não acreditarem no amor, porque sofreram várias coisas na sua tenra infância, ou, seus relacionamentos não foram como o seu ideário, se formou. O problema da sociedade pós-moderna foi a imagem hollywoodiana do amor, com jantares, com velas, com flores e um ar de família Doriana (de margarina), pois não é. Muito menos nas camadas muito mais pobres da nossa sociedade contemporânea. A geração Nutella, cresceu achando que seu mundo poderia ser um mundo lindo, um mundo mais ou menos, como o “Fantástico Mundo de Booby”. Depois que o Merthiolate parou de arder, a coisa começou a declinar para a geração de pessoas que não podem ficar frustradas.

A título de exemplo, vamos imaginar uma pessoa que tem uma família muito pouco estruturada, um pai que não sabe cuidar de si mesmo, tem um monte de traumas e transferi esses traumas para seus filhos. Essa pessoa vive na pobreza, é discriminada por alguma coisa que carrega na sua natureza (como etnia, deficiência e etc), sua aparecia é estranhada pela maioria, ainda frequenta uma religião que acha que por seguir Jesus, fara a cura de sua aparência. Agora imagine que essa pessoa conhece uma pessoa no qual se apaixona, ela foi criada numa religião que não pode assistir TV, não pode brincar de certas brincadeiras, ainda, não foi curada da sua aparência, porque essa mesma religião, diz que ela tem pouca fé. Essa paixão não chega nela, ou na melhor das hipóteses, chega para tirar uma onda da cara dela (o bullyng é uma cultura brasileira desde o império português), mas não chega, não falou por causa da sua cor, da sua deficiência ou por outros motivos e a coisa passa batido. Você já foi trucidado por uma religião que diz que você não se curou por causa da sua pouca fé, você já foi trucidado moralmente por um pai que desconta os seus traumas nos filhos, você acha que mundo é uma “merda” e quer que ele se exploda, ainda, sua paixão não se declara para você. Tá ok. Esse é um ótimo motivo para não acreditar no amor.

Agora imagina você conhecer uma pessoa, essa pessoa fica com você e com outras pessoas ao mesmo tempo, como seu próprio pai fez com a sua mãe, ele simplesmente, acha que você é mais uma pessoa do seu cardápio (sim, existem pessoas assim). Você fica quatro ou cinco anos com essa pessoa, você acha que o mundo é assim, as pessoas brincam com os sentimentos das outras. Daí você conhece um carinha legal, que dará amor, dará carinho e tem boa índole, uma boa cabeça e sabe muitas coisas. Mas ele não arranja um emprego (para o mundo pós-moderno, esse tipo de sujeito é um “merda” total e é um pecador), não consegue empregos freelances, não compram os seus livros e não acham que ele tem uma opinião boa. Mas, ele está pouco se fodendo. Ele sabe que não sabe e os outros que pensam saber não sabem, mas, a pessoa já modelou toda a sua frustração nele e ainda deixa muito claro que não acredita no amor. Daí tudo que você passou é culpa dele. Mesmo ele não tendo mais ninguém, e essa pessoa imagina que ele tem outras pessoas. Mesmo ele tendo se dedicado quase a sua vida a você, ainda projeta o que aconteceu na sua vida a essa pessoa.

Num mundo pós-moderno, que projeta toda a dimensão do amor a algo limpinho, perfeito com pessoas bonitas, com pessoas perfeitas que nem sequer, tem uma celulite ou dentes amarelos, isso é muito mais comum. Você não sabe amar verdadeiramente e viver esse amor com todo seu esplendor e seu sossego, você projeta o ideário que viu em algum filme. Isso acontece porque não sabemos – pela educação que tivemos – a separar o mito daquilo que a vida é realmente, porque fazemos de nós, seres em um sonho a parte. Não. Existem as transas. Existem pessoas que são sem-vergonha. Existem pessoas sinceras. Existem pessoas que são religiosas. Existem pessoas ateias e acreditem, existem pessoas que dão a sua vida a ciência. Existem pessoas que fazem do seu mundo, uma verdade absoluta e as verdades não são absolutas. Sua religião, por exemplo, é mais uma interpretação de um livro sagrado dentro do que se acredita ser o Eterno. Sua ideologia política, só é mais uma interpretação a milhares de interpretações politicas ideológicas, que existem no mundo. São interpretações, são verdades que podem mudar. Não é uma verdade absoluta.

Não podemos tomar banho na mesma água, não podemos ter os mesmos conceitos toda a vida, não podemos amar como você imaginou. Porque não somos o que você quer, somos o que desejamos ser e isso não vai mudar. Nem se você disser que não acredita no amor. E isso nada tem a ver com a deficiência ou a cor de pele, até mesmo, sua opção sexual. Isso tem a ver com que você faz com seus conceitos. Se você desacredita por causa dos outros, você é moldado graças aos outros, se você é moldado pelos outros, você não tem personalidade. Deixar de acreditar no amor. Deixar de acreditar em qualquer coisa, porque as pessoas te fizeram mal, sinto muito, as coisas são confusas dentro de você. Conhecer a você mesmo é a resposta.


Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News

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